terça-feira, 24 de maio de 2011
Viver de Novo
Por Arlindo Montenegro
Assim é que parece que a humanidade caminha. O tal do desenvolvimento econômico, do “progresso” cujos benefícios inseguros são apoderados por uns poucos, conduz a gente ao conhecimento que discrimina, isola os semelhantes, caracteriza grupos que disputam o poder e o controle total sobre os viventes, à força bruta da persuasão repetitiva ou das armas.
A confusão de conhecimentos equivocados fornecidos por uma ciência viciada em fraudes, tem desviado a visão dos homens, aprisionados em gaiolas, nas estreitas ruas de megalópoles onde a esquizofrenia se generaliza, facilitando a ação de psicopatas que pretendem ter solução para tudo, desde que controlem os postos de poder, o que fazem com maestria, cercando-se dos criminosos traficantes armados e intocáveis de colarinho branco.
O descaramento é tanto que um destes poderosos aumenta suas posses 20 vezes em quatro anos e isto é tido como normal! Como se fosse pouco que um empregado subalterno do zoológico, em 8 anos se transformasse num grande fazendeiro, empresário bem sucedido no ramo da informática e até dono de uma rede de televisão em país vizinho, com direito a passaporte diplomático e tudo mais, apenas com o mérito de ser “filho do cara”.
As pessoas parecem perdidas, sem saber o que fazer. Sem poder projetar o que querem de fato. Perdeu-se a noção de valor. Perdeu-se o contato com a própria força espiritual, disponível como água da fonte, mas que parece inalcançável para a maioria desconfiada ou por exigir atitudes que separam do rebanho. Neste deserto mental multiplicam-se as miragens mais contraditórias, tudo conduzindo para a falência do espírito, da racionalidade e da reflexão.
A humanidade rola ladeira abaixo, em confusão, agarrado-se em galhos ora à “direita”, ora à “esquerda”, oscilando sem equilíbrio num ambiente de “salve-se quem puder”, de “vale tudo”, enquanto as atividades industriais, bélicas, de vigilância local e espacial atingem o infinito, consumindo recursos ilimitados. Os governantes da terra, através da Onu e suas agências, atacam o que é mais sagrado, o mais generoso, o mais afirmativo dos ideais libertários da humanidade: o que um dia foi a utopia da paz e da sobrevivência digna para cada habitante deste complexo planeta.
Apenas um minúsculo planeta que está sendo destruído, dividido por forças que pretendem “dominar a natureza” e alcançar o saber absoluto, para o uso de minorias que impõem mudanças drásticas e contraditórias nos relacionamentos inter-pessoais, na economia e nas instituições, que deveriam cuidar da condução de políticas para o bem comum. Que moral tem o governante que rouba, que manda matar um dissidente a título de “queima de arquivo”? Que respeito merece um homem que ataca uma camareira de hotel?
Que atenção e respeito merecem dirigentes que desprezam os valores que há milênios alimentam as raízes institucionais das civilizações? Que tolerância merecem os que são admiradores e seguidores dos maiores tiranos e assassinos históricos do espírito e das populações – Marx, Mao, Stalin, mestres e deuses de Hitler, Bush(es), Pol Pot, Guevara, Castro e conhecidos brasileiros?
Estes e muitos outros facilmente identificáveis, continuam conduzindo a humanidade nos caminhos da autodestruição, sem perspectiva de um futuro digno e realmente amoroso. As “verdades” científicas manipuladas são passageiras. Há uma verdade absoluta infinita e eterna, imutável e implacável. Uma inteligência insondável que mantém o equilíbrio do Universo.
As forças humanas que nos impõem ambientes descritos há milênios, como aquele da destruição de Sodoma e Gamorra, preparam tudo para mais uma das sucessivas tragédias que acometeram o planeta, eliminando a vida. Mas a vida e mesmo este planetinha continuarão resistindo, reconstituindo suas funções na estrutura do Universo. Cada um de nós é apenas pó, integrando a energia que move a matéria criada pela infinita, inominável e desconhecida inteligência no comando.
A pretensão de poder, a intolerância, a arrogância, o desprezo aos outros, a ausência da humildade e respeito, trazem a marca do desespero das almas descritas por Dante, no Inferno da “Divina Comédia”. Aqui estamos, buscando a forma de amar-nos uns aos outros, tentando praticar o respeito ao semelhante em sua essência.
Postado por Montenegro às 18:23
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