quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um Singelo Testemunho Liberal

Mídia Sem Máscara

Entraram e saíram toda sorte de governantes, dos mais diversos partidos, e tudo o que conseguiram foi instigar aquela população contra os veranistas, destruir a ilha pelos terçados do MST e criar um exército de crianças sem pai. Pois, que diriam se fossem indagados que foi a minha sogra, uma simples pensionista do INSS, quem formou a primeira e única doutora daquela comunidade!

A Baía do Sol é um pequeno lugarejo fundado por pescadores e que se localiza na ilha fluvial do Mosqueiro, distrito de Belém que por sua vez, é um famoso balneário. Desde há cerca de quarenta anos, lá também estabeleceram-se vários veranistas, geralmente vindos da capital e entre os quais os meus sogros.

É importante frisar aqui como o convívio de dois grupos populacionais aparentemente distintos ensejou, com o passar dos anos, uma interação benfazeja e próspera: os nativos passaram a poder vender o pescado diretamente, a preço de varejo, libertando-se de atravessadores, e também começaram a surgir oportunidades de exercer outras atividades, tais como a construção civil, a carpintaria, a jardinagem, os restaurantes e até mesmo serviços singelos, mas úteis e importantes, como os do trabalho doméstico, zeladoria e vigilância.

Porém, ocorreram ainda mais relações do que meros contratos trabalhistas e comerciais: um exemplo vivo desta época de rica interação social pode ser demonstrado pelo fato dos meus sogros terem decidido levar uma das filhas de sua caseira para morar em sua casa durante a semana útil e assim ter a oportunidade de estudar em Belém. Com o tempo, porém, o estreitamento dos laços de ternura fez desta relação mais do que meramente uma ajuda, passando logo para o estabelecimento de uma efetiva união paternal. Esta menina, hoje uma mulher feita, é considerada pela minha sogra com mais uma filha e pelas suas filhas naturais como, respectivamente, sua irmã (meu sogro havia falecido antes mesmo que eu viesse a conhecê-lo).

Pois bem, eis que, após este prefácio indispensável, chego ao alvo deste artigo: pois esta mulher tornou-se a primeira pessoa daquele lugar, e até onde eu sei, até o momento, a única, a conquistar um título de nível superior! Ainda mais, como que concorrendo sozinha, já alcançou mesmo a pós-graduação, enquanto os únicos títulos que suas conterrâneas têm conquistado (e conterrâneos também) têm sido o de férteis mães solteiras, analfabetas, e desempregadas...

Contando, pois, de lá para cá, entraram e saíram toda sorte de governantes, dos mais diversos partidos, e tudo o que conseguiram foi instigar aquela população contra os veranistas, destruir a ilha pelos terçados do MST e criar um exército de crianças sem pai. Pois, que diriam se fossem indagados que foi a minha sogra, uma simples pensionista do INSS, quem formou a primeira e única doutora daquela comunidade!

A ilha do Mosqueiro, apelidada carinhosamente de "a bucólica", em devido aos elegantes bangalôs em estilo colonial francês, com suas extensas varandas, hoje vive o drama das invasões de terras e de domicílios; a população jovem simplesmente desaprendeu e perdeu o apreço pelos ofícios que lhes podiam garantir um sustento digno e honesto, e o ócio, o alcoolismo e o consumo de drogas reinam absolutos. Os preços dos imóveis a cada dia despencam, pois os veranistas já não têm interesse em manterem-se em um lugar onde são hostilizados e esbulhados.

Eu mesmo tenho evitado passar lá as minhas férias, principalmente quando observei que as crianças do lugar procuravam manipular a minha filhinha para que obtivesse de mim e de sua mãe dinheiro para comprar-lhes guloseimas e bugigangas. Talvez tenha sido esta a pior das constatações, a invocar em mim um sentimento de profunda tristeza e desconsolo, quando ouço o testemunho de que em tempos passados as crianças desconheciam suas diferenças compartilhavam os brinquedos e brincavam juntas, com o coração limpo.

Relações tais como a protagonizada pelos meus sogros, há tempos atrás, foram muito comuns no Brasil, e especialmente na região Norte. Aqui, é mesmo raro inexistir, em alguma família, alguém que não tenha sido criado ou adotado. Ouso afirmar que são centenas ou quiçá, milhares de pessoas, que hoje são pais e mães de família exemplares, cidadãos honestos e trabalhadores responsáveis.

Infelizmente, este quadro está definhando rapidamente: ai de quem ouse colocar um pequenino em sua casa! Enquadramentos não irão lhe faltar: maus tratos, emprego doméstico infantil, pedofilia (!)... melhor que se criem nas ruas, não é mesmo?

Começo a perceber, inclusive, uma guinada terrível na consciência dos atuais jovens adotados, segundo meu testemunho pessoal: eles não são gratos, mas, pelo contrário, nutrem um profundo desgosto pela situação em que vivem e revoltam-se, imagine, contra os seus próprios pais adotivos! Não é para menos que as adoções vêm perdendo espaço a cada dia.

A liberdade individual, mãe das relações amistosas, da caridade e da confiança mútua está perdendo espaço para a burocracia estatal, que a todos se impõe com a sua natureza de força, de dominação e de confronto. É hora de refletirmos...

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