Terça-feira, Setembro 02, 2008
Lula sente pressão do STF, teme mais grampos e afasta cúpula da Abin, até que PF investigue a arapongagem
Edição de Terça-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com
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Por Jorge Serrão
Pressionado pelo Supremo Tribunal Federal - onde seu desgoverno tem muito a perder, principalmente nos julgamentos do ex-ministro Antônio Palocci Filho -, o chefão Lula da Silva afastou temporariamente toda a cúpula da Agência Brasileira de Informação. Puniu, inclusive, o diretor-geral da Abin, o ilustre Flamenguista Paulo Lacerda (ligadíssimo ao senador Romeu Tuma), e o diretor-adjunto José Milton Campana. O desfecho da crise da arapongagem contra o STF foi tão previsível que o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, fez questão de telefonar para o ministro Gilmar Mendes, comunicando a punição preventiva contra a cúpula da Abin.
Para a platéia, Lula mandou avisar que tomou a decisão para dar transparência às investigações. Lula também determinou que a Polícia Federal abra investigação sobre a atuação de agentes da Abin para descobrir quem foram os responsáveis pela escuta e determinou ao Ministério da Justiça a elaboração de projeto de lei que agrave a responsabilidade administrativa e "penal dos agentes públicos que cometerem ilegalidades no tocante a interceptações telefônicas". O presidente também cobrou do Congresso agilidade na aprovação do projeto de lei que regula as escutas telefônicas.
O grampo existiu. Mas quem mandou executar a escuta ilegal. Eis a resposta que, dificilmente, será dada de forma verdadeira. Versões para desviar o foco da verdade não faltarão. Ontem, na reunião com senadores e com Lula, o General Jorge Félix, do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual é subordinada a Abin, especulou três hipóteses de responsabilidade do grampo: agentes da Abin; um sistema instalado no Senado; ou o banqueiro Daniel Dantas que, segundo o General, estaria tentando desmoralizar a ação da PF e da Abin na Operação Satyagraha.
Quem também investiu em especulações foi o procurador-geral da República. Antonio Fernando de Souza cogitou até de sugerir outra instância do Ministério Público para investigar os grampos instalados nos telefones de Gilmar Mendes e de Desmóstenes Torres. Antonio Fernando ponderou que não acredita que a ordem de instalação de escutas clandestinas tenha partido de órgãos oficiais, como a PF ou a Abin. O procurador não descartou a possibilidade de que particulares tenham realizado o serviço.
Ontem à tarde, o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, garantiu que o chefão Lula manifestou sua "preocupação e indignação" sobre o grampo telefônico que flagrou conversas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). A afirmação de Lula teria ocorrido, segundo Baumbach, durante reunião, pela manhã, com o próprio Gilmar, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, e o ministro do STF Cezar Peluso, além dos ministros da Justiça, Tarso Genro, da Defesa, Nelson Jobim, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, e da Comunicação Social, Franklin Martins.
Na verdade, reinou silêncio absoluto sobre o teor ou sobre eventuais “trocas de gentilezas impublicáveis” que certamente marcaram a reunião de emergência de mais de duas horas, na manhã de hoje, no Palácio do Planalto. Oficialmente, o chefão Lula e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, cuidaram das escutas telefônicas ilegais praticadas pela Agência Brasileira de Inteligência no telefone de Mendes. O conteúdo verdadeiro e completo do papo não foi divulgado, conforme o Alerta Total antecipou.
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