terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cuba de mal a pior

Mídia Sem Máscara

Despencou o turismo. Reduziu-se a mesada enviada por Chávez. O níquel perdeu preço no mercado mundial. Ampliaram-se os cortes de energia, os fornos das padarias não podem funcionar à noite e a produção de alimentos continua insuficientíssima.

Tenho uma implicância com o adjetivo "diferenciado". Quando o sujeito não sabe o que vai dizer para qualificar alguma coisa a palavra escolhida é sempre essa: diferenciado. Não é diferente, não é especial, não é original, não é exclusivo, nem de qualidade superior. É diferenciado e pronto.

O regime cubano completou meio século de subsistência no começo deste ano. Meio século ao longo do qual a antiga "Pérola do Caribe" virou um calhambeque dos infernos ancorado no paraíso do trópico. Quando Fidel fez sua revolução, metade do planeta acreditava que o mundo marchava para o comunismo. Digamos, pois, que acreditar nessa bobagem era, à época, um erro frequente. Pronuncie-se, então, uma penitência leve, de três ave-marias, para o simpatizante de meados do século 20 e despache-se o tolinho: "Vai em paz, meu filho. Ocupa tua mente com ideias sadias e não tornes a pensar besteira". Os outros, os que foram militantes, os que mataram, roubaram, mentiram, traíram, mistificaram e praticaram toda sorte de vilanias em nome da causa, bem como os que ainda hoje envenenam as mentes juvenis com tais ideias, vão ter que se explicar a Deus.

De fato, a segunda metade do século passado exibiu as entranhas do sistema mais perverso que a maldade humana já concebeu. Caiu o Muro de Berlim, por podre e pobre. Desfez-se o Império Soviético. Contabilizaram-se mais de cem milhões de vítimas da insânia vermelha. O comunismo foi um fracasso geral de público e renda. Sobraram apenas os mais renitentes. Mas sequer os mais renitentes ousam defender os regimes que caíram ou os estão em processo de transformação.

Sobrou-lhes Cuba. E Cuba é um péssimo cliente para qualquer publicidade. A partir de junho passado, o que lá era péssimo ficou pior ainda. Despencou o turismo. Reduziu-se a mesada enviada por Chávez. O níquel perdeu preço no mercado mundial. Ampliaram-se os cortes de energia, os fornos das padarias não podem funcionar à noite e a produção de alimentos continua insuficientíssima. Mas Cuba é o que lhes sobrou. Com o ancião Fidel e o bandido Che, eternamente jovem, como mito sexual da juventude desajustada (se Che fosse velho e feio duvido que algum garotão andasse por aí com seu vulto estampado na camiseta). Depois que se abriram os Arquivos de Moscou, depois que se destaparam os gulags, depois que se exibiram as cenas da Praça da Paz Celestial e chegaram ao conhecimento público o que os comunistas fizeram no Vietnã após a retirada dos Estados Unidos em 1973, ninguém aparecerá em público para defender o comunismo. Mas Cuba é um caso diferenciado, sacou mano?

Cuba só tem a seu favor a impopularidade dos Estados Unidos. E mesmo assim é difícil escolher um verbo para definir o que Cuba faz em relação aos Estados Unidos. Enfrentar não enfrenta. Lutar não luta. Combater não combate. Resistir não resiste porque só foi atacada uma vez em 1961. Cuba, digamos assim, mantém com os Estados Unidos uma relação diferenciada. E é exatamente disso que os comunistas impenitentes do resto do mundo se valem.

Eles elogiam o regime desde fora (que ninguém é doido como para ir viver na Ilha). E criaram uma forma diferenciada de ser comunista: vivem sob as benesses da democracia e da liberdade e sustentam que comunismo é um regime bom para os outros.

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