sábado, 9 de janeiro de 2010

Medindo forças com a sociedade

Mídia Sem Máscara

Considerando algumas hipóteses, eu arriscaria dizer que agora o PT ainda se achou em tempo hábil para medir forças com a sociedade, sem que isso interfira mais diretamente na campanha da camarada Dilma, pois o incidente, até lá, já terá caído no providencial esquecimento em que tudo se afunda sempre na história deste país.

O decreto 7.037 que consubstancia o tal Programa Nacional dos Direitos Humanos é muito mais virulento do que se tinha percebido inicialmente. Tenho a impressão de que foi Reinaldo Azevedo quem abriu os olhos da imprensa, se não foi a senadora Kátia Abreu que, felizmente, não passou pelo texto sem ler - a pretenso exemplo de Lula - e já tomou atitudes para combater o instrumento com que o PT poderia ter dado um golpe de Estado em surdina. No jornal das 10 da Globonews, o comentarista Merval Pereira, como todos nós, cidadãos brasileiros, disse não acreditar que um decreto como esse seja aprovado pelo Congresso e ainda ter certeza de que Dilma Rousseff, Franklin Martins e Paulo Vanucchi não seriam ingênuos a ponto de acreditar que uma iniciativa dessa podia ser levada na base do se colar, colou. A partir disso, Merval, perplexo, se perguntava: então, por que fazer uma coisa dessas agora, no início de um ano eleitoral, num momento em que essa declaração de intenções totalitárias podem comprometer a campanha da chefe da Casa Civil ao Palácio do Planalto?

Considerando algumas hipóteses, eu arriscaria dizer que agora o PT ainda se achou em tempo hábil para medir forças com a sociedade, sem que isso interfira mais diretamente na campanha da camarada Dilma, pois o incidente, até lá, já terá caído no providencial esquecimento em que tudo se afunda sempre na história deste país. Era agora ou nunca, agora ou só depois da eleição, com a eventual vitória. De resto, não há nenhuma novidade no procedimento petista de medir forças - exceto o fato de ultimamente acontecer a partir de dentro do Estado. O PT já recorreu a expedientes análogos, por exemplo, fazendo apostas aparentemente disparatadas e tentando chegar às vias de fato por meio de iniciativas como o "Fora FHC", que pedia o impeachment do ex-presidente após a desvalorização do Real, em janeiro de 1999. Antes de dar qualquer bote decisivo, o predador - covarde - sempre verifica a capacidade de reação da presa. Se ela ainda pode reagir, o bicho volta atrás e fica à espera de uma nova oportunidade.

Por outro lado, não se pode descartar a possibilidade de o PT- mais uma vez - ter metido os pés pelas mãos, como aconteceu no caso do mensalão ou dos aloprados. O que o partido propõe no decreto 7.037 é simplesmente o mesmo programa filomarxista do qual ele nunca se afastou. A quadrilha já tentou, felizmente em vão, implementar diversos pontos "mais arrojados" desse programa ao longo do governo Lula. Quando faz isso mais atabalhoadamente, como no caso da tentativa de criar um Conselho de Jornalismo, ainda no primeiro mandato do filho do Brasil, ele volta atrás, sempre com maior consciência de suas próprias forças naquele momento. O que nos resta esperar é que, dado o caráter escancaradamente golpista desse decreto nefasto, uma boa parte dos agentes políticos deixe de lado definitivamente a ilusão de que o PT se converteu à social-democracia e de que existe uma substancial diferença entre Lula e Hugo Chavez.


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