Mídia Sem Máscara
| 14 Julho 2009
Internacional - América Latina
O projeto político de Hugo Chávez é tudo menos uma democracia. E o que Manuel Zelaya desejava era instalar um regime político neoautoritário no estilo Hugo Chávez. O que a Suprema Corte e o Forças Armadas de Honduras fizeram foi defender a Constituição do país e, por conseguinte, a democracia. Manuel Zelaya deseja por um fim a democracia
No domingo 28/06/2009, o mundo e especialmente a América Latina foram pegos de surpresa com a bombástica notícia do golpe militar
Inicialmente é preciso deixar claro que dentro de um regime político verdadeiramente livre e democrático toda possibilidade e tentativa de golpe militar devem ser rechaçadas. Num ambiente político verdadeiramente democrático os militares defendem a soberania nacional e são submissos aos políticos. Se alguém líder militar deseja participar da vida pública, então esse líder deve se candidatar a um cargo público e participar do jogo político da mesma forma que todos os cidadãos fazem.
Mesmo com Zelaya no governo, Honduras se enquadra dentro da perspectiva de um regime político verdadeiramente livre e democrático. Mas Zelaya planejava dar um golpe branco, ou seja, por meio de um plebiscito conseguir aprovar uma lei que lhe desse o direito de ter sucessivas reeleições e, com isso, se perpetuar no poder. Vale salientar que regimes políticos autoritários como o Nazismo e o Fascismo usaram de estratégias semelhantes para instaurar o governo de partido único e de governante único. Uma espécie de monarquia moderna.
Este tipo de manobra eleitoral visando à implantação de um governo centrado num partido único e, acima de tudo, num único homem, é atualmente patrocinado e personalizado no presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Por meio dos petrodólares Hugo Chávez tornou-se o líder supremo da Venezuela e quase sem oposição ao seu regime. Além disso, contribuiu decisivamente para colocar no poder políticos quase que totalmente fiéis as suas idéias na Bolívia, Paraguai, Equador e Nicarágua. O projeto político de Hugo Chávez é tudo menos uma democracia. E o que Manuel Zelaya desejava era instalar um regime político neoautoritário no estilo Hugo Chávez. O que a Suprema Corte e o Forças Armadas de Honduras fizeram foi defender a Constituição do país e, por conseguinte, a democracia. Manuel Zelaya deseja por um fim a democracia
Dentro desse quadro altamente desfavorável a democracia e a liberdade de expressão emerge um sério problema, ou seja, a cobertura da grande mídia. A grande mídia limitou-se a apresentar a ação das Forças Armadas de Honduras e classificar essa ação de golpe militar. Quase não houve nenhuma análise de conjuntura política. A grande mídia que é sempre tão rápida em criticar o imperialismo americano ficou paralisada com a tentativa de golpe branco de Manuel Zelaya e patrocinada por Hugo Chávez.
O que aconteceu com a grande mídia?
Responder essa questão não é fácil. Todavia, serão apresentados três argumentos que podem iluminar um pouco o problema.
Primeiro, atualmente a grande mídia padece de preguiça de pensar, ou seja, a mídia não quer pensar. Grande parte das redações dos jornais limita-se a reproduzir os textos que são publicados nos grandes jornais internacionais. Muitas vezes esses textos são traduzidos em tradutores eletrônicos disponíveis gratuitamente na Internet e apenas modificam-se os títulos dos artigos desses jornais. Atualmente existe muito pouco jornalismo sério e investigativo. No caso da tentativa de golpe branco em Honduras desfechado por Manuel Zelaya quase não houve investigação. Apenas se reproduziu mecanicamente a idéia de que houve um golpe militar e não houve uma investigação mais séria para ver o que há por trás da medida extrema tomada pelas Formas Armadas desse país.
Segundo, grande parte da mídia é formada dentro de uma cultura de esquerda. Cultura essa que, de um lado, é profundamente magoada pela falência do bloco socialista no leste europeu e, do outro lado, vê a América Latina como sendo o novo espaço geopolítico onde as aspirações políticas da esquerda internacional poderão se tornar realidade. Dentro desse quadro a América Latina será uma espécie de paraíso da esquerda e figuras como, por exemplo, Fidel Castro e Hugo Chávez serão os profetas desse paraíso. É preciso lembrar que atualmente grande parte dos centros de formação da mídia (universidades, faculdades de comunicação, etc) estão - de uma forma ou de outra - sob orientação da esquerda. Não admira que a grande mídia consiga ver os tanques do exército de Honduras nas ruas desse país, mas nunca tenha conseguido ver as atrocidades praticadas pelo regime socialista de Cuba e da Coréia do Norte e o neoautoritarismo sendo implantado na América Latina por meio dos petrodólares de Hugo Chávez.
Terceiro, a noção de democracia. A sociedade contemporânea está perdendo a noção do que é a democracia. Pensa-se que qualquer coisa é democracia. Foi assim que o Nazismo, na primeira metade do século XX, conseguiu dominar uma nação culta como a Alemanha. A mídia não é inume aos valores sociais. Pelo contrário, ela é constituída por esses valores. A conseqüência disso é que se brada pela democracia em Honduras, mas não se consegue ver a violenta monarquia socialista implantada na Coréia do Norte, que Cuba é administrada por uma oligarquia socialista familiar que passa do irmão mais velho (Fidel Castro) para o irmão mais novo (Raul Castro), que grande parte dos países do Cone Sul (Paraguai, Bolívia, Equador) está sob tutela da Venezuela de Hugo Chávez. O poderoso exército que Hugo Chávez está montando não é para enfrentar o imperialismo americano, mas para criar seu próprio império na América Latina. Império que não aceitará rebeliões ou tentativas de libertações democráticas. Qualquer tentativa de rebelião o exército da Venezuela dará uma resposta cruel e dolorosa. Hugo Chávez vem continuamente advertindo os países do Cone Sul que invadirá algum país. E as ameaças dele devem ser levadas a sério.
Por fim, a grande mídia faz seu trabalho quando grita "democracia em Honduras". Entretanto, esse trabalho está incompleto, pois também é preciso gritar: "democracia em Cuba", "democracia na Coréia do Norte", "democracia na Venezuela", etc.
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