Octubre 29th, 2008
Geração Y / Generación Y
Blog de Yoani Sánchez de Havana, Cuba
Mãos que saem de trajes bem cortados apertam hoje na ONU o botãozinho vermelho, verde ou amarelo para pronunciarem-se sobre o bloqueio/embargo*. Nas últimas semanas, a televisão nos arremessou o repertório completo de cifras, testemunhos e análises sobre os estragos das restrições comerciais de que padece Cuba. O tema tem sido tão manipulado pelos políticos que, aqui em baixo, muitos temos optado por “pô-la em off” ou “apagar-lhe o tabaco”.
Ao prever o resultado das votações, gostaria de remeter-me ao outro assédio, o de cada dia. Esse que impede que eu possa entrar ou sair livremente de meu país, que me associe à um grupo político ou crie uma pequena empresa familiar. Um bloqueio interno, construído a base de limitações, controle e censura, que tem custado aos cubanos consideráveis perdas materiais e espirituais. Tento deixar-me levar pelo Granma - tenho que fazer um grande esforço - e trato de encontrar o protagonismo disto que hoje se debate nas Nações Unidas. Saio à rua e o que mais salta a vista são as contínuas restrições que nossos governantes nos impõem; esse muro contra o qual ninguem votará hoje na ONU.
Se nos deixassem apertar o botão! Se pudessemos votar para superar o cerco que nos bloqueia no interior da Ilha! Eu deixaria meu dedo sobre o botão verde durante vários dias.
* Resisto a chamar-lhe de alguma das formas alcunhadas - já sabem como nós linguistas somos rudes com essas coisas-. Nas minhas conversações cotidianas digo simplesmente “o pretexto”, a torpe “justificativa” que tão bem usam os que nos bloqueiam aqui dentro.
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