Mídia Sem Máscara
Percival Puggina | 26 Dezembro 2009
Artigos - Conservadorismo
Quem aprende com a eternidade aprende para a eternidade. Aprende lições que o tempo não desgasta nem consome, lições que não são superadas, lições para a felicidade e para o bem.
É comum representar-se a virada da folhinha com o desenho de um bebê que chega para suceder o ancião que se retira. Sai o ano velho e entra o ano novo. O ano velho sai trôpego e fatigado; o novo ano chega enrolado em fraldas.
O tempo é convenção e relatividade. Meia hora na cadeira do dentista dura muito mais do que meia hora numa roda de amigos. Para o vovô, um ano é muito menos do que para seu netinho. Lembro bem que, na minha infância, era de uma eternidade o tempo decorrido entre dois natais. E fazia sentido que fosse assim porque um ano é vinte por cento do tempo de vida experimentado por uma criança de 5 anos. Minha mãe, por outro lado, tão logo terminava um ano, começava a se preocupar com o natal vindouro "porque, meu filho, logo, logo é Natal outra vez". Um ano, para pessoa de mais idade é pequena fração de seu tempo de vida.
A vida familiar e a vida social se fazem, entre outras coisas, do cotidiano encontro da maturidade com a juventude. Imagine-se um mundo onde só haja jovens; ou onde, pelo reverso, só existam anciãos. Imagine-se, por fim, a permanente perplexidade em que viveríamos se a virada da folhinha nos trouxesse, com efeito, um tempo novo, flamante, que nos enrolasse nas fraldas da incontinência urinária, com tudo para aprender.
Felizmente não é assim, nem deve ser visto assim. E o importante, em cada recomeço, é ali chegarmos com a experiência que o passado legou. Aprender com a própria vida, aprender com a história e, principalmente, aprender com a eternidade.
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