sábado, 4 de outubro de 2008

O CRIME DO SÉCULO EXPLICADO EM TERMOS SIMPLES - NAHUM SIROTSKY

Farol da Democracia Representativa


700 bilhões bastam ? O crime do século explicado em termos simples

Nahum Sirotsky

A crise foi o crime financeiro do século. È a mais obvia verdade. Uma investigação será absolutamente necessária para chegar aos responsáveis que não é impossível identificar nem reunir elementos necessários para armar processos criminais. Talvez temeridade. O momento não é agora. Virá talvez quando se conseguir controlar a corrida da economia mundial para o caos.

Nos mais altos níveis de governos dos paises mais ricos como nos mais modestos economistas dos paises que tentavam tirar a cabeça da lama da miséria sabe-se bem que no começo não foi o caos, mas a palavra. A abrangência das conseqüências é que surpreendeu os “mágicos” do mercado. È impossível prever se os bilhões americanos serão suficientes. Existe velha historia que me volta à memória. A do heróico menino que percebendo um buraco numa das barreiras pelas quais a Holanda conquistou seu território do mar, nele botou um dedo até que chegou socorro. Ninguém, no caso da crise, botou o dedo para evitar a enchente.

Nunca pais algum concedeu plena autonomia ao mercado, pois ouro vai para ouro e prata para e pouco sobra para as maiorias. Os poderes do Estado foram criados para tornar possível viver em coletividade e fortalecer os mais fracos. Até nas sociedades mais primitivas existem autoridade e leis. Lembro das que visitei, mais primitivas impossível, porém viviam todos com respeito ao chefe e medo dos deuses.

O sistema financeiro funciona pela confiança dos que o utilizam. È um negócio, um serviço, num certo sentido, aplicação da filosofia que estabeleceu a empresa chamada de Estado com sua burocracia e instrumentos, administrada por gente escolhida pela sua suposta competência. Se o administrador comete atos criando desconfiança leva o banco à falência, no Estado substituição do Governo pelo sistema de eleições ou força revolucionaria. Na essência é isto só que não com tal simplicidade.

O vigarista é bem sucedido por conhecer a natureza humana, o aspecto de que há um preço para tudo. Ou, como escrito no livro do Eclesiastes, do Velho Testamento,”no fim tudo é vaidade”. Uns se consideram mais espertos do que os outros. Mas existem limites. O comunismo fracassou por ter imaginado possível eliminar o mercado que nasceu com o homem. E´ possível e necessário regulamentá-lo sem mudar leis imutáveis como, por exemplo, a da oferta e da procura. O Estado regulamenta o que é necessário. O Orçamento é dos meios utilizados para regulamentar o uso do dinheiro que arrecada supostamente apenas em nosso beneficio. Desde a sua existência que se entendeu que onde existe poder existe corrupção. È da natureza humana. Daí Leis que impõem limites e pune excessos. Manipular o mercado pode ser punido por Lei ou pelo próprio mercado.

Aquele pequeno grupo que inventou meios de manipular o mercado além do possível, com subprodutos do sistema financeiro com nomes estranhos como subprime, derivativos e outros, perdeu o controle de suas ambições. Imaginem um ganho pessoal de salário e participação nos lucros de 60 milhões de dólares por ano para o dirigente da empresa? Esta a festa que a presidente da Câmara dos Deputados diz que acabou. O ponto de partida foi oferecer vantagens irresistíveis aos mais simples por empréstimos obtidos a juros pagáveis a longo prazo. Dinheiro extra para a viagem sonhada ou o novo carro. O CREDOR redescontava a hipoteca a preço muito inferior ao dinheiro emprestado para poder fazer novos empréstimos a bom lucro? O passeio do papel virou aplicação de bancos de outros paises que repetiam a manobra. Foi, em termos simplistas a grande jogada. Criou-se um monstro faminto, uma bolha que foi aumentando, aumentando, como bolha de sabão. E,pum,explodiram,

Como a economia opera com crédito e o crédito é um poder de multiplicar a possibilidade de emprestar em cima de depósitos, imagine-se o que se emprestou em cima de cada dólar e depósito? Um dólar em conta corrente passou a permitir muitos em créditos. No final o que aconteceu foi a perda de confiança em todo o sistema financeiro que depende da confiança para obter depósitos e emitir papeis que são valores virtuais que dependem de confiança. Ninguém sabe o total mas pela falta de confiança falta crédito e sem crédito volta-se aos tempos passados, da troca de uma coisa por outra.

O mundo sofre as conseqüências do maior golpe da historia. Venderam o mesmo quilo de feijão a muitos e chegou a hora da entrega de feijão que não existe. De se pedir socorro ao governo. Aos governos até do Brasil. Ninguém sabe quanto. E sem crédito a economia vai parando. Inaceitável. Não foi fenômeno econômico natural, os chamados cíclicos e anticíclicos, foi provocado com manipulação consciente e não regulamentada do mercado. Assalto sofisticado mas assalto.

http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=398

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