segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Assim será!

Segunda-feira, Setembro 08, 2008

Assim será!

Edição de Artigos de Segunda-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Arlindo Montenegro

Um dia no país do futuro, parei para analisar a satisfação dos nacionais. E fiquei surpreso! Quando tudo anda em harmonia e os direitos naturais são exercidos em sua plenitude há pouco que reclamar. Algumas correções antecedidas de debates acalorados e o ponto crítico era superado, mesmo que temporariamente. A totalidade das crianças estava nas escolas, em tempo integral e todos os professores atuando em todos os níveis contavam com bolsas anuais para atualização durante 3 meses, no mínimo, podendo optar por cursos avançados de técnicas de ensino, mestrado ou doutorado.

Pequenas, medias e grandes unidades escolares espalhadas cobriam todo o território, funcionando como viveiros onde se alimentavam as mentes e corpos para estágios cada vez mais avançados de civilização e humanismo. As escolas estavam voltadas para vocacionar crianças, orientá-las para as profissões técnicas e de nível superior, para artes, esportes, filosofia ou para a pesquisa pura. As grandes metrópoles se haviam esvaziado com a transferência voluntária de trabalhadores para as novas cidades produtivas, implantadas aos poucos nas cercanias das fontes de matéria prima, com grande economia de tempo e transporte.

Uma grande mudança fora alcançada com as agrovilas em vários modelos independentes e sempre ligadas às cooperativas, indústrias de beneficiamento e industrialização, com ferrovias e hidrovias ligando-as entre si aos grandes centros urbanos e aos portos. Um Colégio de Profissionais voluntários, em cada bioma, planejavam as ações, custos e movimentos para a instalação e seleção de voluntários que iriam movimentar cada novo empreendimento, onde a Embrapa, o Senai e outras instituições de ensino médio e superior estavam presentes, desde a escola primária aos centros de formação tecnológica, lado a lado, atendendo a todos, no campo.

Como havia pleno emprego e desde a infância a orientação doméstica, das igrejas e instituições cívicas estava assegurada para o bem comum, a responsabilidade de cada indivíduo, suas escolhas e respeito pelos demais se havia tornado uma rotina. Muito do trabalho voluntário em escolas, hospitais e grupos de estudo, garantia o florescimento e fortalecimento das relações democráticas.

A Lei Maior era conhecida e discutida desde a escola básica, estava descrita em duas dezenas de itens, apoiados em princípios e valores, crenças e objetivos estragégicos. E era comum ver grupos de estudantes e mesmo adultos discutindo direitos, deveres e limites de responsabilidade, estabelecendo-se assim o costume de convivência e colaboração espontânea, com vistas ao objetivo de aprimorar os comportamentos e fruir das artes e do lazer a que todos tinham direito.

O Estado estava enxuto. As resoluções dos Conselhos Municipais, integrados por profissionais das áreas produtivas, educação e saúde, orientavam as decisões dos Conselhos de Governo em todas as instâncias. A burocracia era coisa do passado e utilizando a internet ou nos encontros mensais, as pessoas podiam responder a consulta de seus representantes, para orientar o voto em decisões importantes, principalmente aquelas que se diferenciavam de uma região para outra, em respeito aos costumes e prioridades locais.

O profundo corte nas despesas havia enxugado a máquina governamental ao mínimo, reduzindo também custo com viagens e mordomias, já que as decisões municipais e as vídeo conferências garantiam que as consultas e decisões fossem céleres. A eficácia e avaliação dos funcionários do Estado, garantia contratos sem influência privilegiada. Competência, inovação e correções garantiam a economia dos projetos e obras, longe de viés corruptores. Os poucos casos de improbidade comprovada eram severamente punidos com o banimento da vida política.

Nas fronteiras, onde estavam localizadas as mais importantes concentrações militares, os jovens que não seguiam a carreira das armas saiam diretamente para as universidades, para agrovilas ou industrias, conscientes da missão de trabalhar para manter a soberania e independência pátria, determinados a viver uma vida plena e exemplar.

Aqui e ali surgiam notícias esparsas de indivíduos ou grupos descontentes. A maioria dos casos tinha resolução local. Quando eram necessárias ações mais enérgicas, as forças armadas admitiam os insatisfeitos para um período de trabalho voluntário numa unidade de fronteira. Muitos daqueles moços, depois de experimentar a disciplina, a vida da caserna, o companheirismo, a vigilância constante, voltava ao convívio social com maturidade, lucidez e força suficiente para a vida produtiva e familiar.

As manifestações culturais e artísticas eram cultivadas e usufruídas por todos, em toda parte. A formação musical e os esportes, teatro e literatura eram incentivados desde a infância e juventude, facilitando a expressão e a busca continuada do conhecimento histórico, filosófico e artístico. Garantindo também a alegria da convivência e a versatilidade para lidar com as emoções e paixões humanas.

As marcas do passado – tentativas do comunismo, internacionalismo totalitário, entreguismo de oligarquias, desprezo as pessoas, criminalidade e pobreza – eram imagens visitadas nos museus, exemplos de dor e tristeza.

Acordei e notei que estava só. Como de hábito, descrevi o sonho e retomei a rotina na dura realidade. Era o dia 7 de Setembro. Não vi nos jornais nenhuma menção ao Dia da Pátria. Os canais de tv em sua rotina normal de exibição de esportes, shows e até o canal do senado, sem nenhuma citação à data, transmitia um concerto sinfônico gravado na Espanha.

Foi bonito. Um sonho, só.

Arlindo Montenegro é Apicultor.

Alerta Total de Jorge Serrão

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