Sexta-feira, Agosto 08, 2008
Alerta Total
Fiel à linha revanchista e radicalóide, o tenente R/2 de Artilharia do EB Tarso Genro classificou ontem como "normais" e "democráticas" as críticas e acusações feitas pelo general da reserva Gilberto Figueiredo, presidente do Clube Militar, sobre a punição a torturadores, militares ou não, durante o período da ditadura militar por meio de uma revisão da anistia.
Tarso negou que haja "tensão interna" no governo por causa dessa discussão e também que tenha defendido a revisão da Lei da Anistia, garantindo que sustenta a tese, que consta em "tratados do Direito Internacional de todos os povos civilizados", de que a tortura não é considerada crime político.
“Nós estamos em um estado democrático de direito. Nada impede que um general da reserva emita sua opinião, discuta questões jurídicas, questões políticas. Essa questão jurídica é uma questão importante que o Poder Judiciário já está examinando. Então, isso aí não significa absolutamente nada de anormal nas relações entre o governo e a sociedade”.
Tarso participou ontem à tarde do lançamento da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Cara de pau
A discussão sobre a revisão da Lei da Anistia veio à tona depois que Tarso e o ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, defenderam em uma audiência pública sobre a anistia punições a torturadores.
Os dois interpretaram que os militares teriam praticado crimes comuns no período da ditadura militar, como estupros, homicídios e outros tipos de violência física e psicológica, incluindo a própria tortura.
Mas Tarso, na maior cara de pau, alega qnão defendeu a revogação da anistia:
“Não se de onde surgiu essa história (de revisão da lei). Desafio vocês (jornalistas) a pegarem a gravação da manifestação que fiz naquela audiência pública e acharem alguma frase direta ou indireta, onde alguém do governo tenha sustentado a revisão da Lei de Anistia. O que nós sustentamos, como conceito, em uma audiência pública onde se discutia as questões de anistia, é que os tratados do Direito Internacional de todos os povos civilizados não consideram tortura como crime político. E até agora ninguém contestou essa afirmação. Por isso digo que o debate comigo está interditado, porque a manifestação que foi feita lá, em cima desses tratados internacionais, dessas convenções, do Tratado de Roma, de convenções sobre tortura, que dizem que não é crime político. Até agora ninguém disse que tortura é crime político. Ou já disse?”.
Fichinha
No seminário de ontem no Clube Militar, o General da reserva Sérgio Augusto Coutinho apresentou a ficha política e pessoal de Tarso e Vanucchi.
O General ponderou que não poderia classificar o ministro da Justiça de terrorista, embora este tenha participado da "ala vermelha do PCB".
Coutinho lembrou que Tarso depôs duas vezes no Dops.
Já sobre Vanucchi, a ficha levantada pelos militares inclui participação na Ação Libertadora Nacional (ALN) e influência de "terroristas".
Presenças sem farda
Também participaram do encontro o comandante militar do Leste, General Luiz Cesário da Silveira, o chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército, General Paulo Cesar de Castro, e ex-ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Militares da ativa não quiseram dar declarações.
Todos estavam lá devidamente sem farda.
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