domingo, 23 de janeiro de 2011

Acordo humanitário e negociação de paz com as FARC?

Mídia Sem Máscara

É evidente que o governo colombiano se apequenou e demonstrou carência de estratégia integral para se opor aos planos terroristas no hemisfério, por não levar os computadores de Reyes à Corte Penal Internacional, por não desmascarar a todos que aparecem ali comprometidos.

A libertação unilateral de cinco seqüestrados em poder das FARC é uma jogada em várias frentes do grupo terrorista, pois busca re-legitimar Piedad Córdoba, projetar Dilma Rousseff como a gestora da "paz" na Colômbia, facilitar o trabalho político vindouro de Lula no continente e, evidentemente, que a comunidade internacional retire das FARC o rótulo de terroristas.

Em teoria soa atrativo um anúncio de aclimatação de paz, porém o fundo do assunto é diferente. As FARC guiam-se pelo Plano Estratégico que não é outra coisa que o roteiro integral que seu partido político tem para avançar para o tomada do poder e impor uma ditadura totalitária na Colômbia, afim com os interesses do socialismo do século XXI.

Não é segredo que os contundentes golpes táticos de conotações político-estratégicas propiciados pelas Forças Militares em desenvolvimento da Estratégia de Segurança Democrática, contribuíram para aumentar problemas internos nas FARC, por exemplo, dificuldades de comunicação entre os cabeças do Secretariado, incremento das deserções, perda do segredo dos seus planos, revelação dos nomes de seus cúmplices dentro e fora do país, corroboração de sua imersão no narcotráfico, assim como a confirmação de sua autoria em diversos atos terroristas, negada por eles mesmos.

Portanto, antes de tomar qualquer decisão de fundo e na contramão com a pressão internacional que os amigos das FARC exercem, o governo colombiano e a Chancelaria devem examinar com lupa os reveladores documentos do Movimento Continental Bolivariano, do Foro de São Paulo e os comprometedores e-mails achados nos computadores de Reyes no Equador, e de Jojoy e Tirofijo em La Macarena.

Nenhum destes documentos se inclina para a paz, com desarmamento e submissão dos terroristas à justiça colombiana. Muito menos refere a reparação das vítimas que o latente ataque das guerrilhas produziu contra as instituições, desde há cinqüenta anos.

Pelo contrário, são planos de guerra combinados com argúcias publicitárias e estratagemas politiqueiros continentais, dirigidas a legitimar as FARC, conseguir que o governo colombiano se sente com os terroristas para falar de acordo humanitário e de suposta paz, para que assim os governos afins ao Foro de São Paulo possam reconhecer-lhes o status de beligerância, abrir-lhes embaixadas em seus países e apoiar o Plano Guaicapuro do governo da Venezuela contra a Colômbia, para instaurar aqui um governo afim ao socialismo do século XXI e a linha castro-chavista.

É evidente que o governo colombiano se apequenou e demonstrou carência de estratégia integral para se opor aos planos terroristas no hemisfério, por não levar os computadores de Reyes à Corte Penal Internacional, por não desmascarar a todos que aparecem ali comprometidos e, fora isso, pelo inexplicável silêncio e manejo a conta-gotas que se deu aos volumosos e, com certeza, explosivos conteúdos dos computadores de Jojoy e Marulanda apreendidos em um mesmo lugar.

Se analisam-se os fatos ocorridos depois da improcedente reunião de Tirofijo com Chávez, Correa, Evo e Ortega no Yarí, o libreto das FARC e seus correligionários foi o mesmo: farsas de libertações a conta-gotas, propaganda enviesada contra o governo colombiano apoiada desde a sombra pelos membros mais recalcitrantes da UNASUL, difusão da idéia de negociar acordo humanitário com a subseqüente paz, ataques terroristas isolados e protagonismo midiático de Colombianos pela Paz em uníssono com a "discrição" mediadora de Lula.

Entretanto, as operações Xeque, Fênix, Camaleão e Sodoma, somadas à torpeza das FARC ao assassinar o governador do Caquetá seqüestrado dias antes e o descobrimento de todos os seus planos, conduziram o curso estratégico dos acontecimentos para que Dilma Rousseff seja a tábua de salvação que evite o naufrágio das FARC como projeto político.

Nessa ordem de idéias, assim como a Chancelaria deve reagir para difundir ante o mundo a realidade "fariana" e denunciar ante os tribunais internacionais os que apóiam o terrorismo contra a Colômbia, os ministérios do Interior, Justiça e Defesa devem desempoeirar as experiências das fracassadas negociações de paz das FARC com as administrações Betancur, Barco, Gaviria, Samper e Pastrana, para assessorar o governo central como deve atuar, dada a farsa reiterativa e a metodologia enganosa do Secretariado das FARC.

A explicação é simples. Se desde há mais de dez anos as FARC se obcecaram em negociar um acordo humanitário para legitimar o seqüestro e alongar a guerra, hoje que estão em dificuldade políticas, militares, logísticas e de interação com os cabeças nacionais, porém doutrinados pelo credo marxista-leninista e convencidos de que a direção tática ao redor do terrorismo é correta, elas não vão renunciar nem ao Plano Estratégico, nem à idéia de lançar a Colômbia no entorno castro-chavista que corre pelo hemisfério.

Ademais, seus sócios internacionais tampouco vão renunciar a essa possibilidade porque, entre outras coisas, os que estão implicados em apoiar as FARC necessitam que o entramado capitalista na Colômbia caia para tirar-lhe esse problema de cima, primeiro com a legitimação das FARC e depois com o apoio militar, econômico e diplomático à ofensiva final do grupo terrorista.

Tudo isto indica que a libertação dos cinco seqüestrados a conta-gotas, como apêndice da busca do acordo humanitário que seus sócios políticos tanto promovem, não é nenhum passo para a paz senão uma jogada estratégica a mais, para a prolongação da guerra na qual levam cinqüenta anos e à qual não vão renunciar, pois como dizia Tirofijo: "estes fuzis os conseguimos em combate, ninguém nos deu, então, tampouco temos porquê entregá-los à oligarquia".

Assim tem sido cada vez que o governo se senta para falar com as FARC. Mudam o libreto, declaram-se agredidos, culpam o governo de toda a violência que as frentes das FARC geraram, ameaçam estar muito furiosos e descontentes com o trato recebido e dilatam as coisas, enquanto suas frente se fortalecem nos campos político e armado.

Em seguida rompem as conversações e afirmam que não lhes restou outra saída do que continuar na guerra. As FARC nunca pensaram em se desmobilizar, nem na reforma agrária, nem na paz. Seu argumento é a guerra para conseguir a paz comunista, quer dizer, para tomar o poder e implantar um governo totalitário na Colômbia. Nem mais, nem menos.

Tradução: Graça Salgueiro

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