quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Êxito contra as FARC precisa de apoio socioeconômico

Mídia Sem Máscara

Na prática, as FARC estão aferradas à última tábua de salvação que lhes resta: procuram a legitimação política e o status de beligerância apadrinhados pelo Foro de São Paulo.

As recentes operações aero-terrestres das Forças Militares contra os acampamentos do Bloco Sul das FARC em Putumayo e Caquetá, somadas a exitosos golpes da Colômbia contra o grupo terrorista, corroboram uma vez mais que a coordenação de inteligência técnica, análise de documentos, bombardeios de alta precisão e desembarques de surpresa de comandos terrestres integrantes das Forças Especiais, articulam o salto qualitativo e a diferença quantitativa a favor do Estado.

Do triunfalismo desmesurado das FARC, derivado da debilidade de caráter do então presidente Pastrana e a acentuada lassidão do alto comando militar da época que permitiu o desalojamento de um batalhão da zona de distensão, quando inclusive a revista Time ousou assegurar que a Colômbia estava às portas da balcanização, o centro de gravidade das operações de contra-terrorismo estabeleceu como epicentro do Plano Patriota a que, até a data, as FARC acreditavam inexpugnável retaguarda estratégica.

Com paciência, profissionalismo e técnicas avançadas de inteligência militar, as Forças Armadas da Colômbia infiltraram os anéis de segurança dos blocos Oriental e Sul das FARC, e começaram a lhes causar uma seqüência de golpes táticos de conotações estratégicas que hoje, além de situar em primeiro plano as instituições armadas colombianas em operações de guerra assimétrica, devolveram a fé aos colombianos em que se pode investir com segurança, e na qual o Exército Nacional e as demais Forças Armadas que o apóiam não cessarão de golpear os terroristas até conduzi-los à rendição, do mesmo modo que ocorreu com o M-19, o EPL e a Corrente de Renovação Socialista do ELN.

Porém, como escrevemos muitas vezes, a vitória militar por si só não basta. Exemplo clássico é a "Operação Anori", que em 1973 liquidou o primeiro ELN, porém que, por miopia estratégica e falta de caráter do então presidente Alfonso López Michelsen, os remanescentes do grupo terrorista orientado por "teólogos" da teologia da libertação, ressuscitaram das cinzas.

Do mesmo modo pode acontecer com as FARC. Às baixas em combate de Reyes, Jojoy, Negro Acacio, Rincón, Mariana, Patamala, La Pilosa, Danilo, a mulher de Simón Trinidad, etc., eventualmente podem se somar as de Fabián Ramírez, Catatumbo, Cano, Gómez ou qualquer outro terrorista de importância dentro das FARC. Entretanto, estas operações perderão o valor político-estratégico se o governo nacional não estruturar uma estratégia integral de consolidação, com medidas sólidas de cooperação civil-militar, educação, investimento sócio-econômico em zonas distantes e aclimatação em nível nacional de uma cultura de paz, tolerância e convivência sem paixões violentas.

É indubitável que as FARC estão em crise de comando e direção. Cano e os demais cabeças não puderam articular uma linha de ação armada consistente que impeça a ação inesperada e contundente das precisas incursões aero-terrestres dos últimos anos. Portanto, o Estado colombiano e as Forças Armadas devem explorar o êxito estratégico alcançado e complementá-lo com intensas campanhas de propaganda e guerra psicológica, tendentes à desmobilização maciça dos terroristas de baixo nível.

Na prática, as FARC estão aferradas à última tábua de salvação que lhes resta: procuram a legitimação política e o status de beligerância apadrinhados pelo Foro de São Paulo, e apostam nisso escudados na etapa de hipocrisia mútua entre Santos, Correa e Chávez, assim como a esperança que a terrorista brasileira Dilma Rousseff, obediente aos planos de Lula desde a UNASUL, lhes ajude no empenho.

Por essa razão, as Forças Militares não podem reduzir a ofensiva tática e estratégica contra todas as estruturas de direção farianas, mas também é necessário que os embaixadores, cônsules e a própria ministra de Relações Exteriores saiam da consuetudinária mediocridade deste tipo de funcionários acostumados a viver de honras e prebendas, para que apresentem ante o mundo a realidade de quem são as FARC e qual é o arcaico projeto político que perseguem com o apoio dos governos do hemisfério, lacaios da ditadura cubana. E, claro, que todo o gabinete ministerial trabalhe em bloco para desenvolver uma estratégia sócio-econômica de consolidação da paz.

Em síntese, é necessário ganhar a guerra para conquistar a paz, porém também é o momento estratégico oportuno para que pela primeira vez a direção política entenda que a solução ao problema não é só o emprego da força militar assediada por gregos e troianos da política, senão que os que devem chamar para si as respostas integrais, são aqueles que ostentam o poder civil e hoje herdam nos cargos os que geraram esta desordem e este drama para o país.

Tradução: Graça Salgueiro

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