por Carlos I.S. Azambuja em 08 de agosto de 2008
Resumo: Como e por que é produzido o salto desde o radicalismo islamita até a integração em uma célula terrorista?
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“La frustración social, laboral y política conduce al radicalismo. Así lo muestra el primer estudio policial europeo hecho con casos reales”.
Jornal El País, 25 de novembro de 2007, matéria de autoria de Jose Maria Irujo.
Essa foi a conclusão a que chegou um estudo confidencial conduzido pela Europol (Polícia Européia), a organização que agrupa as polícias européias, segundo escreveu José Maria Irujo, de cuja matéria são os extratos abaixo.
Quem são os terroristas que cometeram o atentado contra os trens em Madri, os ônibus em Londres, os que atentaram contra o aeroporto de Glasgow com carros-bombas ou tentaram envenenar as águas da rua Veneto, em Roma?
Na opinião dos policiais que elaboraram o estudo, não há um perfil único, nem uma só tipologia sobre o terrorismo jihadista que atua na União Européia. O estudo sobre os perfis jihadistas foi elaborado por experts das unidades antiterroristas- Antiterrorism Taks Force, da Europol - da França, Espanha, Reino Unido e Itália, e não foi difundido por razões de segurança, sendo guardado como um tesouro pelos ministérios do Interior desses países e como uma arma eficaz para combater o terrorismo islamita, que configura a principal ameaça à Europa.
Foram analisados como são os seguidores de Osama Bin Laden, os perfis de uma centena de jihadistas implicados em ataques praticados e frustrados, de terroristas vivos e mortos, de infiltrados, confidentes e familiares, buscando o que se passa no mais íntimo dos corações de terroristas dispostos a morrer para conseguir os objetivos da causa.
Suas declarações à Polícia e à Justiça, suas atitudes ante os interrogatórios, foram analisados a fim de buscar parâmetros comuns. Porém, foram vários os resultados obtidos. Segundo um dos investigadores, “não podemos falar de um único perfil: há jovens e maduros, universitários e sem formação, legais e ilegais, fundamentalistas ou indiferentes à religião. O perfil é mais complexo do que imaginávamos”.
Como e por que é produzido o salto desde o radicalismo islamita até a integração em uma célula terrorista? O estudo da Europol assegura que o isolamento e a frustração profissional, social e política dos jovens é o caldo de cultura para ser recrutado. “Utilizam os recursos do país em que vivem. Parecem integrados, porém não se sentem integrados, pois não é a integração que eles querem. E, nessas condições, são cooptados com maior facilidade pelos recrutadores”, assinala um dos investigadores.
A principal ferramenta de cooptação é a Internet e a propaganda e proselitismo do jihadismo na Europa. Em todos os casos estudados nos quatro países, os terroristas consultavam as páginas extremistas, onde existem fatwas, livros sobre a jihad, vídeos violentos e manuais sobre a fabricação de bombas. “Aí, na rede, é onde se encontra a autoria intelectual que leva avante as ações desses grupos”, assinala um expert.
A falta de experiência da maioria deles e as viagens de alguns às zonas de conflito como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Chechenia, Indonésia e, recentemente a Argélia, onde recebem cursos de adestramento em técnicas terroristas, são outros dos elementos comuns entre eles. Os que viajam, regressam à Europa com uma categoria superior e se convertem em emires (chefes) dos grupos aos quais se deve lealdade. “Em quase todos os casos estudados estes são os que dirigem e decidem o que fazer”.
O Informe da Eurool destaca a importância do grupo (célula) na vida desses jovens. Só dentro do grupo podem desenvolver suas personalidades. O grupo se converte em parte de suas novas identidades. Fora do grupo não são nada. No grupo encontram a reafirmação de suas idéias e é no grupo que se produz o salto de radical a terrorista. A entrada no grupo é chave.
O trabalho das polícias européias assegura que as raízes do jihadismo internacional não são novas e sim históricas e antigas. Os terroristas interrogados falam da “nação islâmica” e não se apegam a fronteiras em que peses pertencerem a distintos países. O objetivo de um novo califado e a recuperação dos denominados “territórios perdidos”, perseguido por dirigentes como Abdala Azzam, Osama Bin Laden e Ayman Al Zawahiri são o seu azimute.
O estudo sobre perfis jihadistas analisa com preocupação os casos de jovens terroristas que pertecem à segunda geração de imigrantes, mesmo porque o isolamento e a frustração dessas pessoas é, às vezes, superior à de seus país.
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