Quinta-feira, Outubro 23, 2008
Edição de Quinta-feira do Alerta Total
Por Jorge Serrão
Uma manobra cambial comandada por um grande banco suíço força o Banco Central do Brasil a queimar suas reservas internacionais bilionárias. O esquema, que deixa o BC refém da alta do dólar, faz parte de um ataque especulativo mundial contra as moedas de países emergentes. A autoridade monetária terá pouco a fazer para conter uma maxidesvalorização do real.
O Banco Central negocia empréstimos em dólar com o Fed (Banco Central privado dos EUA) para intervir no câmbio. Como a medida não deve surtir muito efeito, ainda mais depois de anunciada quase que oficialmente pelo BC, a equipe econômica tentará repetir a velha tática de adoçar o bolso dos especuladores. O Brasil pretende zerar o Imposto sobre Operações Financeiras cobrado de estrangeiros que compram títulos do governo e de empresas que trazem recursos de empréstimos e financiamentos para o país ou remetem dólares.
Outra medida apelativa foi a Medida Provisória 443. O presidente Henrique Meirelles confirmou que existe o interesse de outros bancos centrais do mundo em realizar operações com reais. Assim Meirelles justificou a nova medida, que permite o BC realizar operações de swaps (contrato de derivativo que prevê troca entre variações de diferentes ativos) com seus congêneres.
Meirelles também informou que, até o momento, nenhum banco brasileiro recorreu ao redesconto. A linha de empréstimo especial do BC, espécie de "cheque especial" dos bancos, permite que carteiras de créditos da autoridade monetária funcionam como garantias dos empréstimos.
Depois de constatar que a marolinha virou mesmo um tsunami no horizonte, o desgoverno baixou ontem a Medida Provisória 442. Graças a ela, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica podem comprar, sem licitação, bancos e empresas em dificuldade ligadas a eles. As operações da Caixa poderão envolver outros setores, principalmente a construção civil, seguradoras, empresas de previdência privada e de capitalização. Para isso, será criada uma nova estatal, um banco de investimento para comprar participações.
O desgoverno abriu caminho para a estatização do setor e a criação de subsidiárias de BB e CEF sem aval prévio do Congresso. Por trás das medidas, o governo embute brechas para socorrer empreiteiras financiadoras de campanhas, bancos envolvidos em corrupção e maus gestores.
Postado por Alerta Total de Jorge Serrão às 06:43
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