Mídia Sem Máscara
| 12 Maio 2011
Artigos - Educação
Desde que o método freiriano tornou-se único e obrigatório, a façanha intelectual dos jovens brasileiros tem sido a assombrosa desenvoltura com que eles avançam em direção aos mais burros do mundo.
Dos 65 países examinados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos de 2009, o Brasil ficou em 53º lugar em leitura e 57% em matemática. É verdade que ainda não conseguimos alcançar potências como Trinidad e Tobago, Cazaquistão e Azerbaijão, mas em compensação nenhum país está tão preocupado com a felicidade da humanidade quanto nós.
Como explicou Paulo Freire, educar tem pouco a ver com ensinar a ler e escrever; é antes de tudo preparar o cidadão para que ele seja transbordante de consciência social e eleitor entusiasmado da esquerda, tipo predominante nas salas de aula desde que os pedagogos sepultaram a idéia opressora de que a escola deve ensinar português e matemática e banalidades afins, tornando o aluno capaz de ler e contar e razoavelmente apto a andar com as próprias pernas.
Comentando um discurso de Mário Vargas Llosa na Feira do Livro de Buenos Aires, meu amigo Rodolfo Oliveira falou recentemente nesta página sobre nossos dias de universitários de jornalismo na UFC. "Nossa terrível época de faculdade, onde éramos obrigados a assistir aulas idiotas proferidas não por professores, mas por comissários políticos, aliciadores juvenis de cérebros ainda em formação, burocratas partidários e aproveitadores do idealismo alheio em prol da 'grande causa'". E lá estava a grande causa quando há poucos dias estive novamente no campus e novamente ri dessa palhaçada melancólica.
Aproveitei a visita e peguei um exemplar do Jornal da UFC, que tem uma seção sobre os últimos livros lançados pela editora da universidade. No nosso tempo de estudantes (supondo que fôssemos) eu sempre consultava essa seção para brincar com o Rodolfo Oliveira: "Corto meu braço se não tiver um livro marxista". Sempre tinha, assim como na edição de março/abril do Jornal da UFC tem mais um panegírico do educador-ídolo: "Católico e marxista, Paulo Freire estimula a escola a buscar a excelência no processo ensino-aprendizagem, levando em conta a fidelidade ao sonho de formar sujeitos históricos comprometidos com a felicidade de toda a humanidade", diz a resenha.
Desde que o método freiriano tornou-se único e obrigatório, a façanha intelectual dos jovens brasileiros tem sido a assombrosa desenvoltura com que eles avançam em direção aos mais burros do mundo. E daí? Eu é que não vou estragar a alegria da raça humana. Acho que devemos seguir no caminho da educação como ferramenta de transformação social, conforme as lições do teórico da estupidez induzida para fins políticos.
Publicado no jornal O Estado.
Bruno Pontes é jornalista - http://brunopontes.blogspot.com
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