quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O hino à vagabundagem do Sr. Pochmann

por Ubiratan Jorge Iorio em 03 de janeiro de 2008

Resumo: A França já tentou a fórmula da vagabundagem do sr. Pochmann, sem sucesso.

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Estamos mesmo – os brasileiros conscientes e que não se deixam levar pelo massacre gramsciano desencadeado pela mídia – literalmente entregues às baratas! É de impressionar até a um alienado crônico a quantidade de pessoas sem a menor qualificação ocupando cargos importantes no governo do PT. Onde isto vai parar não sabemos, mas podemos assegurar que mais três anos com Lula e seus acólitos no Planalto (sem contar os seus aliados de ocasião), significarão, entre muitos outros males, a deterioração completa de nosso setor público, que, como sabemos, nunca foi lá essas coisas em termos de servir ao público. Se o próximo presidente do país for alguém com a cabeça no lugar e resolver consertar o estrago, levará, pelo menos, um mandato inteiro para promover a gigantesca tarefa.

A aberração em pauta partiu de um campeão em cometê-las, o economista Márcio Pochmann, presidente do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -, que, depois de, em seu discurso de posse, ter declarado que o Estado brasileiro seria “raquítico” e de, uma vez no cargo, ter iniciado um expurgo a que podemos chamar de “petetização” do IPEA, saiu-se, na semana passada, com esta asneira, digna de figurar entre as maiores tolices já pronunciadas por uma figura pública: “Não há, do ponto de vista técnico, motivo para alguém trabalhar mais do que quatro horas por dia durante três dias por semana”...

Ponto de vista “técnico”? Tamanha jericada teria que suscitar, naturalmente, reações indignadas por parte de quem, por bons princípios e por experiência, sabe que o trabalho é essencial para o homem. Assim, por exemplo, reagiu o jornalista Reinaldo Azevedo à parvoíce do ex-secretário da ex-prefeita Marta Suplicy - colocado no IPEA, ao que tudo indica, para estragá-lo: “Pochmann é um daqueles casos em que o trabalho conta como massa negativa. Se ele trabalhar a metade, renderá sempre o dobro. O ideal, de fato, é que não faça nada para que atinja a produtividade 100”.

Azevedo, a meu ver, foi bondoso com o economista. Um sujeito que profere um absurdo desses não pode possuir princípios morais que o capacitem sequer a chupar um picolé, quanto mais a ocupar a presidência de uma instituição séria como sempre foi o IPEA! Compôs o petista, da maneira mais errada possível, um hino à vagabundagem, ao mesmo tempo em que demonstrou que entende tanto de economia quanto um asno sonolento de equações diferenciais, e que conhece tanto de história quanto uma pulga pululante de mecânica quântica...

Sob o ponto de vista moral, desde que São Paulo escreveu ao povo de Corinto, nos primeiros anos da Era Cristã, sabe-se que aquele que não gosta de trabalhar não merece comer o pão... Além disso, toda a tradição moral da civilização nos ensina que o trabalho dignifica e que as tarefas profissionais bem feitas, realizadas com perfeição humana, além de renderem benefícios pecuniários, elevam também o espírito. Nota zero para o presidente do IPEA em ética!

No que diz respeito à economia, é de impressionar que um sujeito com mestrado no ramo desconheça que tanto o crescimento da pessoa humana quanto o próprio crescimento econômico de qualquer país não se realiza mediante fórmulas mágicas concebidas por burocratas, mas que é uma questão de esforço, de estímulos à criatividade, de busca pessoal, de hábitos de poupança e de trabalho duro. Até nas economias desenvolvidas – e que atingiram esse estágio exatamente por não terem seguido as recomendações de Pochmann, trabalha-se ainda – e muito! Nota zero para o mau economista!

E, quanto, à história, citarei apenas o exemplo da França, que já tentou a fórmula da vagabundagem do sr. Pochmann, deu-se conta da imensidão do erro e está voltando atrás. E olhem que o nível de capital humano na França é inquestionavelmente maior do que no Brasil, o que daria, teoricamente, aos franceses, em média, a possibilidade de terem que trabalhar menos horas do que os brasileiros. Nota zero para quem, embora tenha a obrigação profissional de acompanhar as economias dos outros países, não o faz, ou simula que não o faz!

Esse indivíduo sabe o que é, por exemplo, ser um comerciante, ficar atrás de um balcão de uma padaria ou mercearia e no que seria fechar o estabelecimento quatro dias por semana e, nos outros três, atender apenas de 8 até o meio-dia, ou de 14 até as 18 horas? Ou ser um dentista, um médico e proceder da mesma forma em seu consultório? Ou um agricultor? Ou, ainda, um representante de vendas? Ou, ainda, um dono de uma academia de musculação? O que ele deseja? O caos? Todo o mundo ganhando e indo para o shopping gastar, sem ter produzido? Será que ele nunca leu, em qualquer livro introdutório de economia, sobre o que representa o conceito de produtividade? Não é possível que não saiba que existe uma relação forte e inescapável entre produtividade e nível de salários? Quem iria sustentar a vagabundagem coletiva? O Estado, naturalmente?

Trabalhar quatro horas por dia durante três dias por semana… De onde o sr. Pochmann tirou essa tolice? Sinceramente, é revoltante, embora no seu caso, talvez fosse preferível que, definitivamente, não trabalhasse nem um segundo sempre, pois assim, pelo menos não cometeria atentados contra, já nem vou dizer a ética, a economia e a história, mas contra o bom senso!

Tivéssemos um presidente da república à altura e com a dignidade que o cargo exije, sua primeira providência seria demitir o compositor do hino à vagabundagem!

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