quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Justiça extingue ação contra Ustra, ex-comandante do DOI-Codi

A verdade sufocada

Tribunal de São Paulo aceitou o recurso contra a responsabilização do coronel por morte na ditadura militar - Estadão.com.br - da Redação

SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça de São Paulo extinguiu nesta terça-feira, 23, o processo contra o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-Codi - reduto da repressão militar. Por dois votos a um, a 1ª Câmara de Direito Privado da corte aceitou o recurso dos advogados de Ustra contra ação que busca responsabilizar o oficial por torturas e pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, ocorrida em 19 de julho de 1971. A votação no tribunal estava empatada.

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O primeiro voto, do relator Luiz Antonio Godoy, dado em junho, foi pelo acolhimento do recurso - denominado agravo de instrumento - da defesa de Ustra, que afirma jamais ter torturado opositores do regime de exceção. O segundo voto, declarado em agosto, foi um revés para o coronel - o desembargador Carlos Augusto de Santi Ribeiro negou o recurso. Nesta terça, o desembargador Hamilton Elliot Akel votou pela extinção do processo.



A ação foi movida pela família de Luiz Eduardo Merlino, que integrava o Partido Operário Comunista (POC) e tinha 23 anos quando foi preso. A professora aposentada Angela Mendes de Almeida, que era companheira de Merlino, e a irmã dele, Regina Merlino Dias de Almeida, são as autoras do processo na 42ª Vara Cível. Elas não pediam indenização em dinheiro.



A ação tinha caráter exclusivamente declaratório, ou seja, almejava somente o reconhecimento pela Justiça de que Ustra era responsável pela morte do jornalista. Com a extinção, os familiares do jornalista podem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).



Ustra ainda é réu em duas ações declaratórias no Fórum Cível da capital - ambas com o objetivo de levar a Justiça a reconhecer a responsabilidade do coronel - e sofre um terceiro processo na Justiça Federal, que apura seu suposto envolvimento em seqüestros e espancamento de militantes de organizações clandestinas.

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