Mídia Sem Máscara
| 25 Janeiro 2011
Artigos - Religião
Se não houvessem muçulmanos na Dinamarca, teriam que se re-converter os 90% dos agentes de polícia em outra coisa; em jardineiros, por exemplo.
Nicolai Sennels, de 33 anos, é um psicólogo dinamarquês. Trabalhou durante vários anos para as autoridades de Copenhague. Em fevereiro de 2009 publicou um livro intitulado "Entre os criminosos muçulmanos. A experiência de um psicólogo em Copenhague". Em seu livro, Nicolai Sennels adota um enfoque psicológico sobre a relação entre cultura muçulmana, a cólera, a administração das emoções e a própria religião muçulmana. Sua investigação centrou-se em centenas de horas de observação no transcurso dos tratamentos terapêuticos de 150 jovens muçulmanos internados na prisão para jovens de Copenhague.
EuropeNews (EN): "Nicolai Sennels, como surgiu a idéia de escrever um livro sobre os criminosos muçulmanos na Dinamarca?"
Nicolai Sennels (NS): Tive a idéia em fevereiro de 2008, no transcurso de uma conferência sobre a integração em Copenhague. Em minha intervenção, sublinhei que as pessoas de cultura muçulmana são confrontadas a uma dificuldade, e inclusive a uma impossibilidade de se integrar de maneira harmônica e de se realizar em Copenhague. Esta declaração foi acolhida com fortes resistências pelos homens políticos dinamarqueses, e pelo meu superior hierárquico da prisão para jovens. Surpreendeu-me muito, já que eu pensava que dizer que certas culturas se integram melhor do que outras nas sociedades ocidentais era uma evidência. A Europa inteira tem dificuldades para integrar os muçulmanos, e este empreendimento parece pertencer ao terreno do impossível.
Segundo a Polícia dinamarquesa e o Departamento Dinamarquês de Estatística, mais de 70% de todos os crimes cometidos na capital dinamarquesa são obra de muçulmanos. O Banco Nacional publicou recentemente um informe segundo o qual os custos que o muçulmano estrangeiro origina ao país, elevam-se a mais de 300 mil euros a título de ajudas sociais federais. Ao que há que se acrescentar outras ajudas sociais de outros tipos, por desemprego, por gastos com intérpretes, por aulas especiais nas escolas (64% das crianças escolarizadas cujos pais são muçulmanos, não sabem ler nem escrever corretamente em dinamarquês depois de 10 anos de escolarização em uma escola dinamarquesa), por assistência social, pelos policiais suplementares, etc.
Minha intervenção desembocou em uma advertência legal, uma espécie de sanção profissional, com a ameaça de que, se reitero minhas palavras, serei demitido. Segundo as autoridades de Copenhague, parece que é permitido declarar que os problemas que os muçulmanos enfrentam são causados pela pobreza, pelos meios de comunicação, pela polícia, pelos próprios dinamarqueses, pelos políticos, etc. Porém, duas coisas não são admitidas: 1. falar da importância da cultura e 2., evocar a responsabilidade pessoal dos estrangeiros quanto às suas dificuldades para se integrar em nossas sociedades.
EN: "Examinemos seu livro de perto. O senhor fala de quatro mitos sobre a integração. O primeiro trata da diferença entre a cultura dos imigrantes".
NS: Descobri que os jovens de cultura muçulmana têm outras necessidades em matéria de trabalho social, do que os dinamarqueses ou outras pessoas de cultura não-muçulmana. Entre os muçulmanos sempre há uma desproporção extrema no comportamento anti-social e anti-democrático. O Departamento Dinamarquês de Estatística publicou um informe segundo o qual os oito primeiros lugares na lista de criminalidade por país de origem dos criminosos correspondem a países muçulmanos. A Dinamarca está no nono posto. (Na Dinamarca delinqüem mais os marroquinos, os argelinos, os turcos, etc., do que os próprios dinamarqueses. De maneira que, se não houvessem muçulmanos na Dinamarca, teria que se re-converter os 90% dos agente de polícia em outra coisa, em jardineiros, por exemplo).
EN: "Isto significa que devemos tratar os muçulmanos de maneira diferente dos não-muçulmanos?
NS: Segundo minha experiência própria, os muçulmanos não compreendem nossa maneira ocidental de administrar os conflitos pelo diálogo. Eles são educados em uma cultura que comporta figuras de autoridade e conseqüências externas ao indivíduo muito bem definidas. A tradição ocidental, que utiliza o compromisso e a introspecção como principais ferramentas para tratar os conflitos, tanto interiores como exteriores, é considerada como uma debilidade na cultura muçulmana. Em grande medida, eles simplesmente não compreendem esta maneira mais suave e mais humanista de tratar os assuntos sociais. No contexto do trabalho social e da política, isto significa que o indivíduo necessita de mais limitações e conseqüências mais severas para estar em situação de adaptar seu comportamento.
EN: "Isto nos leva diretamente ao segundo mito, já que se diz amiúde que a criminalidade dos imigrantes é causada por problemas sociais e não por sua origem cultural. Em seu livro, o Sr. se mostra em desacordo com essa tese e assinala a religião como fonte de criminalidade entre os muçulmanos".
NS: Eu reformularia suas palavras falando da cultura muçulmana e não da religião, já que há muitos muçulmanos que ignoram o que está escrito no Corão e que não freqüentam as mesquitas. Porém, estão fortemente influenciados no nível cultural. Constatamos que a cólera - em particular - é muito bem aceita na cultura muçulmana.
Na cultura ocidental e em outras culturas não-muçulmanas, como na Ásia, a agressividade ou uma súbita explosão de cólera são vistas como comportamentos que lamentamos posteriormente e que nos causará vergonha. Na cultura muçulmana ocorre totalmente o contrário. Se alguém escarnece de sua honra, espera-se que você demonstre sua agressividade e que se vingue, tanto verbal quanto fisicamente. Dessa maneira, a agressividade dá um status inferior em nossa cultura, porém um status mais elevado na cultura muçulmana. Mas há outra razão mais profunda para explicar o comportamento anti-social tão amplamente difundido nas comunidades muçulmanas e a grande resistência à integração, e esta é a identificação muito forte que os muçulmanos têm de pertencer à cultura muçulmana.
Meu encontro com a cultura muçulmana foi um encontro com uma cultura excessivamente forte e muito orgulhosa. É certamente uma qualidade que pode garantir a sobrevivência de uma cultura antiga através do tempo. Todas as investigações das quais dispomos sobre a integração dos muçulmanos nas sociedades ocidentais, indicam que continuamos nos encaminhando na direção equivocada. Infelizmente, uma cultura forte e orgulhosa torna seus membros praticamente incapazes de se adaptar a outros valores.
Quando se trata de identidade para os muçulmanos, a nacionalidade não conta para nada em comparação com a cultura e a religião. Daí, em conseqüência, uma poderosa e crescente oposição à cultura e aos valores ocidentais nos guetos muçulmanos de Copenhague e de outras cidades européias.
EN: "Como o Sr. sublinhou, muitos muçulmanos têm um laço muito forte com sua identidade religiosa. O terceiro mito que o Sr. refuta em seu livro concerne à porcentagem de extremistas e de fundamentalistas muçulmanos. Presumivelmente esta porcentagem seria relativamente baixa. Qual é sua experiência?
NS: As pessoas esperam que a maioria dos muçulmanos seja moderna e aceite os valores ocidentais. Minha experiência é diferente e isto foi demonstrado pelas estatísticas que acabo de citar. Em fevereiro de 2008 nos vimos confrontados na Dinamarca com gravíssimos distúrbios protagonizados por jovens muçulmanos. Estes distúrbios eram em parte uma reação à pressão da polícia dinamarquesa devida ao forte aumento da criminalidade, e também resposta à re-impressão das caricaturas de Maomé em todos os jornais dinamarqueses. Esta reedição era um ato de solidariedade com o caricaturista Kurt Westergaard, cuja vida ainda está seriamente ameaçada.
Nestes distúrbios se viu muçulmanos não-praticantes em sua vida cotidiana tomar a defesa de sua cultura e de sua religião de uma maneira muito agressiva. Copenhague ficou coberta de fumaça durante uma semana por causa de uma centena de incêndios, e a polícia e os bombeiros que cuidavam de controlar e apaziguar a situação foram atacados.
Muitos dos protagonistas dos distúrbios foram parar na prisão onde eu trabalhava e tive oportunidade de falar com eles. Quase a totalidade deles eram muçulmanos e todos eles afirmaram que seus atos (provocar incêndios, atacar a polícia, etc.) estavam justificados porque a sociedade dinamarquesa, ao aumentar a pressão sobre a integração e reimprimindo as caricaturas de Maomé, dava prova de racismo contra o islã e a cultura muçulmana. Os escassos dinamarqueses que participaram dos distúrbios o haviam feito por motivos completamente distintos. Suas ações eram principalmente motivadas pela busca de aventura ou de emoções fortes.
EN: O quarto mito é que a pobreza dos imigrantes leva a uma má situação social. Em seu livro o Sr. afirma que é o contrário que é verdade".
NS: Minha experiência é que a muito débil prioridade concedida à escolaridade de seus próprios filhos, a negligência em sua educação e a falta de motivação para planejar uma carreira profissional, são fatores importantes que conduzem à pobreza. Esses fatores são comuns em muitos muçulmanos, tanto em nossas sociedades quanto nos países muçulmanos. Além disso, uma quarta parte dos jovens muçulmanos na Dinamarca têm antecedentes penais. Uma capacidade para a leitura deficiente, uma forte aversão à autoridade e uma ficha criminal carregada, tornam difícil a obtenção de um emprego bem remunerado. É o comportamento a-social que o torna pobre, e não o contrário.
Lamentavelmente, muitos políticos vêem a pobreza como a principal causa dos problemas de integração. Penso que é um ponto de vista horrível e unidimensional acerca das pessoas pobres e dos indivíduos em geral. A idéia de que o comportamento das pessoas é determinado pela quantidade de dinheiro que têm no banco é um ponto de vista extremamente limitado. Como psicólogo diplomado pela Universidade de Copenhague, eu diria que fatores muito mais importantes na vida do que o dinheiro influenciam o comportamento e a maneira de pensar dos indivíduos.
EN: "Quais as conclusões de sua investigação? A integração de pessoas de cultura muçulmana nas sociedades ocidentais é possível?"
NS: Eu diria que os otimistas, as pessoas que dizem que a integração é possível, carregam uma grande responsabilidade ante o futuro. É muito provável que estejam entretendo uma esperança, um sonho sem fundamento na realidade. Existem exceções, porém em sua maior parte a integração dos muçulmanos não é possível. Pessoas qualificadas e cheias de compaixão trabalham em toda a Europa sobre estes problemas para tratar de encontrar soluções, milhares de milhões de euros já foram gastos nestes projetos, porém os problemas continuam se agravando.
A explicação psicológica é, na realidade, muito simples: as culturas muçulmana e ocidental são fundamentalmente muito diferentes. Isto significa que os muçulmanos devem fazer grandes mudanças em sua identidade e em seus valores para chegar ao ponto de aceitar os valores das sociedades ocidentais. Mudar as estruturas básicas de sua própria personalidade é um processo psicológico e emocional extremamente exigente. Aparentemente, muito poucos muçulmanos sentem-se motivados a este empreendimento.
EN: "O que vamos fazer com os muçulmanos que já estão conosco?"
NS: Em primeiro lugar, devemos parar imediatamente toda a imigração de pessoas provenientes de países muçulmanos para a Europa, até que tenhamos comprovado que a integração dos muçulmanos é possível. Em segundo lugar, devemos ajudar os muçulmanos que não querem ou não estão em situação de se integrar em nossas sociedades ocidentais, a construir um novo sentido para suas vidas em uma sociedade que eles compreendam e sejam compreendidos. Isto significa ajudá-los a começar uma nova vida em um país muçulmano.
Temos atualmente os meios econômicos para fazê-lo. Como já disse anteriormente, cada imigrante proveniente de países muçulmanos custa-nos uns 300.000 euros em média. Com este dinheiro poderíamos ajudar esta gente a viver uma vida feliz em um país muçulmano sem ter que se integrar em uma sociedade que não compreendem e que, portanto, não podem aceitar. Não somente os muçulmanos se beneficiariam destas medias, mas também as sociedades européias.
Nota de Minuto Digital:
Recuperamos esta interessante entrevista publicada por EuropaNews em dezembro de 2009. A entrevista, apesar de contar com mais de um ano de antiguidade, é absolutamente atual e recomendamos sua leitura.
Fonte primária: EuropeNews
Tradução: Graça Salgueiro
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