Mídia Sem Máscara
| 01 Junho 2009
Media Watch - O Estado de São Paulo
O Estadão se coloca ao lado de mais um assalto contra a economia popular, utilizando-se de falsos expedientes e falsas justificativas. Até a suposta redução de custo entra como justificativa, supondo-se que o usuário de automóvel é ou um arrematado imbecil que não sabe fazer contas ou um negligente estúpido.
De todos os problemas causados pela aglomeração excessiva nas grandes cidades será o trânsito aquele que mais irrita as pessoas. É no trânsito, todavia, que os tentáculos do poder público mais têm massacrado os indivíduos. A pretexto de fazer "justiça social" e disciplinar o sistema viário temos visto toda ordem de abusos contra os proprietários de automóveis, como o pagamento de tributos excessivos, multas arbitrárias e injustas, sistema estúpido de pontuação nas carteiras, que humilham o cidadão por nada, ao fazê-lo sentar-se para ouvir as aulinhas inócuas dos cursos para renovação da carteira de habilitação, rodízio inútil de veículos, que serve apenas para a indústria da multa e para transtornar a vida prática, além da famigerada e totalitária "Lei Seca", que viola direitos constitucionais e parte do conceito de pré-crime. Não é pouco.
Se olharmos as regras que disciplinam a fabricação de automóveis, veremos toda ordem de interferências "para a sua segurança", com determinações que na prática obrigam os automóveis a carregarem penduricalhos inúteis e mesmo inservíveis e ridículos, como extintor de incêndio e o insano kit de primeiros socorros. Na prática, tais regras encarecem enormemente o custo do veículo e se tornam a maldição na vida dos proprietários. Cair em uma blitz policial é certeza de receber multa, para veículos com mais de um ano de uso.
Não devemos esquecer que boa parte dos problemas de trânsito são resultados de falhas graves do poder público, basicamente por investimentos deficientes na infra-estrutura adequada de transporte coletivo e erros, por vezes homicidas, na engenharia das vias públicas. A incompetência dos órgãos gestores do tráfego é um capítulo da história que precisa ser contado ainda. Sem contar decisões irracionais na engenharia viária, cujos gestores mais das vezes utilizam critérios incompreensíveis para determinar o fluxo de veículos.
Tudo isso é resultado de poderosos lobbies agindo nos centros de decisão. Estamos a ver mais um round nesse luta desvantajosa contra os proprietários de automóveis. Desde o começo do ano que a imprensa em geral tem associado o problema dos congestionamentos a avarias de veículos na via pública. Certamente que avarias terão seu impacto, mas nada comparável aos problemas acima listados. E porque de repente a imprensa passou a se interessar pelos veículos quebrados? Porque é porta-voz do lobby dos burocratas e industriais interessados na regulamentação do item do Código de Trânsito, que determina a inspeção mecânica obrigatória anual, vinculada ao licenciamento.
Vimos esse filme no passado e sabemos que serve aos interesses da burocracia, da indústria e da rede se serviços, que se nutre como abutres em torno do cadáver do usuário de automóveis. A fama de corrupção que os DETRANs de todo o Brasil carregam não é injusta, mas resultado da experiência acumulada. Pelo jeito, o lobby está na fase final de ação e a imprensa assalariada está sendo utilizada como soporífero para a massa de vítimas que pagarão por mais esse roubo, por mais um instrumento de achaque sobre as pessoas.
A Folha de São Paulo pelo menos tem usado apenas do poder de noticiar essa sordidez. O Estadão se supera, ao transformar a hediondez em editorial, na sua edição de hoje (Trânsito e carros quebrados). Veja o que escreveu o editorialista, meu caro leitor:
"A manutenção preventiva custa, em média, 30% menos do que a corretiva e a obediência às recomendações do fabricante mantém o consumo médio de combustível e o índice de emissão de poluentes dentro dos padrões de tolerância. Mas o que realmente poderá mudar o comportamento da maioria dos motoristas será a inspeção mecânica obrigatória, vinculada ao licenciamento dos veículos, conforme estabelece o Código de Trânsito. No entanto, há mais de dez anos espera-se pela sua regulamentação, dada a disputa interminável entre instâncias de governo interessadas na arrecadação da taxa da vistoria. Enquanto isso, a frota cresce, envelhece e a insegurança aumenta".
O Estadão se coloca ao lado de mais um assalto contra a economia popular, utilizando-se de falsos expedientes e falsas justificativas. Até a suposta redução de custo entra como justificativa, supondo-se que o usuário de automóvel é ou um arrematado imbecil que não sabe fazer contas ou um negligente estúpido. Ora, ninguém deixa o carro deteriorar-se se pode fazer a manutenção. Toda gente sabe o horror que é ir trabalhar e ter o carro quebrado a meio do caminho. Ninguém precisa que nenhum burocrata, a serviço de inconfessáveis interesses escusos, venha gerenciar sua vida. Um carro quebrado enseja elevado custo para o proprietário, de remoção e reparo e perda de tempo, é em si um enorme castigo. Daqui a pouco inventarão multa por se ter um pneu furado na via pública.
É para isso que seve a nossa grande imprensa, caro leitor, para dar justificativas estapafúrdias aos atos de governos mais mesquinhos e contrários aos cidadãos. O mínimo que digo desse editorial é que é torpe e mentiroso.
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