terça-feira, 9 de junho de 2009

O real e a ilusão

Mídia Sem Máscara

O Estado nunca teve no passado, nem tem no presente e nem terá no futuro o poder de eliminar o risco existencial.

O leitor que tem acompanhado as minhas notas sabe que tenho narrado as angústias da minha alma. É chocante ver a degradação - mesmo a desintegração - da vida como a conhecemos, sendo o oposto colocado em seu lugar. Um outro mundo possível foi construído, na verdade um mundo impossível de nele se viver, nascido das maquinações dos engenheiros sociais. Sinto-me como os passageiros do vôo da Air France recentemente acidentado, no momento em que perceberam que o pior iria acontecer. O horror...

E o horror social não será menos catastrófico do que aquele trazido por uma fatalidade de transporte aéreo, embora naturalmente suas seqüelas se espalhem em lapso de tempo muito mais largo. Quando, quase em desespero, sublinho a emergência do Estado Total não o faço por alarmismo nem por falta do que dizer: faço-o por desespero, por saber que, voltando no tempo, só enxergo fenômeno equivalente nos momentos que precederam as grandes guerras do século passado. Faço por medo, mas não o medo da covardia, mas sim, o medo de quem se defronta com o inevitável trazido pelo destino. Tento nos meus modestos escritos pôr em alto e bom som o meu grito de alerta.

É desesperador descobrir que poucos são aqueles que estão dispostos a atentar, o mínimo que seja, para aquilo que percebo. Não estou sozinho nessa tentativa desesperada de dar o grito de alerta, mas examino meus desafortunados companheiros de desespero e os vejo na solidão equivalente à minha. A humanidade hoje, de tão alienada, perdeu qualquer senso de perigo e qualquer meio de descobrir o real como ele é.

Nesta semana tivemos a estatização da GM. Como fato isolado em si já seria algo muito grave. Como elo de uma longa cadeia o fato torna-se gravíssimo. E, como foi feito, mediante emissão de moeda e alargamento da dívida pública, a coisa ficou realmente teratológica. Os EUA estão a caminho da destruição da própria moeda e de inviabilizarem a gestão de sua dívida pública. Isso significa exatamente colocar em risco o seu Estado nacional. Não se fará uma violência dessa magnitude sem que lhe siga violências de todos os tipos, internas assim como externas.

Estamos vendo os EUA empobrecerem em grande velocidade.

Veja, caro leitor, o caso da GM. Por que foi feito assim? Qual a motivação para que os homens de Estado tomassem essa decisão descabida? Em que consistem essas decisões? Em primeiro lugar, temos as crenças de cunho socialista que vêm tomando conta da sociedade norte-americana há décadas, estando agora no apogeu, com o governante explicitamente defendendo essas idéias. E quais são essas crenças? 1- A de que não há lei da escassez; 2- A de que a moeda pode manter seu valor mesmo que se abuse do poder de emissão; 3- A de que o poder público pode assumir os fracassos individuais das empresas e das pessoas físicas. Obviamente que essa é uma alucinação muito perigosa. O Estado nunca teve no passado, nem tem no presente e nem terá no futuro o poder de eliminar o risco existencial.

Uma das excelências da economia de mercado é circunscrever a desdita que sempre vem no plano individual ao limite da unidade. Os socialistas, ao tentarem eliminar os riscos existenciais, acabam por transformar tragédias restritas em largas crises sistêmicas. É isso que estamos a ver.

No caso da GM a coisa é ainda mais desconcertante e repugnante porque claramente está a se proteger privilégios abusivos que perduraram por anos, seja na forma de salários, seja na de aposentadorias, seja na de assistência médica, seja, ainda, na de empregos artificiais. A GM é um cadáver putrefado pelas próprias lideranças sindicais e políticas que a representam e a única coisa justa e certa a fazer seria liquidá-la. Mas homens socialistas como Barack Obama não pensam assim, querem o outro mundo possível e, para tanto, só podem gerar privilégios, emitir moeda e elevar a dívida pública. Tudo que não deveriam fazer.

E por que não? Porque as leis econômicas e as leis morais existem e cobrarão seu preço. Este será a crise mundial de largas proporções, com conseqüências particularmente graves para aquele país, que provavelmente emergirá do processo enfraquecido e apequenado. Não respeitar as leis econômicas e morais - numa palavra, as leis de Deus - é cometer suicídio político e social. As conseqüências dessa arrogância serão as mais trágicas.

Ontem fui ao lançamento da revista Dicta&Contradicta e o palestrante, ainda usando o jargão dos velhos tempos, falava de economias desenvolvidas e de países ricos, em oposição a nós, aqui do Brasil, pobres de nós. Eu me perguntei se ser rico é carregar a maior dívida do planeta, é praticar atos imorais em vários níveis, a começar por impedir que insucessos empresariais sejam consumados. Acho que essa linguagem está superada e é inadequada. Lá, como cá, impera o desastre socialista. Lá, como cá, os sinos dobram pelos que vão morrer, seja literalmente, seja metaforicamente. O socialismo nos nivelou a todos e nos conduz igualmente ao desastre.

Eu vi as imagens da esquadrilha de aviões de guerra dos EUA se dirigindo ao Japão, para uma a ataque eventual à Coréia do Norte. Belas e sinistras, essas aeronaves. Como pássaros agourentos eles rasgam os céus destes tempos de grandes perigos. São os pássaros totêmicos dos nossos tempos.

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