segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

The Talking Mummy

por Ipojuca Pontes em 28 de janeiro de 2008

Resumo: Uma coisa que poucos entendem no Brasil é o esforço (de propaganda) que a chamada grande imprensa faz para esconder a senilidade de Fidel. Que o Granma faça isso, pode se compreender. Mas e a nossa imprensa “burguesa”?

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“Fidel vai ao centro espírita e, na sessão, conversa com o espírito da mãe:

- Mãe, no ano que vem vou estar no poder? - Sim, filho. - E o povo vai

estar comigo? - Não, filho, vai estar comigo”.

(Pilhéria do povo cubano)

No cardápio da sociedade de informação ideologizada a mentira é, quase sempre, o prato principal. Nele, pelos mais diversos motivos, mas, sobretudo, os de ordem política e econômica, a verdade passa por um processo de filtragem degenerescente que termina por significar o exato oposto do que realmente representa. Senão, vejamos. Há três meses apareceu na Internet (http://www.youtube.com/watch?v=MbzciUAiOxQ) trecho de entrevista concedida por Fidel Castro à TV Cubana na qual nem os esforços de maquiagem nem os da edição conseguem esconder do espectador o avançado estágio de senilidade que acomete o ditador. Dá pena - se é que se pode lastimar a senilidade de um tirano. No vídeo, aos lapsos e tropeções, Fidel se dá o direito de fazer divagações obscuras sobre Einstein, teoria da relatividade, preço do cobalto, etc. - tudo, claro, a pretexto de desancar o “imperialismo ianque”.

Apesar da decrepitude, preponderante, Fidel, por força do narcisismo maligno, mente e desinforma. A desordem mental causa constrangimento. Na sua interessante noção de física, por exemplo, “a velocidade do quadrado é a velocidade da luz”. Uma tonelada de cobalto, cujo preço real é de US$ 27 mil, ele, tropeçando nas palavras, avalia por US$ 60 mil. No seu tartamudeio de fanático, a vida radiotiva do cobalto passa a ter duração de 500 mil anos quando, de fato, o registro é de que ela dura não mais de 50 meses. (O cobalto, segundo se sabe, perde 20% da radioatividade a cada ano que passa na atmosfera. Depois de 15 anos, segundo especialistas, ele perde a radioatividade e se converte em nitrato, completamente inofensivo para o ser humano).

Vamos aos fatos: na mais recente viagem ao “paraíso socialista”, depois de “conversar” com a legendária Múmia do Caribe, Inácio da Silva, o eterno amante da revolução cubana, disse textualmente à imprensa amestrada: “Fidel está muito bem de saúde. Está com lucidez e logo, logo vai se recuperar fisicamente. Penso que Fidel está pronto para assumir o papel político que tem em Cuba e o papel político que tem na história do mundo globalizado”. A parolagem de Lula, como sempre, tem pernas curtíssimas. Para a infelicidade do principal fabulista do PT, o próprio ditador, no dia seguinte, mandou escrever a propósito da farsa eleitoral transcorrida na ilha-cárcere, na qual apenas os filiados do Partido Comunista podem ser candidatos: “Não desfruto da capacidade física para falar diretamente com os moradores do município onde me indicaram para a disputa das eleições do próximo domingo”.

(Mais tarde, no arremedo das eleições vigiadas de perto pela famigerada DGI - a KGB cubana -, Castro viria garantir com o seu próprio voto enviado de algum dos seus inúmeros esconderijos, uma “vaga” na Assembléia Nacional do Poder Popular - o que reafirma, desde já, a perpetuação do esquema totalitário armado pela Múmia falante). Uma coisa que poucos entendem no Brasil é o esforço (de propaganda) que a chamada grande imprensa faz para esconder a senilidade de Fidel. Que o Granma faça isso, pode se compreender. Afinal, com a informação alvissareira sobre a saúde do velho saltimbanco, a ditadura cubana mantém inerte a população miserável, de resto já intimidada e muda. Mas - e a nossa imprensa “burguesa”? Por que ela age assim? O Globo e a Folha de São Paulo, por exemplo, tratam com luvas de pelica o estado quase vegetativo do macróbio, dando a entender, no tratamento ambíguo dispensado ao fato, de que ele está se recuperando e pode a qualquer instante assumir o poder.

Na ordem prática das coisas, pouco importa se Fidel se mantém ou não no cargo. Com ou sem ele, sob o comando do irmão Raúl ou de qualquer outro agente revolucionário, com ou sem a grana de Chávez ou Lula (sacado do bolso do brasileirinho ignaro, já se vê), Cuba continuará sendo uma ilha-cárcere, cercada de violência e miséria; continuará com o trabalhador sendo explorado por 17 dólares mensais; continuará com centros de abastecimento e transporte indigentes; continuará com os cortiços infectos; continuará com os bem-abastecidos pontos de prostituição para gozo de turistas sequiosos de sexo barato - em suma, um maldito lugar onde o simples ato de acessar a internet pode levar o infeliz à prisão.

E por que isso? Simplesmente porque “isso” é a marca patrimonial do sistema socialista, que não sabe criar riqueza, mas sim, taxá-las para o usufruto parasitário da elite comunista no poder. Simplesmente por que isso é próprio de um regime que, para não se desintegrar, cerceia a ferro e fogo qualquer vestígio de liberdade individual ou coletiva. Simplesmente porque é da essência do socialismo conspirar contra o homem livre, acuado ou isolado nas prisões, em função da supremacia do Estado desonesto, arbitrário e intolerável, cujo objetivo básico é liquidar com o homem que pensa por si próprio, alheio às regras que impõem a uniformidade, a dependência e a servidão.

O filósofo Hegel, no pensar de Schopenhauer um completo charlatão, costumava dizer que “a função mais alta do cidadão é servir ao Estado”. Karl Marx, outro charlatão que cultivava o ódio com ardor fanático, levou tal conceito aos cornos da lua. Neste início de século, estranhamente, a filtragem mediática manobrada por inocentes úteis e companheiros de viagem consagram à exaustão o Estado socialista. Levar-se-á décadas para que se supere tal pinimba. Quando ocorrer o féretro, infelizmente estarei morto e sepultado.

Mas longe de Fidel.

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