Mídia Sem Máscara
| 15 Setembro 2009
Internacional - Estados Unidos
O comunicado alega a necessidade de uma restauração da ordem democrática, parecendo ignorar que o deposto presidente Zelaya já havia ferido a ordem democrática ao pisotear as leis e a Constituição, diante da indiferença do Departamento de Estado americano, da OEA e dos governos das Américas.
Em 3 setembro, o Departamento de Estado norte-americano divulgou um comunicado com o objetivo de golpear o governo provisório de Honduras mas que, no fundo, pretende quebrar a resistência do povo hondurenho em sua luta pela liberdade. O comunicado reflete um intervencionismo pró-chavista nos assuntos internos do país.
É a aplicação, contra Honduras, da "política do porrete", agora do kerenskiano Obama, que ao mesmo tempo impulsiona uma "política de sorrisos" suicida com relação a países totalitários e populistas esquerdista, como Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. São dois pesos e duas medidas.
Obama chamou de hipócritas aqueles que até há pouco tempo exigiam que os EUA não interviessem nos assuntos latino-americanos e agora imploram que o governo intervenha
O comunicado anunciou a suspensão de várias ajudas ao governo de Honduras, diante da "necessidade de fortes medidas para quebrar a resistência ao Acordo de San José" por parte das autoridades hondurenhas, e diante da "falta de restauração de um regime democrático e constitucional".
O espírito intervencionista do texto não podia ser mais brutal, exemplo da volta da diplomacia do porrete contra o anti-chavismo. Aliás, um acordo significa conformidade de pareceres entre duas ou mais pessoas ou instituições.
Se o que se quer é dobrar as instituições e o povo hondurenho a qualquer preço, não chamem de "acordo" e sim "imposição".
O comunicado alega a necessidade de uma restauração da ordem democrática, parecendo ignorar que o deposto presidente Zelaya já havia ferido a ordem democrática ao pisotear as leis e a Constituição, diante da indiferença do Departamento de Estado americano, da OEA e dos governos das Américas.
Obama prometeu, na última Cúpula das Américas, um "novo começo" com a sanguinária ditadura castrista; estendeu pontes de diálogo com Venezuela, Equador e Bolívia; manifestou disposição de conversar com os regimes islâmicos mais radicalmente antiamericanos e até com o tirano da Coreia do Norte; proclamou que o diálogo, não a imposição, é o caminho indispensável para a resolução de conflitos e que os EUA passaram a defender o multilateralismo.
Mas quando se trata de Honduras, a linguagem fica amarga, prepotente e intervencionista.
Os redatores do comunicado, talvez percebendo o flanco de contradição e da fraude que abriam, tentam um ar de imparcialidade ao dizer que se reconhece a "natureza complicada" das ações que levaram à deposição de Zelaya em 28 de junho. Mas, nessas ações, de forma tendenciosa,
só atribui a responsabilidade e a culpa ao "ramo legislativo", ao "ramo judiciário" e aos "militares", silenciando sobre a responsabilidade fundamental do "ramo executivo" encabeçado por Manuel Zelaya.
Apesar do pretendido ar imparcial, comete-se a maior das parcialidades ao omitir o fato de que em Honduras também existia esse "ramo executivo", mas que havia se afastado da Constituição e empurrava Honduras para o abismo chavista.
É preciso insistir: é o "ramo executivo" o grande responsável pela encruzilhada de Honduras, assim como os irmãos Castro são os grandes responsáveis pelo drama cubano e Chávez é o grande culpado pela deterioração das liberdades na Venezuela e em outros países da região - sem que o Departamento de Estado dos EUA diga algo.
O comunicado alude a "complexas questões legais", que não se dá ao trabalho de definir.
Se são tão complexas, é uma razão a mais para defini-las ou, pelo menos, enumerá-las e em seguida analisá-las com o devido cuidado antes de adotar medidas que, além de intervencionistas, são precipitadas e injustas contra Honduras. Outra prova da política do porrete e da unilateralidade do comunicado é evitar a análise dessa "complexidade".
O Departamento de Estado evita abordar essa "complexidade" porque não lhe convém: é um eufemismo para não tocar no tema central, a responsabilidade de Zelaya, um chavista no qual Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton, depositaram suas esperanças. Trata-se de uma típica salada kerenskiana, entreguista, partidária do ceder para não perder, com o qual se protege e absolve Zelaya.
Não menos lamentável é o fato de que o Departamento de Estado, aberto a "novos começos" com os mais sanguinários ditadores comunistas e com déspotas islâmicos radicais, continue se negando a dialogar com as atuais autoridades hondurenhas e ameace não reconhecer o resultado das próximas eleições. Isso explica por que o maior representante latino-americano do "eixo do mal", o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tenha manifestado complacência com esse lamentável comunicado, em boa medida fruto de suas pressões e queixas.
No texto do Departamento, há o consentimento pró-Chávez do "ramo executivo" do governo dos EUA. Por isso, seria de se desejar que o "ramo legislativo" americano - Câmara dos Deputados e Senado - convoque os representantes do Departamento de Estado para que expliquem as contradições e omissões desse imbróglio. Devia estudar também um convite aos seus colegas representantes do "ramo legislativo" de Honduras, para que expressem sua opinião, um elementar direito de defesa que o "ramo executivo" do governo norte-americano lhes está negando.
O Congresso dos EUA também deveria convocar o embaixador norte-americano no país, Hugo Llorens - um cubano-americano moderado, que foi assessor da ex-secretária de Estado Condolleeza Rice, mas que agora se tem mostrado fiel e submisso defensor do deposto presidente chavista. Poder-se-ia perguntar a Llorens se ele permitiu à esposa de Zelaya usar as instalações diplomáticas norte-americanas para discursar a favor de distúrbios e violência, enquanto fazia crer que estava resistindo nas montanhas.
Os congressistas também poderiam convocar María Otero, uma hispânica de origem boliviana e antecedentes bolivarianos, recém-nomeada Sub-secretária de Assuntos Globais do Departamento de Estado, para interrogá-la se usou um telefone da Secretária de Estado e, sobretudo, a influência de seu cargo, para chamar empresários hondurenhos por telefone, coagindo-os e ameaçando-os por seu apoio ao governo provisório.
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