por Gerson Faria em 29 de janeiro de 2008
Resumo: Emílio Odebrecht, empreiteiro, com sua sapiência em sociologia e teoria política contemporânea obtida no canteiro de obras, desvenda o enigma da "esfinge" Lula.
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Estranhos estes tempos. Em 1980, Lula e vários companheiros seus ajuntavam-se, promoviam greves contra o “arrocho salarial”, demissões e tal, experimentando borrachadas da polícia e, vez ou outra, eram presos. Não consta que, no estádio da Vila Euclides, foram feitas loas a empresários. Formaram o sindicato mais temido da classe empresarial. Articularam-se com intelectuais esquerdistas da USP, da PUC, de universidades federais, e todas elas viraram pólos irradiadores do esquerdismo brasileiro.
Desde sempre, nossos intelectuais e políticos de esquerda morrem de amores e vertem lágrimas de jacaré por Allende, Fidel, Che e suas experiências de sucesso. Em 1990, Fidel e Lula articulam o Foro de São Paulo, aliança ocultada de partidos e grupos terroristas e narcotraficantes, para delinear a política da América Latina contra o neoliberalismo.
Sempre amenizaram as penas de seqüestradores, quando não os apoiaram abertamente, de famosos empresários brasileiros, de Abílio Diniz a Washington Olivetto. Nunca apoiaram Israel e, quando Arafat morreu, o PT chorou. Fizeram convênios de troca de informações com o Partido Comunista Chinês e o Partido Socialista Baath Sírio.
Orgulham-se de trafegar muito bem entre as esquerdas européias e trocar experiências entre si. Toneladas de livros e centenas de editoras brasileiras se formaram nessa doutrina. A maioria da elite petista foi presa por participar de ação armada na esquerda revolucionária.
Na campanha de 2002, foram obrigados a baixar o tom para parecerem bons moços. José Dirceu é filmado no documentário “Entreatos”, dizendo ao publicitário Duda Mendonça: “tá muito petista isso, tá muito petista. Precisa reescrever essa fala, tá muito petista...”.
No III Congresso do PT, o socialismo é reafirmado claramente como meta política.
Um de seus ministros e mentores, o famoso Marco Aurélio Garcia, quer porque quer refundar o comunismo. Lula vive com um pé em Cuba e um na Venezuela, pois, se falar bobagem por lá, ao menos a tradução poderá ser readequada.
E eis que, neste domingo, 27 de janeiro de 2008, o empresário Emílio Odebrecht apresenta uma afirmação que nos choca a todos:
“O presidente Lula não tem nada de esquerda, nunca foi de esquerda”.
E mais adiante:
“O empresário muitas vezes pressupõe alguma coisa sem nenhum grau de conhecimento. O sujeito não convive e fica pressupondo. Eu conheço o Lula desde 1992, quando tive o prazer de ser apresentado a ele pelo governador Mário Covas.”
Em ordem direta: Lula não é e nunca foi de esquerda. Ele afirma isso – pois convive com Lula desde 1992 – ao passo que o empresário de modo geral só fica pressupondo seu esquerdismo sem grau de conhecimento algum.
E o que dizer de todos os intelectuais, companheiros de jornada, que desde 1980 convivem com o Lula? O que dizer dos estagiários e bolsistas que deram subsídios intelectuais aos emires sáderes, todos confiantes de que estavam frente a um personagem de futuro na esquerda?
E os coitados dos eleitores de Lula, foram todos enganados? Eu mesmo votei em Lula em 1989; parecia uma boa opção a um adolescente uspiano. Os tempos passaram, o campus se distanciou e fui percebendo o tamanho do monstro em que aquilo se tornava. Hoje, graças a Emílio Odebrecht, fico contente e redimido, pois em 1989 eu não votei em um esquerdista.
Temo pelo futuro político de Lula. Se continuar assim, logo ele terá de cerrar fileiras com os Democratas.
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