sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O mal triunfa quando os homens de bem nada fazem

Mídia Sem Máscara

Tibiriçá Ramaglio | 29 Janeiro 2010
Artigos - Conservadorismo

"Política é assim: feita nas condições que se nos dão, não na que desejamos, nem na que divisamos", pondera Tibiriçá Ramaglio, apresentando sua tréplica a Heitor de Paola.

Não era minha intenção ofender ao Dr. Heitor de Paola, por cujas mãos passei a escrever com alguma regularidade no MSM. Às vezes, porém, quando estamos discutindo, deixamo-nos levar de tal maneira pelos argumentos que tecemos, que acabamos por incorrer em indelicadezas. Portanto, de antemão, reitero publicamente o pedido de desculpas que já enviei por email ao ofendido articulista. Minha intenção, ao apregoar a desagradável necessidade do voto em José Serra, é dar combate ao lulo-petismo, com as únicas armas de que nós, civis, dispomos: o voto e a união.

Tenho paúra de seguirmos no Brasil o exemplo da oposição venezuelana, que abstendo-se num pleito, só beneficiou o Mussolini caraquenho. Isto posto, vejo-me no direito de contestar as duras palavras que me endereçou o prezado Dr. Heitor de Paola:

1) Jamais derramei-me em declarações de amor aos tucanos. Disse somente que eles não têm a postura agressiva e odienta do PT, sendo ingenuamente pacifistas, devido sobretudo à má-consciência dos intelectuais de esquerda diante do mito do operariado. Enfim, deixei subentendido que os tucanos até parecem gostar de apanhar dos petistas, mas, se chamá-los sutilmente de mulher de malandro é fazer declarações de amor, dou a mão à palmatória.

2) No último parágrafo, sem intenção de ofender meu interlocutor, quis dizer que ele podia ter se deixado cegar pela paixão com que enfrenta os comunistas e perdido o pé na realidade. Enxergar com clareza a realidade é dificílimo e os desvios de foco são muito freqüentes, sucedendo aos melhores dos observadores. Durante quase trinta anos de minha vida eu enxerguei a realidade pela perspectiva marxista. Graças a Deus me livrei dela, mas não é o fato de estar no campo liberal-conservador que me impede de cometer erros. A verdade não tem dono. Pelo menos não entre os seres humanos.

3) Quanto ao desconhecimento dos assuntos de que trato:

a) Se Churchill se arrependeu do acordo com Roosevelt, não o manifestou de público. Nas "Memórias da Segunda Guerra Mundial", ele declara afeto pessoal ao presidente e atribui a o avanço dos soviéticos, no imediato pós-guerra, ao sucessor, Harry Truman, com quem não conseguiu se entender, infelizmente;

b) De fato, não sou especialista em ascensão do Nacional-Socialismo, mas me baseei na informação do insuspeito professor Antônio Paim, em sua obra "Marxismo e descendência", página 192, em que o autor se refere à teoria do "golpe principal", de Stálin, que levou os comunistas alemães, no afã de combater os socialistas, a votar em Hitler, no segundo turno das eleições alemãs de 1933. Diz Paim que esse comportamento determinou que, no pós-guerra, a Alemanha ocidental proibisse o funcionamento do Partido Comunista, assim como o do Nacional-Socialista;

c) O fato de nacional-socialismo e internacional Socialismo (ou comunismo) serem doutrinariamente irmãos siameses em nada altera o fato incontestável de que russos e alemães se enfrentaram ferozmente na Segunda Guerra Mundial;

d) Há inúmeros pontos de contato entre petistas e tucanos? Sem dúvida. Também há entre petistas e os comandantes da contra-revolução de 1964. Mas nem pelo fato de terem promovido uma gestão estatista, os militares deixaram de enfrentar o perigo comunista. Houve ditadura no Brasil, entre 1964 e 1985? Talvez tenha havido somente uma ditabranda, entre 1969 e 1975, como já se anda dizendo. Sou contra as ditaduras. De qualquer modo, não se pode deixar de louvar as forças armadas por terem impedido o país de se transformar numa imensa Angola.

Política é assim: feita nas condições que se nos dão, não na que desejamos, nem na que divisamos. De resto, a propósito de qualquer postura absenteísta no tocante às próximas eleições, lembro o sábio Edmund Burke: "evil rules when good men do nothing".

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