Mídia Sem Máscara
Caroline Glick | 24 Setembro 2009
Internacional - Oriente Médio
Os palestinos e os sírios não estão sós. Do Egito à Arábia Saudita, ao Paquistão e à Indonésia, o mundo árabe e muçulmano tem preferido a pobreza e o retrocesso econômico à prosperidade que viria a partir de seu engajamento com Israel. Eles preferem sua constante rejeição a Israel, o ódio aos judeus e a estagnação econômica envolvida em tudo isso, do que a prosperidade, a liberdade política e a estabilidade que viriam a partir da aceitação de Israel.
Recentemente tem havido muita conversa sobre a perspectiva da Síria parar de apoiar o eixo iraniano e transformar-se magicamente em uma aliada do Ocidente. Embora as demonstrações diárias de lealdade do presidente vitalício da Síria, Bashar Assad, a seus amigos assassinos tenha exposto essa conversa como sendo nada mais que fantasia, ela continua a dominar o discurso internacional a respeito da Síria.
Nesse meio tempo, a verdadeira transformação em andamento na Síria, de um Estado que estava funcionando, apesar de precariamente, a uma terra improdutiva e empobrecida, tem sido ignorada.
Hoje, o país enfrenta a maior catástrofe econômica de sua história. A crise está causando uma deficiência grave de nutrição e o deslocamento de centenas de milhares de sírios. Essas pessoas, em torno de 250 mil, em sua maioria de agricultores curdos, vêm sendo expulsas de suas fazendas nesses últimos dois anos porque o deserto avançou sobre essas terras.
Hoje, cidades feitas de barracos vêm se espalhando em volta das grandes cidades, como Damasco. Elas estão repletas de refugiados internos que foram desalojados de onde viviam. Através de uma combinação cataclísmica de políticas agrícolas irracionais, promovida pela dinastia ba'athista de Assad durante os últimos 45 anos, que vêm erodindo o solo, e da perfuração não-autorizada de cerca de 420 mil poços que fizeram secar os aquíferos subterrâneos, o regime político da Síria tem feito tudo que está ao seu alcance para desertificar o país. Os efeitos dessas políticas dementes têm sido exacerbados nos anos recentes pelo desvio que a Turquia fez da principal fonte de água da Síria, o rio Eufrates, por meio da construção de represas rio acima, além dos dois anos da seca que vêm castigando a região. Hoje, grande parte das terras anteriormente férteis da Síria tornou-se improdutiva. Antigos agricultores agora são trabalhadores diaristas desamparados, com poucas perspectivas de recuperação econômica.
Imagine se, em momentos de perigo para seu país, em vez de se apegar à sua aliança com o Irã, o Hezb'allah (Partido de Alá), a Al-Qaeda e o Hamas, Assad se voltasse para Israel para ajudá-lo a sair dessa crise?
Israel é um líder mundial em dessalinização e reciclagem de água. A maior usina de dessalinização e reciclagem de água do mundo está localizada em Ashkelon. A tecnologia israelense e seus engenheiros poderiam ajudar a Síria a reconstruir seu suprimento de água.
Israel também poderia ajudar a Síria a usar mais prudentemente todo tipo de água que ela ainda possua ou que seja capaz de produzir através da dessalinização e da reciclagem por meio da irrigação por gotejamento, que foi inventada em Israel. Hoje Israel supre 50% do mercado internacional de irrigação por gotejamento. Em lugares como a Síria e o Sul do Iraque, que estão agora secando por causa das represas turcas, a irrigação é rudimentar, geralmente envolvendo nada mais que encher caminhões-pipas por meio do bombeamento de água do Eufrates, levando essa água aos campos que, na maioria dos casos, ficam a menos de um quilômetro de distância.
Além disso, há ainda as reservas de petróleo da Síria que estão definhando. Sem dúvida, os engenheiros e os especialistas em sismologia israelenses seriam capazes de aumentar a eficiência e a produtividade dos poços de petróleo existentes, aumentando, assim, o rendimento dos mesmos. Certamente não está além do âmbito das possibilidades que os cientistas e engenheiros israelenses poderiam até mesmo descobrir reservas de petróleo novas e ainda intocadas.
Mas, logicamente, a Síria não está interessada na ajuda de Israel. A Síria quer ter seu inimigo e também destruí-lo. Como Assad tem deixado claro repetidas vezes, o que ele quer é receber as Colinas de Golan -- e, por meio delas, o suprimento de água potável de Israel -- em troca de nada. Ele quer que Israel entregue as Colinas de Golan, mais um tanto de terra que a Síria ocupou ilegalmente de 1948 a 1967, em troca de um pedaço de papel sem significado.
Nessa demanda, Assad é apoiado por ninguém menos que o primeiro-ministro da Turquia, Recip Erdogan, cujo país está secando as águas da Síria. Afinal, Erdogan foi o mediador das conversações que objetivavam convencer o então primeiro-ministro Ehud Olmert a desistir das Colinas de Golan. Hoje, é Erdogan que está encorajando o governo Obama a pressionar Israel a entregar sua água à Síria.
Além de exigir que Israel lhe dê as Colinas de Golan, Assad está feliz em se associar com Mahmoud Ahmadinejad (Irã), Hassan Nasrallah (Hezb'allah), Khaled Mashaal (Hamas) e vários líderes da Al-Qaeda, que se movimentam livremente em seu território. Estar ao lado desses assassinos dá a ele a oportunidade de sentir-se como um homem de verdade -- um mestre do universo que pode matar israelenses, iraquianos e americanos, além de aterrorizar os libaneses, mantendo-os em situação de sujeição.
Quanto a seus problemas em casa, Assad aprisiona qualquer engenheiro sírio que tenha a temeridade de afirmar que, ao exportar algodão, a Síria está exportando água. Assad não tem medo que seu regime entre em colapso debaixo do peso de cinco décadas da imbecilidade econômica do partido Ba'ath. Ele está confiando nos Estados Unidos e na Europa para livrá-lo das conseqüências de sua própria incompetência por meio do assistencialismo econômico, por fechar os olhos diante da sua continuada exploração econômica do Líbano e, talvez, por coagir Israel a entregar as Colinas de Golan.
O mesmo, sem dúvida, pode ser dito dos palestinos. Na verdade, o caso dos palestinos é ainda mais extraordinário. De 1967 até 1987 -- quando, através de seu levante violento ("intifada''), eles decidiram romper relações econômicas com Israel -- o crescimento econômico palestino em Gaza, na Judéia e em Samaria aumentou com números de dois dígitos a cada ano. De fato, enquanto ligada à de Israel, a economia palestina era a quarta de crescimento mais rápido no mundo. Mas, desde 1994, quando a Organização Para a Libertação da Palestina (OLP) assumiu o poder, embora os palestinos tenham se tornado os maiores receptores per capita de ajuda estrangeira na história, a economia palestina tem se contraído em uma base per capita.
O único caminho seguro para o crescimento e a prosperidade é o de os palestinos reintegrarem sua economia à de Israel. Mas, para fazerem isso, eles devem primeiro pôr um fim ao seu envolvimento com o terrorismo e abrir sua economia às forças do mercado livre e à transparência, bem como ao estado de direito e à proteção aos direitos de propriedade, que formam os fundamentos dessas forças. Entretanto, a própria noção de fazerem isso é considerada tão radical que até mesmo o primeiro-ministro palestino, Salaam Fayad, que é supostamente moderado, a favor da paz e receptivo ao mercado livre, rejeitou peremptoriamente o plano econômico de paz apresentado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Afinal, como podem os palestinos aceitar as forças do mercado livre quando isso significa que -- horror dos horrores -- os judeus poderão comprar e vender terras e outros bens?
Os palestinos e os sírios não estão sós. Do Egito à Arábia Saudita, ao Paquistão e à Indonésia, o mundo árabe e muçulmano tem preferido a pobreza e o retrocesso econômico à prosperidade que viria a partir de seu engajamento com Israel. Eles preferem sua constante rejeição a Israel, o ódio aos judeus e a estagnação econômica envolvida em tudo isso, do que a prosperidade, a liberdade política e a estabilidade que viriam a partir da aceitação de Israel.
Como afirma George Gilder, o guru americano da economia e da tecnologia, em seu novo livro The Israel Test [O Teste de Israel]: "O teste de uma cultura é o que ela realiza em favor do avanço da causa humana -- o que ela gera e não o que ela reivindica''.
O livro de Gilder é uma contribuição única e necessária ao atual debate internacional sobre o Oriente Médio. Em vez de se concentrar somente nas reivindicações que os árabes fazem a Israel, como é comum à maioria dos autores, Gilder volta sua atenção ao que as nações da região geram. Especificamente, ele mostra que apenas Israel gera riquezas através da criatividade e da inovação, e que hoje Israel está contribuindo mais para a causa humana por meio de seus avanços científicos, tecnológicos e financeiros do que qualquer outro país do mundo, com exceção dos Estados Unidos
The Israel Test descreve com detalhes extremamente interessantes tanto as pesadas contribuições dos judeus da Diáspora às vitórias dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria, quanto nas revoluções científicas do século XX que lançaram as bases para a era do computador, como também as pesadas contribuições dos judeus israelenses à revolução digital que define e dá forma a nossas realidades econômicas atuais.
Mas, antes que Gilder comece a descrever essas excelentes contribuições dos judeus à economia global e ao bem-estar geral dos povos ao redor do mundo, ele afirma que o futuro do mundo será determinado pelo tratamento que for dado a Israel. Ele declara o seguinte: "A questão central na política internacional, que divide o mundo em dois exércitos rixosos, é o minúsculo Estado de Israel''.
De acordo com seu ponto de vista, "Israel define uma linha de demarcação'' entre aqueles que passam e aqueles que são reprovados naquilo que ele denomina de "o teste de Israel''.
Gilder apresenta o teste a seus leitores fazendo-lhes algumas perguntas: "Qual é a sua atitude com relação ao povo que excede você na criação de riquezas ou em outras realizações? Você deseja possuir a excelência desse outro povo, ou fica enraivecido contra ele? Você admira e celebra realizações excepcionais ou as contesta e busca derrubá-las?''
Segundo o que ele afirma, o futuro da civilização será determinado pela maneira que as nações do mundo -- e especialmente pela maneira que o povo americano -- responderem a essas perguntas.
O livro de Gilder é valioso por si só. Eu pessoalmente aprendi uma enorme quantidade de coisas sobre o papel pioneiro de Israel na economia da informação. E, mais que isso, ele fornece uma refutação impressionante aos argumentos centrais de outro livro de grande impacto que foi escrito sobre Israel e os árabes nos Estados Unidos em anos recentes.
O livro The Israel Lobby [O Lobby de Israel], de Steve Walt e John Mearsheimer, apresenta duas argumentações centrais. Primeiro, os autores argumentam que Israel tem pouco valor como aliado para os Estados Unidos. Segundo, eles afirmam que, dada a falta de importância de Israel para os Estados Unidos, a única explicação razoável sobre os motivos pelos quais os americanos apóiam extraordinariamente Israel é que eles têm sido manipulados através de uma conspiração de organizações judaicas e dos meios de comunicação controlados pelos judeus, além das instituições financeiras de propriedade dos judeus. De acordo com o ponto de vista deles, as forças abomináveis controladas pelos judeus têm enganado o povo americano, levando-o a crer que Israel é importante para ele e é até mesmo uma nação vinculada aos Estados Unidos.
Gilder derruba surpreendentemente esses dois argumentos sem sequer se referir diretamente a eles, ou mencionar as singulares contribuições de Israel aos feitos militares e de inteligência americanos Em vez disso, ele demonstra que Israel é uma força motriz indispensável à economia dos Estados Unidos, que, por sua vez, é a principal promotora do poder americano em termos globais. Grande parte dos feitos econômicos do Vale do Silício está baseada em tecnologias produzidas em Israel. Tudo, desde o microchip até o telefone celular, ou foi produzido em Israel ou por israelenses no Vale do Silício.
É a própria admiração de Gilder às realizações excepcionais de Israel que acaba com a segunda argumentação de Walt e Mearsheimer. Há algo distintamente americano em seu entusiasmo pela capacidade inovadora de Israel. Desde os tempos mais remotos da América, o caráter americano tem sido imbuído de admiração pelas realizações. Como nação, os americanos sempre passaram no teste de Israel proposto por Gilder.
Considerados em conjunto com os outros motivos para os americanos apoiarem Israel -- particularmente a afinidade com o povo da Bíblia -- o livro de Gilder mostra que o povo americano e o povo israelense são, de fato, amigos e aliados naturais, unidos por seu excepcionalismo, que os motiva a se empenharem pela excelência e pelo progresso em benefício de toda a humanidade.
Recentemente os americanos recordaram o oitavo aniversário dos ataques de 11 de setembro. Até a presente data, aqueles ataques foram a maior confrontação entre o excepcionalismo americano e o nihilismo islâmico. Neste momento, o livro de Gilder serve como um lembrete a respeito do que faz com que valha a pena defender a todo custo os Estados Unidos e seu aliado excepcional, Israel. O Teste de Israel também nos ensina que, contanto que mantenhamos a fé em nós mesmos, não estaremos sozinhos em nossa luta contra o barbarismo e o ódio, e, inevitavelmente sairemos como vencedores dessa amarga luta.
(Caroline Glick -- www.carolineglick.com - publicado na revista Notícias de Israel 10/2009 - www.Beth-Shalom.com.br)
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