domingo, 19 de outubro de 2008

Que mentira, Raul Pont.

Sábado, Outubro 18, 2008

Coturno Noturno

Em 1974 ou 1975, fui aluno de Raul Pont na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Raul era professor de Sociologia. No entanto, no horário de intervalo, cooptava alunos para o MR-8, especialmente para colaborar com o jornal clandestino Em Tempo. Queria formar células do jornal na região metropolitana. Raul não era perseguido por ninguém. Trabalhava e ganhava o seu salário como qualquer outro professor. Era livre como um passarinho. Aliás, o Novo Campus da Unisinos ficava apenas dois quilômetros do quartel onde estava servindo o Coronel Ustra, em São Leopoldo, RS. Poucos anos depois, Raul Pont foi um dos fundadores do PT e construiu carreira política como vice-prefeito de Porto Alegre. Hoje, dei de cara com esta notícia, na Folha Online:

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou nesta sexta-feira indenização de R$ 267.733,33 ao ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont (PT), 64, por ter sofrido perseguições durante o regime militar (1964-1985). Ele terá direito ainda a vencimentos mensais de R$ 2.000. No processo, o petista afirmou que foi impedido de tomar posse em um concurso da Petrobras por razões políticas. Hoje deputado estadual, Pont presidiu o Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e foi preso duas vezes acusado de subversão durante a ditadura. Presente à sessão da comissão, que aconteceu ontem em Porto Alegre, o ex-prefeito afirmou que foi torturado no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) diante do comandante da unidade, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ustra foi condenado por tortura e seqüestro em ação declaratória na primeira instância da Justiça de SP e pode recorrer da decisão. Durante a cerimônia na capital gaúcha, o ministro Tarso Genro (Justiça) assinou portaria que declara anistiado político o ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola (1922-2004). "Com a anistia, o Estado brasileiro está reconhecendo sua mesquinhez e o arbítrio." Tarso voltou a afirmar que a "tortura não é crime político, mas crime contra a humanidade", mas declarou que Lei da Anistia, que abrange tanto ex-membros do regime quanto opositores de esquerda, não está em discussão. A comissão declarou anistiados ontem mais sete pessoas que, juntas, receberão indenizações que somam R$ 1,2 milhão. As reparações começam a ser pagas em três meses.

Coronel

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