Mídia Sem Máscara
| 22 Janeiro 2010
Internacional - América Latina
Chávez está fazendo justamente o contrário: encobrindo e falseando a realidade, brigando com os que nos poderiam ajudar, particularmente com os Estados Unidos (fornecimento de usinas) e com a Colômbia (fornecimento de alimentos), e fechando as portas aos técnicos mais capacitados por não serem "revolucionários".
A crise do sistema elétrico nacional é muito mais grave do que se pensa. Durante esses onze anos, o governo de Chávez não investiu o necessário em usinas termoelétricas para suprir a crescente demanda. Como conseqüência, a Venezuela depende 70 por cento da represa do Guri.
Segundo o informe de Corpoelec, publicado em diversas páginas eletrônicas, dentro de cento e vinte dias poderemos estar enfrentando um "colapso nacional", devido a que - se o nível da represa do Guri continuar diminuindo - o sistema deixará de funcionar.
A resposta do governo foi racionar o fornecimento elétrico, além de ordenar a instalação de algumas usinas térmicas; porém, isso não é suficiente para evitar um apagão generalizado de vários dias ou - no melhor dos casos - um racionamento severo prolongado.
No mundo moderno em que vivemos, a economia de um país depende quase que totalmente da eletricidade. A suspensão ou racionamento prolongado do serviço elétrico traria gravíssimas conseqüências, sobretudo na produção, conservação e distribuição de alimentos, sem mencionar os efeitos nocivos em outros serviços e no incremento da insegurança.
Para falar sem rodeios: se continuar assim, nos encaminhamos para a fome e, junto com ela, uma confrontação social pela obtenção de alimentos. Um exemplo palpável e recente no qual devemos nos espelhar é o do Haiti.
Trata-se, pois, de uma catástrofe parecida com um terremoto ou um desmoronamento, porém com uma ligeira vantagem, pois sabemos que se aproxima e podemos prever quase com exatidão a data do sinistro: o dia em que o nível da represa do Guri descer a 240 metros.
Um governo sério tomaria de imediato três medidas: primeiro, informar à população, e inclusive à opinião pública internacional, sobre a crua realidade da crise; segundo, pedir ajuda a todos os setores nacionais e internacionais que possam colaborar na resolução do problema e, terceiro, solicitar a compreensão dos venezuelanos para compartilhar os sacrifícios que esta crise provoca.
Porém, Chávez está fazendo justamente o contrário: encobrindo e falseando a realidade, brigando com os que nos poderiam ajudar, particularmente com os Estados Unidos (fornecimento de usinas) e com a Colômbia (fornecimento de alimentos), e fechando as portas aos técnicos mais capacitados por não serem "revolucionários".
Além disso, Chávez não tem autoridade moral para pedir sacrifícios, posto que ele é o principal culpado da crise por não ter investido na modernização do sistema elétrico, enquanto que dilapidava nossos recursos ajudando seus aliados internacionais e comprando armas de guerra.
Os dirigentes da oposição pedem para esperar até setembro para ganhar as eleições parlamentares e, desde a Assembléia, começar a reverter os males do processo revolucionário. Porém, essa solução não é realista, primeiro porque haverá uma fraude massiva nas eleições e segundo, porque a crise elétrica não esperará até setembro.
A única solução válida, por difícil que pareça, passa pela renúncia de Chávez e pela conformação de um governo de emergência, composto pelos homens e mulheres mais capazes da Venezuela. Porém, esta alternativa só é possível se os setores conscientes do país, inclusive os próprios chavistas, se puserem de acordo com a necessidade de enfrentar a catástrofe que se avizinha com a seriedade e a firmeza que merece.
* Presidente de Fuerza Solidaria e UnoAmérica
Tradução: Graça Salgueiro
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