Voltamos com informações mais recentes da Bolívia, conforme prometi. Evo Morales havia aceitado um diálogo com os governadores da “meia-lua” marcado para amanhã, dia 18 mas, sem mais nem menos (ou será que recebeu alguma ordem urgente de seus mentores e amos, Chávez e Castro?) antecipou para hoje às 17:00 pm. Entretanto, acabo de ver pela CNN em Espanhol que finalmente o encontro teve que ficar para amanhã, pela impossibilidade de locomoção dos governadores, de seus estados até o Palácio Quemado em La Paz, onde seria o encontro.
Hoje o Notalatina apresenta o áudio de uma entrevista dada por Alejandro Peña Esclusa, que está em Santa Cruz (Bolívia), a Fernando Lodoño no programa La Hora de la Verdad. Esta entrevista que tem a duração de 14 m. e 9 s. é importantíssima porque Alejandro revela detalhes do que está ocorrendo DE FATO em Pando e que a imprensa não noticia. A situação é extremamente grave e embora Alejandro afirme que já está mais calma, a contabilidade é ainda muito tenebrosa. Há mais mortos do que a imprensa está noticiando e já é possível crer que em breve alcance a casa das centenas, caso não se chegue a uma solução rapidamente.
O trabalho da imprensa, local e estrangeira, está sob constante ameaça de forças policiais e militares que ocupam toda a cidade. Os jornalistas estrangeiros estão todos hospedados no mesmo hotel por medida de segurança e quando tentam fazer seu trabalho são ameaçados com disparos. Conforme relata o jornalista Carlos Lezcano, da “Red Unitel”, quando tentava entrevistar a delegada presidencial Nancy Texera, a uns 300 metros do aeroporto, atiraram contra ele e o câmera do terminal aéreo. Conta Lezcano: “Uma bala passou a centímetros do câmera. ‘Filme-me, parente’, eu gritava para ele, caso caíssemos ali. Depois vieram os militares, nos insultaram e nos disseram que não se podia filmar”. O jornalista Alexandre Lima, do jornal “O Alto Acre”, viveu experiência similar quando fotografava o momento da prisão do governador de Pando, Leopoldo Fernández (foto que ilustra a edição de hoje).
A maioria dos jornalistas bolivianos está dormindo na cidade fronteiriça de Brasiléia, no Acre, cidade para onde já fugiram umas 400 pessoas. Edgar Balcázar ex-funcionário da Prefeitura de Cobija (capital de Pando), exibiu vários hematomas e marcas de golpes que recebeu após presenciar a morte de um camponês. Segundo Edgar, “Queiram me matar. Não eram camponeses, eram guerrilheiros, estavam armados e começaram a disparar. Porém não me mataram e passei para Brasiléia, onde me atenderam no hospital e onde estou hospedado em casa de amigos”.
Os refugiados acusam os Ponchos Rojos (aqueles que degolaram o cachorro no vídeo que o Notalatina reapresentou ontem), controlados por Morales, pois pertencem à mesma etnia Aymará. Apesar de se vestirem com trajes típicos de sua etnia, os Ponchos Rojos também são vistos portando fuzis e armas de fogo. A maioria desses índios são ex-soldados do exército boliviano que conhecem de estratégia e táticas militares, e alguns desses grupos se preparam para as ações vilentas na planície de K’ala Chaca (“ponte de pedra” em aymará) na montanha Letanías de Viacha. Pelo vídeo percebe-se o grau de violência a que são capazes. Na foto acima eles aparecem com fuzis de madeira nas mãos, numa intimidação pouco velada do que desejam fazer e o mais grave: contam com apoio e cobertura do cocalero Morales. E é esta “democracia” que a carta da UNASUL diz estar defendendo, sabendo que isto é falso, é uma descarada mentira.
O vice-presidente Álvaro García Linera teve vínculos com os Ponchos Rojos e com o bando terrorista “Exército Guerrilheiro Túpak Katari” (EGTK). Juan Carlos Condori, secretário-executivo da federação de camponeses aymarás diz com orgulho: “Nós temos participação na equipe de ministros de Evo Morales. Agora está David Choquehuanca que é ministro de Relações Exteriores. Antes estava nosso irmão Félix Patzi como ministro da Educação”. Quer dizer, é por esta razão que esses índios lutam com toda a violência para defender seu presidente e assim preservarem seus lugares no comando da nação, uma “nação bolivariana”.
Numa entrevista que vi na CNN, um senador republicano se queixava da forma “pouco ativa” de Lula na resolução deste conflito. Dizia ele (não guardei o nome) que, uma vez que o Brasil depende em grande parte do gás boliviano, os Estados Unidos acreditavam que Lula seria um ótimo mediador mas não é isto que está acontecendo, pois ele limitou-se a participar do encontro da UNASUL e nada ficou solucionado até o momento. Como todo estrangeiro, este senhor se ilude com o papel de Lula no hemisfério e, como ele sempre fala em tons moderados, sem os arroubos agressivos e vulgares de Chávez, ninguém percebe que aquilo é um lobo vestido em pele de cordeiro e que ele está por trás de toda esta instabilidade. Alejandro Peña Esclusa esclarece isto perfeitamente na entrevista a Fernando Lodoño que vocês podem ver aqui, uma exclusividade do Notalatina para o Brasil.
E por hoje as notícias são essas. Creio que amanhã teremos mais informações, caso a tal “mesa de diálogo” se realize. Não deixem de ouvir a entrevista de Peña Esclusa!
Fiquem com Deus e até a qualquer momento!
Comentários e Traduções: G. Salgueiro
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