Mídia Sem Máscara
Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 05 Maio 2011
Artigos - Terrorismo
A morte de Osama Bin Laden significa a queda do símbolo do terror e da biografia paradigmática dos jovens islâmicos, porém ao mesmo tempo uma referência para que novos guerreiros santos se vinculem à violência irracional contra o Ocidente.
A morte de Osama Bin Laden é um troféu de guerra inestimável para a ambição re-eleitoral do presidente Barack Obama. Com este golpe, o presidente dos Estados Unidos concitará maior cabedal eleitoral ao que o levou à presidência, e sua carismática figura passará à história não só como o Prêmio Nobel da Paz, senão como o mandatário que com paciência e tato recompôs as relações exteriores de seu país, sem ceder contra o terrorismo internacional.
Assim como Uribe sonhava em eliminar Jojoy, Bush sonhou em eliminar Bin Laden, porém foram seus sucessores quem conseguiram esses objetivos internacionais contra o terrorismo. O certo é que o governo de Barack Obama chegou com êxito ao mais ansiado dos objetivos político-estratégicos do Pentágono e, sem dúvida, o discurso desta noite o catapultou para um novo período presidencial, em que pese as cisões que há entre republicanos e democratas e os problemas que encararam no campo econômico interno.
Como é óbvio de se supor, a fúria islâmica extremista pretenderá vingar a morte do chefe terrorista e causar golpes com atos terroristas de alta repercussão midiática, contra interesses políticos, econômicos, sociais, culturais e militares do Estados Unidos, seus aliados ocidentais e os governos laicos muçulmanos. E isto incidirá nas cada vez mais extremas medidas de segurança que eles aplicam em portos e aeroportos dos Estados Unidos, União Européia e Israel.
Por sua parte, os extremistas da Irmandade Muçulmana e da rede Al-Qaeda, com mais de 150.000 células adormecidas disseminadas pelo planeta, aproveitarão a situação convulsiva no Egito, Líbia e Oriente Médio para desatar a guerra santa contra os inimigos infiéis, os governos laicos e o Ocidente.
Embora com muito tato e altura o Presidente Obama esclareceu que esta não é uma guerra contra o Islam, senão contra os extremistas islâmicos, o trabalho organizativo e anti-ocidental que promove o ódio e a visão do califato universal incrementará com fortaleza tanto o recrutamento de novos mujahidin, quanto as ações violentas porque já há uma escola de pensamento extremista anti-ocidental.
A Al-Qaeda tem muitas similitudes com as FARC. A morte de Osama Bin Laden afeta a organização terrorista, porém não a leva à debacle, nem é o fim do fim, porque a Al-Qaeda tem uma organização piramidal na qual está prevista a substituição de cada quadro de comando. Nesse sentido, essa é uma boa lição para a Colômbia, Israel e os demais países na mira dos terroristas, para não cair em triunfalismos nem em suposições de derrotas de inimigos que estão em pleno auge de sua luta.
Uma vez mais as operações aero-terrestres, com base em um minucioso trabalho de inteligência técnica, produziram um golpe tático de conotações político-estratégicas similares aos sucedidos com as baixas de Reyes e Jojoy, porém desta vez com a singular característica de que o contundente golpe se produziu contra a cabeça do terrorismo internacional.
Por outra parte, a crise política interna no Paquistão se aprofundará. É um segredo a sete chaves que amplos setores dos serviços de inteligência paquistanês (ISI), organização com enorme influência nas decisões geo-políticas e estratégicas governamentais desse país apóiam a Al-Qaeda. E com eles há muitos imanes extremistas que desde as mesquitas paquistanesas e as madrassas dos talibãs, promovem não só o ódio anti-americano, senão contra o governo de seu próprio país que permitiu que o odiado inimigo infiel persiga o Sheik Bin Laden.
É provável que muitos civis e militares paquistaneses sejam alvo de múltiplos atentados terroristas causados por suicidas, convencidos de que essa é a forma de vingar a presença do inimigo infiel no solo sagrado do Islam. E talvez essa onda de terror e irracionalidade se estenda à Europa, ao Cáucaso, ao Oriente Médio, à Indonésia, à Austrália e às Filipinas.
Desde outro ângulo, o enorme desdobramento midiático gerará suposições, novelas, falsas testemunhas, fantasiosos que suporão operações secretas, traições, compra de consciências, etc. Haverá filmes em Hollywood, documentários, analistas que falam do divino e do humano.
Só a cortesia dos governos comprometidos na luta contra o terrorismo permitirá a efetividade das operações vindouras, pois do mesmo modo que na Colômbia se combate contra as FARC, no mundo ocidental a guerra contra o islamismo extremista continuará, pela simples razão de que a jihad, ou guerra santa contra os infiéis, se recrudescerá e continuará por longo tempo.
A morte de Osama Bin Laden significa a queda do símbolo do terror e da biografia paradigmática dos jovens islâmicos, porém ao mesmo tempo uma referência para que novos guerreiros santos se vinculem à violência irracional contra o Ocidente.
É indiscutível que Obama ganha porque a notícia tem relevância total sobre o povo norte-americano que leva na alma a lembrança dos ataques terroristas contra as Torres Gêmeas. Por razões óbvias, os estrategistas da campanha reeleitoral de Obama utilizarão o fato como um argumento muito sólido para justificar sua reeleição.
Por extensão, os mandatários internacionais, em especial as potências comprometidas na estranha guerra na Líbia, incrementarão seu respaldo ao mandatário norte-americano, com a conseqüência evidente de que este fato dará uma vez mais razão à teoria do choque de civilizações esboçada por Samuel P. Hungtinton.
Tradução: Graça Salgueiro
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