sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Revanchismo: Vanucci jura que tem o apoio de Lula para pressionar AGU a mudar parecer em favor da Lei de Anistia

Sexta-feira, Outubro 31, 2008

Alerta Total

Por Jorge Serrão


O chefão Lula da Silva, bastante a contragosto, é colocado no meio da onda revanchista promovida pelos radicais de seu desgoverno. O secretário especial de Direitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, avisou ontem que tem o respaldo do Presidente da República para cobrar que a Advocacia Geral da União (AGU) reveja, imediatamente, o parecer que contesta uma ação movida na Justiça paulista, pelo Ministério Público, em defesa da punição cível a supostos “violadores de direitos humanos nos tempos dos governos militares”.

Paulo Vannuchi advertiu que Lula é quem decidirá a polêmica. O lembrou que, quando chamado para o cargo de Secretário de Direitos Humanos, o presidente reclamou estar insatisfeito com o encaminhamento dado pelo governo ao tema dos mortos e desaparecidos e o tabu em tratar do assunto para não ferir suscetibilidades no meio militar. Na versão de Vanucci, Lula lhe disse ter avisado os chefes militares que não queria passar à história como o presidente que jogou uma pedra sobre o assunto.

O parecer da AGU considera perdoados pela Lei da Anistia os eventuais crimes de tortura cometidos no que a esquerda chama de “ditadura militar” (1964-1985). A posição da Advocacia da União beneficia diretamente os coronéis reformados do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, acusados de violações aos direitos humanos. Revoltado, Vannuchi alega que existe "um evidente equívoco a ser corrigido" no parecer da AGU. E insiste: "O equívoco vai ter de ser revisto". A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, aparelhada pelos aliados de Vanucci, pensa do mesmo jeito.

O pepino sobra para o chefão Lula, que tem dificuldades pessoais em tratar do assunto. O ex-líder sindical Luiz Inácio teme que uma eventual abertura de “arquivos da ditadura” o comprometa. Policiais que trabalharam nos bastidores do Departamento da Ordem Política e Social da Polícia Federal, comandado pelo hoje senador Romeu Tuma, confidenciam que Lula tinha muita intimidade com agentes do DOPS que se aproveitou do órgão de repressão política para denunciar desafetos no meio sindical.

A verdadeira história dificilmente será revelada. Lula prefere esquecer tal passado. Romeu Tuma foge do assunto como o diabo da cruz. A amizade entre os dois é inegável e fala mais alto. Lula fica revoltado quando alguém o chama de “filhote da ditadura” – expressão cunhada pelo falecido Leonel Brizola para criticar o sindicalista. Na versão brizolista da história, a liderança sindical de Lula foi uma “invenção” do “general” Golbery do Couto e Silva para dividir o movimento trabalhista, enfraquecendo o Brizola no retorno ao Brasil após a anistia de 1979. Foi assim que Brizola perdeu a sigla PTB para a governista Ivete Vargas, e surgiu o PT.

Holofotes

O General da reserva Osvaldo Pereira Gomes, que integrou a primeira comissão de desaparecidos políticos e trabalhou na elaboração da Lei de Anistia, acusou os atuais membros da comissão e do Ministério da Justiça de estarem apenas "buscando holofotes para aparecer".

O General critica que Paulo Vanucci e companhia usam "velhas bandeiras", em vez de buscar o aperfeiçoamento democrático.

Osvaldo Pereira Gomes também critica a "indústria das indenizações que já sugou milhões de reais do contribuinte e que precisa acabar porque constitui um abuso".

Alerta Total de Jorge Serrão

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