segunda-feira, 22 de setembro de 2008

NERDS DA UFSC EXPULSAM ATIVISTAS DA UNE JORNAL ILHA CAPITAL


Nerds da UFSC expulsam

ativistas da UNE

De um povo heróico,o brado retumbante.

No dia 5 de setembro os leitores do Diário Catarinense foram informados, por uma carta de leitor, sobre um embate ocorrido na UFSC dois dias antes, entre alunos da Engenharia e "Pelegos da UNE":

"Uma caravana de estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) adentrou o campus da UFSC, embarcada num novíssimo ônibus do Ministério da Saúde (do ministro Temporão, aquele do plebiscito do aborto). Invadiram o prédio do Centro Tecnológico para interromper as aulas e fazer baderna. Foram expulsos pelos estudantes e professores, não sem violência física. Travestidos de palhaços e outras fantasias alegóricas estranhas à universidade e portando a bandeira nacional, migraram para outras dependências do campus, continuando a baderna. O absurdo é que enquanto o Ministério da Saúde provê um luxuoso meio de transporte a esses estudantes profissionais, subsidiados com verbas públicas de R$ 700 mil por ano, não há transporte para os segurados do SUS, não apenas para transportá-los aos hospitais, mas até para dar assistência aos familiares, na amarga situação de resgatar os cadáveres dos que morrem às portas dos hospitais." A carta estava assinada por Sergio Colle - Professor na UFSC - Florianópolis."

Originalmente, a nota de Colle tinha por título "A UNE não nos representa". Ela foi praticamente o único registro na chamada "grande imprensa", sobre um fato tão inusitado quanto auspicioso: a enérgica reação de alunos da Faculdade de Engenharia contra um movimento de pregação marxista nas universidades, camuflado de "exercício de cidadania". Ainda por cima, patrocinado pelo Ministério da Saúde. Exatamente: aquele que consome milhões em verbas publicitárias e campanhas de pseudo-conscientização social, enquanto uma parcela da população paga por planos privados e a outra é triturada em filas de espera de atendimento pelo SUS.

As imagens do entrevero que culminou na expulsão dos ativistas da UNE pelos nerds da UFSC estão disponíveis no You Tube: http://br.youtube.com/watch?v=LYDGWJ15yGE&ampfeature=related

Desafia o nosso peitoa própria morte!

Segundo o release distribuído pela UNE, saúde, educação e cultura finalmente chegaram à Santa Catarina: na quarta-feira, 3 de setembro, trazidas pela Caravana que tem "parceria" do Ministério da Saúde. "Em 23 dias de estrada", diz o texto, a caravana "já passou pela região Sudeste e Paraná promovendo diversas atividades e ações de saúde".

Já pela manhã havia uma tenda montada para recepcionar os estudantes... e distribuir preservativos. As tais ações de saúde "contemplaram" vacinação contra a rubéola... e teste rápido de HIV. Um grupo de teatro fazia "intervenções artísticas" como convite para atividades e debates relacionados "à saúde e cultura", "direitos sexuais e reprodutivos", "violência de gênero", "reforma universitária", "acesso à cultura"... e SUS.

A programação incluiu também a exibição de dois filmes documentários: "Sicko", de Michael Moore, sobre sistemas de saúde, que teve parte rodada em Cuba. E "O Afeto que se encerra em nosso peito juvenil", de Sílvio Tendler, sobre os movimentos estudantis dos anos 60, quando os estudantes optavam entre a vida acadêmica e a militãncia para "servir ao povo e à transformação do sistema".

De Floripa, o ônibus seguiu para São Leopoldo (RS), onde deve ter repetido a dose na Unisinos, no dia 5. Até o encerramento do "projeto", em novembro, na Universidade de Brasília, a Caravana da UNE vai percorrer 41 universidades em todos os Estados brasileiros. Sempre, é claro, "levando em consideração a realidade local".

Verás que um filho teu não foge à luta!

Na UFSC, no entanto, a "realidade local" não somente não foi considerada como foi desrespeitada.

Por volta de 8h40min, em plena quarta-feira, os ativistas da UNE ocuparam o pátio interno do Centro Tecnológico (CTC) da UFSC com caixas de som, discursos, cantorias, bateção de tambor e uma bandeira do Brasil, supostamente para divulgar o evento. Assim que começou a algazarra, professores e alunos começaram a sair das salas até lotar as sacadas, reclamando por silêncio, exigindo respeito, vaiando. Os militantes, no entanto, desafiaram: continuaram o praticundum e passaram a responder os xingamentos. Formado o bate-boca, outra bandeira do Brasil surgiu na sacada. Foi quando um grupo cercou a trupe e passou a tomar-lhe os instrumentos da fanfarra. Como resistissem, instalou-se um empurra-empurra, quando um palhaço desequilibrou-se e foi ao chão. Outros UNEiros deitaram ao seu lado.

O vídeo não deixa dúvida quanto ao propósito dos futuros engenheiros de evacuar o CTC e voltar às aulas. Naturalmente formou-se um "paredão humano" que foi conduzindo com palmas os invasores até a saída, sob vibração nas galerias. O episódio, que durou menos de 10 minutos, foi todo filmado e está disponível no You Tube.

Em e-mail distribuído aos colegas, o professor Sérgio Colle esclareceu que, mais tarde, "um grupo de baderneiros, travestido com fantasias de luto, adentrou o restaurante universitário para fazer protesto contra minha pessoa, acusando-me inclusive de ser a mordaça da voz estudantil". Colle disse que incentivou a expulsão dos invasores porque considera que o ambiente acadêmico "deva ser inviolável e de uso exclusivo do ensino". Ele concluiu sua nota com uma crítica à própria instituição: "Não bastassem nossos afazeres cotidianos, ainda somos obrigados a fazer o papel de defensores da integridade do campus, papel que os vigilantes deveriam fazer, neste sentido, impedindo que tais grupos estranhos invadam o espaço universitário." Pois é. Se não precisa de nenhuma licença prévia para esse tipo de atividade, praticamente na porta das salas, durante horário de aula, isso não é democracia. É a casa da mãe joana.

Conseguimos conquistar com braço forte!

Segundo um aluno do curso de Direito, o fato de a militância perturbar as aulas foi o que gerou a confusão, "porque os cursos de Engenharia são muito exigentes e, ao contrário da maioria das faculdades de ciências humanas, a presença em sala de aula é fundamental para obter êxito nas disciplinas". Ele defende os nerds da Engenharia: "Ali é um lugar onde realmente se estuda". Ele conta que essa não foi a primeira vez que o pessoal de ciências exatas atritou-se com o que chama de "os comunas". Nos movimentos grevistas, estudantes de cursos como História, Filosofia e Sociologia aderem de imediato à paralisação dos professores, e passam a tentar cooptar os demais estudantes, geralmente promovendo manifestações pelos corredores. E sempre esbarrando, na Engenharia, em declarada antipatia e resistência. "Há tempos que eles já vêm adotando a postura de "tolerância zero" com badernas na academia", garante. "Por isso, a minha dúvida é se esse pessoal da UNE chegou desavisado ou se queria mesmo provocar". Nas circunstâncias, o futuro advogado concorda que a reação foi à altura da agressão. "Eles mereceram ser expulsos".

Se os alunos tivessem baixado a crista para os ativistas, a "invasão vitoriosa" teria virado notícia, em tom de aprovação disfarçada de crítica. Como a, vá lá, dignidade da militância esquerdista saiu bem arranhada do evento, o fato foi praticamente ignorado pelos órgãos da imprensa local. Afinal de contas, vai que esses maus exemplos de rejeição aos revolucionários e derrota de suas estratégias caiam na boca do povo e comecem a ser seguidos...

Mas a rede mundial de computadores vai cumprindo seu papel de tapar esses furos da mídia amiga dos esquerdinhas. E as imagens no You Tube, da atitude firme e forte dos nerds da Engenharia da UFSC expulsando de seus domínios os militantes da UNE, se espalham pelo país. E vêm sendo elogiadas como um belo exemplo para todas as universidades.

No blogo do jornalista Aluízio Amorim, um anônimo colocou o seguinte coment no post com o vídeo: "É... morei na praia do Flamengo quando esses vagabundos retomaram o prédio. Você acha que a bandeira do Brasil estava hasteada? Não, o que se encontrava hasteada era a bandeira de Cuba."

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!


Publicado pelo Jornal Ilha Capital, www.ilhacap.com.br, Florianópolis, SC, setembro de 2008 - Semana da Pátria

http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=360

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