sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O ATAQUE ÀS DUAS TORRES

Naquele fatídico 11 de setembro ruíram facilmente as duas torres de concreto do WTC e parte do edifício do Pentágono, símbolo do poder militar norte-americano. Na época surgiram várias teorias conspiratórias sobre a participação americana na catástrofe, dentre as quais algumas que tinham algum substrato na realidade, embora seus delirantes inventores nem se dessem conta de qual seria este. É um fato psicologicamente comprovado que todo, ou quase todo, delírio parte de alguns rudimentos de realidade em cima dos quais é montada uma estrutura fantástica. Pois estes rudimentos estavam todos relacionados com o desleixo pela segurança nacional durante os oito anos do governo Clinton. Há tudo para indicar que não se tratou apenas de desleixo, mas, em alguns casos, ação ou inação deliberada.

Clinton, com sua política de appeasement - cantada em loas pelas esquerdas mundiais - levantou o embargo à Coréia do Norte, recebeu o terrorista e assassino confesso Yasser Arafat com honras de Chefe de Estado, concedeu privilégios comerciais à China Comunista, afrouxou os controles da imigração, sucatou os órgão de segurança (CIA, FBI, NSA), proibiu o governo colombiano de usar contra as FARC’s a ajuda econômico-militar americana - fazendo com que o narcotráfico tradicional fosse desbaratado e entregue de bandeja para a guerrilha - empreendeu ações bélicas desastradas como no Sudão. A lista de desserviços ao País só é suplantada pela lista de bons serviços prestados às estagiárias. Enquanto crescia assustadoramente em todo o planeta o antiamericanismo obsessivo, invejoso e rancoroso, os americanos viviam num sonho do qual o amargo despertar se deu em 11 de setembro.

Outro risco, maior ainda, está ameaçando os EUA agora. Maior porque mais insidioso e com alvos mais cruciais do que estruturas de concreto, vidro e aço, mas que constituem o próprio cerne em torno do qual foi construída a Nação, duas torres morais que são seus sustentáculos. E mais uma vez, raras são as vozes que tentam alertar a população. Mais uma vez o perigo vem mais de dentro do que de fora. Mais uma vez com pleno apoio dos Democratas.

Duas ações deram entrada na Suprema Corte dos EUA nos últimos meses, uma já julgada e outra em tramitação.

*********************************

Em 2001 o Presidente (Chief Justice) da Suprema Corte do Estado do Alabama, Roy Moore mandou instalar na rotunda do edifício da Corte um monumento contendo os Dez Mandamentos. Em outubro do mesmo ano, os advogados de três ONG’s entraram com um processo exigindo a retirada do monumento pois o mesmo "os ofendia". O Juiz Distrital Federal, Myron Thompson, de Montgomery, ALA, acatou em 2002 a petição e ordenou a remoção, porque o mesmo "violava a proibição constitucional do Governo promover uma religião". Moore recusou-se, os outros oito Juízes Associados votaram pela remoção e Moore apelou para a Suprema Corte dos EUA. Duas ações a favor do Juiz não chegaram a ser julgadas. O Monumento foi finalmente retirado e proibido de ser exposto publicamente por acórdão da Suprema Corte, e o Juiz Moore foi destituído da Presidência da Corte Estadual. [Quando eu estava escrevendo este artigo (13/11/2003) veio a notícia de que o Juiz Moore havia sido destituído de todas as suas funções por uma Plenária de Ética da Corte Suprema do Estado do Alabama].

A controvérsia se deu em torno da Primeira Emenda que diz "O Congresso não fará lei relativa ao estabelecimento de religião ou proibindo o livre exercício desta..." [Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof…]. Thomas Jefferson interpretava, de acordo com a doutrina da nullification, que os Estados são superiores ao Governo Federal que criaram, e detém o direito de tornar nulas as leis federais (incluindo, pasmem de inveja os leitores brasileiros, tributos e taxas!!!) dentro de suas fronteiras.

Está fora de minha competência discutir direito constitucional americano mas o assunto é bem outro. Os Dez Mandamentos formam a base de toda legislação judaico-cristã e as Tábuas da Lei constituem o mais importante pilar moral da Civilização Ocidental, criaram a primeira organização do povo Judeu que corria o risco de se destruir pela falta de regras. Obviamente, as esquerdas comemoraram vivamente a remoção pois a obediência às suas restrições morais torna difícil de engolir grande parte de sua ideologia "social". As imensas taxas e impostos cobrados dos ricos não seriam uma violação do Não Roubarás?

Os argumentos de que estes atos derivam da necessária e incontestável separação Igreja-Estado, não passam de falácias, pois o que a Primeira Emenda proíbe é o estabelecimento de uma "igreja nacional", com exclusão de todas as outras, pois os Founding Fathers levaram em conta os malefícios de tal mistura na Inglaterra, na França e na Rússia. A hipocrisia das esquerdas vai mais longe ainda: os mesmos que processaram o Juiz Moore apoiaram um brutal aumento de impostos da ordem de US$ 1.2 bilhão sobre os ricos e prósperos do mesmo Estado do Alabama, proposto pelo Governador Riley. O argumento do Governador? Suas crenças Cristãs! Em suas próprias palavras: "Passei muito tempo lendo o Novo Testamento e percebi que ele tem três grandes filosofias: amar a Deus, amar uns aos outros e cuidar dos mais desafortunados". Em linguajar petista, dos excluídos.

A esquerda não faz nenhuma objeção a misturar Religião e Estado, desde que ela sirva a seus propósitos ou sempre que a religião em pauta não seja o Judaísmo ou o Cristianismo! Assim que, reunidos na American Civil Liberties Union (ACLU), sempre adotam dois pesos e duas medidas. Contra Cristianismo e Judaísmo tudo, porém aplaudem veementemente a aprovação pelo legislativo californiano do gasto do dinheiro dos contribuintes para erigir imagens do deus pagão Quetzalcoatl na Califórnia, apesar do déficit orçamentário estadual de US$ 38 bilhões! Apóiam também no Senado um Projeto de Lei chamado Sacred Sites Bill que, se aprovado, criará uma poderosa entidade chamada Native American Heritage Commission, totalmente controlada por Americanos Nativos (o politicamente correto para Índios), com o poder de regulamentar o uso de todas as terras que incluam, ou estejam próximas, de um "lugar sagrado" dos Índios. É interessante salientar que tribos californianas que operam cassinos bilionários, doaram grandes quantias para inúmeros políticos do Partido Democrata, incluindo a doação de US$ 300,000, poucos dias antes da eleição de recall do último dia 7 de outubro, ao candidato Democrata e Vice Governador Cruz Bustamante! Que coincidência!!!

**********************************

I Pledge Allegiance to the flag of the United States of America

and to the Republic for which it stands, one Nation

under God, indivisible, with liberty and justice for all

Esta é a versão atual do The Pledge of Allegiance (Juramento de Lealdade), recitado pelos alunos das escolas públicas americanas. Em 33 Estados obrigatória e diariamente; em seis, apenas recomendada; os demais mantém diferentes regras. Foi criado pelo Pastor Batista Francis Bellamy (1855-1931), em 1892, expressando as idéias socialistas utópicas de seu primo, o escritor Edward Bellamy, das quais partilhava. É considerado tanto um juramento patriótico, como uma oração pública.

Pois esta peça patriótica também está ameaçada em função da mesma Primeira Emenda. No Estado do Colorado, o Juiz Federal Distrital Lewis Babcock emitiu uma ordem de restrição preventiva contra o Juramento pois o mesmo é discriminatório contra estudantes que se recusam a recita-lo por "razões de consciência". A mesma ACLU entrou com o pedido de suspensão pois o mesmo "viola os direitos constitucionais previstos na Primeira Emenda". Ann Rosenblatt, da escola secundária de Cherry Creek diz que "não acredita em jurar lealdade a um objeto inanimado".

Em Sacramento, CA, Michael Newdow, um autodenominado ateu, processou o distrito escolar onde sua filha estuda porque o Juramento "fere a liberdade de religião de sua filha de 9 anos", por conter a expressão under God. No processo, exigia que o Presidente dos EUA deveria excluir esta expressão. Sua ex-mulher, Sandra Benning, que detém a custódia da menina, considera válido o Juramento e diz que sua filha nunca se opôs a recita-lo. No último dia 14 de outubro a Suprema Corte dos Estados Unidos aceitou ouvir o caso e espera-se uma decisão para o próximo mês de junho. Já duas vezes a Corte considerou constitucional o Juramento.

Mathew Woessner, do Hudson Institute, declarou dia 22 de outubro que "o caso pode ser, em última análise, uma das mais importantes batalhas legais desta geração". O Procurador Geral, John Ashcroft, mostrou referências religiosas no Hino Nacional e no moto nacional "In God We Trust" como expressões meramente cerimoniais, lembrando o respeito dos mais de 200 anos pela tradições religiosas e a importância do patriotismo na formação dos americanos.

Não se trata de uma disputa puramente religiosa, mas uma batalha entre os defensores da democracia e aqueles que querem impor sua visão moral - que são livres para defender - a todos os demais. O que aqui se coloca é o direito de muitos recusarem o Estado como detentor da mais alta autoridade moral, colocando-o abaixo de Deus, under God e, ao mesmo tempo abaixo do patriotismo espontâneo do povo. Os não religiosos - como eu - não deveriam apoiar tais posições antidemocráticas na crença ingênua de uma vitória do Governo laico sobre a religião, pois precisam lembrar que o próprio direito de não ter religião só está assegurado quando há o direito recíproco para os demais. E isto só foi possível, após uma árdua luta de séculos, exatamente na Civilização Ocidental com suas origens, precisamente, nas religiões Judaica e Cristã!

Religiosidade e patriotismo: as duas Torres morais ora atacadas.

********************************

Não só nos EUA isto está ocorrendo. Na Itália, símbolo da Cristandade, um muçulmano, Abdel Smith, entrou com um processo para que se retirem os crucifixos das escolas públicas "pois isto ofende a liberdade religiosa de seus filhos". Estranho, pois mesmo não sendo religioso, jamais me senti ofendido por um crucifixo - ou qualquer outro símbolo religioso - parece coisa tirada das lendas de vampiros de autoria de Bram Stoker!

Na Inglaterra a Cruz Vermelha Britânica anunciou que sua campanha de Natal deste ano não fará alusão nem conterá símbolos Cristãos! Ué, eu sempre pensei que Natal - de onde vem natalício, data de nascimento - era exatamente a comemoração do nascimento de Cristo! Estarei enganado? Certamente não. O que ocorre é que o Natal foi fixado próximo a uma data pagã, a do solstício de inverno. E é isto que se tenta reviver: o paganismo e o politeísmo. Tenho mais a dizer sobre isto nos próximos artigos, mas cabe lamentar aqui o desserviço prestado por Mel Gibson ao se alinhar nesta campanha com seu filme antijudeu sobre a vida de Jesus. Se Judeus e Cristãos construíram esta civilização e depois de séculos de perseguições finalmente se entendem melhor, jogar uns contra os outros é seguir uma tática que já foi moto do Império Romano: Divide et Impera!


Heitor De Paola, MSM, em 15 de novembro de 2003

Nenhum comentário: