Sexta-feira, Outubro 10, 2008
Terceira Edição de Sexta-feira do Alerta Total
Por Jorge Serrão
Exclusivo – O presidente Henrique Meirelles (futuro governador de Goiás) tem uma manobra armada para travar a taxa de câmbio nas operações de mercado futuro. A partir de segunda-feira que vem, o Banco Central voltará a praticar o sistema de câmbio com bandas de flutuação “sob controle mais rígido”. Seria o retorno do intervencionismo estatal sobre o mercado.
Tal informação vazou ontem à noite do Banco Central. Acontece que, economicamente, tal medida seria um desastre. A autoridade monetária daria um tiro no próprio pé, ao assumir, como medida do BC, uma manobra que interessaria aos próprios especuladores - que querem forçar a "queima" de dólares nas reservas. De toda forma, hoje cedo, o BC soltou um comunicado garantindo que não há limite de recursos para suas atuações em operações cambiais.
Ontem, o discurso tecnocrático dos bastidores revelava que o Banco Central admitia a possibilidade de gastar até 10% das reservas cambiais - cerca de US$ 20 bilhões - para irrigar o mercado de câmbio. O BC também adotaria de uma política fiscal anticíclica em 2009. O objetivo é proteger o sistema financeiro evitar uma quebradeira sistêmica de quem tem altas despesas em dólar.
A intenção é diminuir as taxas de risco (os spreads, no economês). Ontem à noite, na reunião de emergência convocada pelo presidente Meirelles com o chefão Lula e seu gabinete de crise, estava em gestação, para segunda-feira que vem, a adoção de uma desvalorização cambial. Não se sabe se o real sofreria uma maxi ou mini depreciação, com a subida do dólar próxima de R$ 3. Se isto realmente ocorrer, será aceitação de que o câmbio opera fora da realidade.
Os alvos dos cuidados do Banco Central são os importadores ou quem tem dívidas a pagar, no curto prazo, em moeda norte-americana. A proteção do BC também valeria para quem tem dólares a receber, como é o caso dos exportadores e de credores de contratos dolarizados. BC estuda uma operação de financiamento em reais (para exportadores e importadores), numa operação combinada de compra e venda de dólares. Tudo aconteceria no esquema de volatilidade de opções. Daí se justificarem a tais bandas de flutuação “sob controle”, com margens pré-definidas.
O principal temor é que o real se desvaloriza sem controle e muito além do ideal. O cenário de dólar cotado a R$ 3 já é mais que “real” (sem trocadilho econômico infame). Pelo menos no panorama conjuntural de hoje, quando os instrumentos comuns de administração macroeconômica se mostram ineficazes.
O que mais assusta o desgoverno Lula é a súbita e enorme quebra de liquidez dos bancos – inclusive os grandes. A tal “marola” prevista por Lula afogou quem se pensava um saudável nadador na piscina de lama da especulação financeira transnacional.
Agora, o BC sabe que não tem como segurar a alta do dólar. A tática dos leilões não ganha o jogo eternamente. Por isso, aplica o provérbio martasuplicyano: “Quando a curra é inevitável, relaxa e goza”.
Marolinha de hoje cedo
A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 10,2%, 35 minutos após o início do pregão e entrou em circuit breaker (mecanismo que interrompe o pregão quando a bolsa cai mais de 10%).
O dólar mantém-se em forte alta nesta sexta-feira, com valorização acima de 4%, oscilando entre a R$ 2,28 e R$ 2,30.
O Banco Central já anunciou que fará pelo menos dois leilões de venda de dólares no início desta tarde, na intenção de conter a disparada da moeda americana.
Alerta Total de Jorge Serrão
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