Domingo, Outubro 12, 2008
Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total
Por Jorge Serrão
Henrique de Campos Meirelles, de 63 anos, é o homem fundamental para o destino do chefão Luiz Inácio Lula da Silva, no curtíssimo, no médio ou no longo prazos. Meirelles será o principal concorrente ao projeto de retorno presidencial de Lula, em 2014. Motivo simples de explicar. Meirelles pretende ser governador de Goiás em 2010. Quatro anos depois, seu alvo será o Palácio do Planalto. Meirelles sonha com a cadeira presidencial desde 2002, quando se aposentou da presidência mundial do BankBoston.
Talvez a equipe estratégica do chefão Lula já saiba destes planos. Há bastante tempo, a vontade de detonar Meirelles do BC é imensa. Ele também está doido para deixar o cargo. Mas a detonação da crise financeira internacional, mexendo na liquidez de grandes bancos, o obriga a ficar onde está. Para pavor do chefão Lula, que não entende direito o que o Presidente (do BC) lhe explica, Meirelles é o homem mais poderoso do Brasil e tem papel estratégico no mundo de hoje.
Simplesmente porque Meirelles preside os destinos econômicos do único País, junto com os EUA, que será o grande credor líquido no final da presente crise financeira global. O Brasil não pode e nem vai quebrar porque é o fornecedor das principais commodities (alimentos e minerais) que sustentam o resto do mundo. Meirelles teve as informações privilegiadas sobre o caos no mundo financeiro.
Eis por que Meirelles adotou uma política monetária ortodoxa no BC. Blindou o sistema financeiro nacional e fez reservas internacionais em dólar em um volume que ninguém entendeu e apenas poucos ousaram criticar. Meirelles guardou (aplicou, né?) mais de US$ 200 milhões do Brasil nos confrinhos dos banqueiros amigos. Tudo porque tinha a informação privilegiada de que a crise viria não na forma de uma “marolinha”, mas de um tsunami sem hora para acabar.
Lula anda brigado com Meirelles que hoje manda no Brasil de verdade. Agora, vai ter de aturar o Presidente de fato do País. Meirelles acaba de conquistar o prêmio de "Financista do Ano". A honraria foi concedida pela revista especializada "Latin Trade", editada em Miami. Em Washington, ontem, também faturou o prêmio de banqueiro central do ano da América Latina. Durante a premiação, Meirelles deixou claro que o BC do Brasil tem tomado decisões dentro da área de competência e "certamente o presidente Lula tem dado apoio e concordado com as decisões do BC".
Ou seja, Lula não manda. Apenas obedece. O chefão está PT da vida com Meirelles, que pode atrapalhar seus planos de voltar ao Planalto em 2014. Se Meirelles se sair bem na condição da crise atual, alimentará ainda mais sua fama de bom gestor. E mesmo não sendo tão popular quanto o chefão, Meirelles terá o apoio fundamental para ser presidente do Brasil: o dos banqueiros internacionais socialistas fabianos. Eles escolhem quem vai ocupar a Presidência da República. O povinho apenas vota no boneco do ventríloquo, seja ele quem for.
O adversário de Lula tem um histórico de poder. Em 1984, Henrique Meirelles conseguiu a façanha de ser alçado ao posto máximo do BankBoston. Curiosamente um banco que, até 1947, sequer aceitava estrangeiros nem como clientes. Antes de nomeá-lo, a cúpula do BankBoston consultou o Federal Reserve, o banco central privado americano, sobre a hipótese de escolher um brasileiro para presidente. Nunca um estrangeiro, fosse ele sul-americano, asiático ou europeu, havia dirigido uma casa bancária de tal porte nos Estados Unidos.
O Fed não fez restrição alguma a Meirelles. Apenas realizou uma rápida consulta aos bancos centrais do então G-7, o grupo que reúne as nações mais ricas do mundo. Descobriu que não havia casos similares nesses países. Em todos eles, grandes bancos só eram dirigidos por cidadãos nascidos no país. O engenheiro Meirelles foi um fenômeno à parte. Sua cerimônia solene de posse teve até juramento sobre a Bíblia Sagrada. Meirelles também jurou sobre a Constituição americana.
Meirelles fez jus a um salário anual de US$ 2 milhões de dólares. O valor podia subir muito quando contabilizadas as bonificações e opções de compra de ações. Em 1999, quando o BankBoston se fundiu com o grupo Fleet Financial, Meirelles teve direito a uma remuneração de US$ 14,6 milhões de dólares, incluindo nessa conta salários, opções de ações e bônus.
Em Boston, Meirelles morou numa casinha de US$ 5,5 milhões de dólares. Incomodado com a vida pacata (talvez de bosta) da cidade, mudou-se mais tarde para Nova York. Na Big Apple comprou um apartamento de
Um belo dia, o milionário Meirelles decidiu abandonar o maravilhoso mundo das finanças internacionais para tornar-se político no Brasil. Quis trocar seu big apê em NY pelo Palácio da Alvorada. No ano de 2002, Meirelles pensou em disputar a Presidência da República. Notou que era cedo para isto. Então, botou na cabeça que disputaria uma vaga de senador por Goiás. Logo percebeu que também era areia demais, mesmo para seu super poderoso caminhão de dinheiro e apoios. Logo concluiu que seu caminho seria a Câmara dos Deputados.
Só teria de se filiar a um partido. Procurou o PMDB, o PFL e o PTB. Impressionante, foi rejeitado. Quem o aceitou, depois de uma indicação pessoal do então presidente FHC, foi o PSDB. O neotucano Meirelles saiu candidato a deputado federal. Venceu, com surpreendentes 183 mil votos. Muito sufrágio para um mero desconhecido, que só era popular no impopular mundo global das finanças.
Acontece que Meirelles não assumiu o mandato. A Oligarquia Financeira Transnacional o designou para a presidência do Banco Central do Brasil. Foi o primeiro sujeito indicado antes de Lula assumir, para substituir outro homem de confiança do mercado financeiro global: o economista Armínio Fraga, da Gávea Investimentos, homem de confiança do mega-especulador-investidor George Soros – ilustre socialista Fabiano. Em dezembro de 2002, Meirelles teve seu nome anunciado nos EUA, para a presidência do BC, durante uma viagem de beija mão do já eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Meirelles declarou seu patrimônio de R$ 100 milhões e assumiu o posto de “autoridade monetária”. Tornou-se um dos homens mais poderosos da primeira e da segunda gestão Lula. Sofreu covardes ataques de petistas de peso, como os senadores Aloísio Mercadante, Eduardo Suplicy e do seu “companheiro” de desgoverno, Guido Mantega. Meirelles foi muito duro na queda.
Em maio de 2005, Meirelles sobreviveu a uma denúncia do Procurador-Geral da República. Antônio Fernando de Souza pediu sua quebra de sigilo fiscal ao Supremo Tribunal Federal. Meirelles foi suspeito de fazer remessa ilegal de dinheiro ao exterior. Um processo foi aberto. No entanto, foi arquivado no mesmo ano. O plenário do STF considerou improcedente a denúncia do Ministério Público Federal.
Aliás, deve ser o mesmo que ocorrerá com o caso de outro homem poderoso e que foi grande parceiro de Meirelles: o deputado federal Antônio Palocci Filho. O ex-ministro da Fazenda (e ex-sucessor da gestão financeira da campanha presidencial petista, logo após ao assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel) também foi denunciado ao STF por Antonio Fernando de Souza. Motivo torpe: quebra de sigilo funcional. O ex-ministro foi acusado de dar ordem para que o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa fosse quebrado. O relator do caso Palocci foi o atual presidente do STF Gilmar Mendes...
Mas voltemos a Meirelles, que sonha largar o Banco Central assim que puder e deixarem, para se candidatar ao governo de Goiás, em 2010. Por causa da ação contra o presidente do Banco Central, o desgoverno Lula inventou um jeito de blindá-lo. Com a Medida Provisória 207, o presidente do BC ganhou o mesmo foro privilegiado dos ministros. A MP logo foi considerada constitucional pelo STF. Acabou incorporada à lei 10.683 que cuida do foro especial das autoridades.
Lula que se cuide. Meirelles está blindado para 2014. Ao PT só restará impedir que ele se candidate e vença o governo de Goiás, em 2010. O marido da Eva, que não leva o menor jeito para Adão, sonha com o Palácio do Planalto em 2014. Quem pode impedir Meirelles de realizar seu sonho, quando tiver 69 anos de idade? Só se a Eva, na intimidade da alcova, o convencer de que não vale a pena presidir o verdadeiro Paraíso do Mundo, que é o Brasil.
Apenas uma previsão
A notícia sobre a candidatura de Meirelles ainda não saiu na Veja, na Istoé, na Época, nO Globo, na Folha de S. Paulo, no Estadão ou em qualquer outro jornalão.
Quem sabe, às vésperas da eleição de 2014, estará em destaque na mídia?
O Alerta Total apenas antecipa quem é o maior adversário aos projetos futuros de nosso popular chefão.
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