segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

DEM - Direita Encabulada e Muda

por Ipojuca Pontes em 14 de janeiro de 2008

Resumo: É exatamente no campo das idéias, ou no confronto com elas, que falta ao DEM a necessária substância ou vontade para assumir o papel de um partido capaz de efetivar combate franco ao esquerdismo que domina as instituições oficiais e não-oficiais no país.

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Andei lendo na Internet artigo no qual se dizia que o Democratas - a nova sigla do antigo Partido da Frente Liberal (PFL) – é a única legenda que faz oposição ideológica intransigente ao governo esquerdista de Lula e das diversas facções comunistas do PT. O repórter Gustavo Krieger (neto do digno senador Daniel Krieger, presidente da Arena, o partido criado por Castello Branco, depois do contragolpe de 1964), autor do artigo, considera que o DEM encontrou, afinal, sua verdadeira identidade política: além da nova sigla, a agremiação mudou também de logotipo, tendo como marca uma árvore nas cores verde e azul.

Mais ainda: o DEM, para o articulista, refinou o seu discurso ideológico, criou coragem e assumiu “ironicamente” o ideário do Partido Republicano dos Estados Unidos, que prega, entre outras medidas, o corte de impostos, a ortodoxia de um estado pequeno e a primazia da iniciativa privada sobre o governo para se chegar ao real e democrático crescimento econômico e social.

Então, vamos aos fatos: que o DEM tem feito oposição ao governo Lula no terreno econômico, ainda que limitada, vá lá. Que se insurja, no plano ético, contra a corrupção petista, dá para aceitar. Mas, se o sujeito compreende ideologia como um sistema de idéias organizado para desencadear o intransigente combate político, a afirmação não bate com a realidade. Pois é exatamente no campo das idéias, ou no confronto com elas, que falta ao DEM, observada sua prática política, a necessária substância ou vontade para assumir o papel de um partido capaz de efetivar combate franco à ideologia comunista – ideologia que, de resto, tomou corpo nas instituições oficiais e não-oficiais do país.

Por tal razão, não é preciso repisar o que grande parte da nação procura neste início de século: um partido cujo sistema de idéias, de caráter liberal-conservador, atue contra uma ideologia que, no cotidiano, avança célere contra os direitos individuais mais elementares e subordina a liberdade de agir da sociedade à servidão coletivista.

Discernir é o elo básico da informação, salvo se o sujeito pretende desinformar. O fato concreto é que, no plano cultural, político e ideológico, as esquerdas correm soltas, ocupando todos os espaços, sem a menor confrontação. E o DEM, a começar pelo uso da sigla “democrata”, cuja legenda reúne nos Estados Unidos a fina flor do “politicamente correto”, passando pela emblemática logomarca que vende a imagem do partido comprometido com a “defesa ambientalista” - uma “causa ideológica” 100% esquerdista -, já começa usando de artifício que trai a própria fraqueza ideológica.

Sim, é verdade: a nação sofre com a ausência de um partido que combata as esquerdas na mesma medida em que as esquerdas estigmatizam a prática liberal-conservadora - ou o que se considera a “direita”, por assim dizer. Em suma, um partido que, de forma direta, sem leguleios, denuncie a essência da torpeza vermelha escamoteada nos mais diversos tons e matizes.

De minha parte, tenho acompanhado a vida política brasileira nas duas últimas décadas. Leio o noticiário e entrevistas nos jornais, examino discursos, analiso programas dos partidos políticos, ouço a Voz do Brasil, vejo a TV Senado, a TV Câmara e demais emissoras de rádio e televisão. Por mais que procure, nunca vi um político brasileiro, tido como liberal, denunciar abertamente à nação o papel nefasto da prática comunista orientada pelo Foro de São Paulo. Ou que se propusesse relatar à sociedade as tramóias que se escondem por trás dos partidos comunistas e seus aliados - nos sindicados, ONGs, associações e entidades de classe – sempre projetando a “justiça social” como aval para o usufruto do poder e seus privilégios.

Muito pelo contrário. Outro dia, por ocasião do aniversário do stalinista Oscar Niemayer, vi na tribuna do congresso um senador do DEM enaltecer o sujeito cuja textura política labora contra a democracia, enaltecendo dia e noite os horrores da China, Cuba e da extinta URSS. O próprio Marco Maciel, político oportunista que se vende como “liberal”, enquanto vice-presidente doou dos cofres públicos cerca de U$ 100 mil para uma fundação que leva o nome do arquiteto (defasado) – fundação que, no frigir dos ovos, labora na propaganda da causa comunista.

Já com César Maia - antigo brizolista e pré-candidato do PFL à presidência da República que se definiu como “escadinha” do social-democrata Zé Serra - o abismo ideológico dos Democratas se torna mais profundo. Pois no mesmo momento em que Rodrigo Maia, presidente do DEM, ataca o governo Lula por aumentar de modo vil o IOF, seu pai, prefeito do Rio, inventa artifício maroto para elevar ainda mais a já elevada cobrança do IPTU.

A contradição básica é a seguinte: enquanto o PT, PCB, PSOL, PPS, etc., trabalham na formação ideológica da militância desde os primórdios, nas escolas, universidades, na mídia, na igreja, nas atividades artísticas, o DEM se vale do simples eleitor que, o mais das vezes, ainda que adverso ao comunismo, não está preparado para entender o que se trama à sua volta, em seu nome. O que inviabiliza claramente qualquer possibilidade de se sofrear o apetite (feroz) comunista de poder pelo menos nos próximos 50 anos.

Para enfrentar a guerra ideológica promovida pela esquerda, os democratas teriam de ter, além de muita coragem e disposição, o conhecimento sistemático das obras de pensadores como Aristóteles, De Mises, Friedrich Hayek, Eric Voegelin, Raymond Aron, Peyrefitte, Böhm-Bawerk, Rothbard, Pareto, Camus, Guenon, Popper, Dostoiéviski, Gasset, Jackson Figueiredo, Reale, Corção, entre outros. Eles não só ajudam a desmontar o embuste das tiranias em geral, como representam o lado mais fértil e generoso do saber humano.

Mas quem disse que eles topam isso? No máximo ficam no jogo sujo de Maquiavel – pai e mãe de Marx, Engels, Gramsci & Cia.

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