Mídia Sem Máscara
| 16 Novembro 2010
Internacional - América Latina
Se as operações Xeque, Fênix, Camaleão e Sodoma demonstraram que se necessita qualidade e não quantidade, é inadiável considerar até onde é positivo o aumento do pé de força sem qualificar ou o incremento de soldados profissionais
Em contraste com os excelentes resultados operacionais contra o narcoterror comunista, materializados nas baixas de importantes cabeças das FARC, problemas de evidente infiltração de elementos indesejáveis, por exemplo, o caso de uma rede de malfeitores uniformizados que vendiam armas às FARC, ou os aberrantes atos de pedofilia em Arauca somados a escândalos anteriores, indicam que além da óbvia vergonha institucional e a assunção do problema ante o país, os sistemas de incorporação, ascensão e destinação a cargos sensíveis no Exército merecem urgente revisão, fortalecimento da contra-inteligência e adequação de um sólido Regulamento de Regime Disciplinar para as Forças Militares. A maior parte dos atuais problemas disciplinares do Exército, alguns deles incursos no âmbito penal, derivam de que, a partir da Constituição de 1991, os comandantes das unidades ficaram sem poderes disciplinares imediatos, então, em tergiversado nome do devido processo e do cumprimento da lei, pessoas inclinadas ao delito não só se infiltraram na instituição, como encontraram nos mecanismos legais biombos e sombras para delinqüir ou fomentar o mal exemplo.
Vejamos um caso: antes da Constituição de 1991, um cadete da Escola Militar cometia uma falta grave e, ipso facto, era expulso da instituição. Simplesmente não podia ser oficial. Hoje as coisas mudaram, pois além de cometer a falta ele pode chegar com um advogado defensor, que pensa mais em seus honorários do que na saúde da Colômbia. E, de repente, com atitudes ilícitas no julgamento como dilações, provas falseadas ou outras argúcias, tira o cadete do problema.
Então, a Escola Militar o ascende a sub-tenente e mais adiante vêm os problemas desta pessoa no desempenho de suas funções.
Não teria nada de excepcional que desde quando era cadete o sub-tenente do caso de Arauca houvesse demonstrado alguma inclinação inadequada, ou que tivesse cometido faltas graves que não lhe foram sancionadas, ou por atitudes ilícitas no julgamento ou pela necessidade imperiosa de completar faltantes de quadros de comando devido ao desmesurado crescimento do Exército durante a época da segurança democrática, ou porque sabia-se que ele era culpado porém não havia como demonstrá-lo.
Desconhecemos se a Escola Militar ainda pode fazer as rigorosas visitas familiares com psicóloga e sacerdote a bordo para determinar se o aspirante a cadete tem as condições morais para chegar a ser oficial, ou se isto também o proíbem as frouxas leis colombianas, com o argumento do livre desenvolvimento da personalidade.
O certo é que este era um mecanismo para evitar a infiltração de delinqüentes ou pessoas de má reputação. É de se supor que as unidades de contra-inteligência do Exército trabalham para evitar que isto ocorra, porém talvez sejam insuficientes para essa enorme tarefa frente a um Exército que triplicou seus efetivos em menos de uma década.
Os acontecimentos pontuais obrigam a atual cúpula militar a tomar a ação corretiva firme e sem vacilações. Se as operações Xeque, Fênix, Camaleão e Sodoma demonstraram que se necessita qualidade e não quantidade, é inadiável considerar até onde é positivo o aumento do pé de força sem qualificar ou o incremento de soldados profissionais, quando se sabe que nem todos são elementos de provada moralidade.
Do mesmo modo, deve-se investigar a conduta e antecedentes familiares de todos os oficiais, sub-oficiais e soldados profissionais, desde seu incremento patrimonial até seus comportamentos familiares, sociais e laborais. E, com certeza, é aí que salta a lebre, pois o militar não é uma pessoa comum e corrente. É alguém sobre quem recai a defesa nacional. Das agressões internas e externas.
O Exército colombiano, grande tradicional, respeitado no mundo inteiro, paradigma de virtudes e última esperança dos compatriotas, tem uma imagem e um posicionamento conquistado ante o planeta.
É inaceitável que essa imagem tão grande e cheia de glória seja manchada por culpa de malfeitores de todas as plumagens, que escudados em atitudes ilícitas no julgamento se infiltrem e que, graças a elas, continuem pertencendo à instituição.
Por isso, é improrrogável uma reforma no sistema de incorporações e ascensões, simultaneamente com um incremento das medidas de contra-inteligência. Sem vacilações nem atitudes benevolentes desnecessárias. O que serve, serve. O demais estorva... E para isso se necessita de um Regulamento de Regime Disciplinar de acordo com um Exército em guerra, não com uma entidade oficial civil sem conhecimento da arte bélica, como ocorre com o atual sistema disciplinar. Além de muita contra-inteligência.
Tradução: Graça Salgueiro
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