sexta-feira, 27 de maio de 2011

Goethe define a modernidade

Mídia Sem Máscara

Nivaldo Cordeiro | 26 Maio 2011
Artigos - Cultura

A extraordinária percepção do maior dos poetas alemães é que a tal modernidade de atual e futurista nada tinha, era apena um retorno, uma regressão aos tempos primitivos, pré-cristãos.

"Mal ordenado, feito o mal!"
Goethe, no Fausto

A mais completa e sofisticada definição do que vem a ser o que chamamos de "modernidade", expressão cunhada por Rousseau, foi dada por Goethe no Fausto, à altura do verso 10.175:

"Moderno e mau! Sardanapalo!"

O verso, visto de perto, é um oximoro. Quando falamos moderno intuitivamente ligamos a palavra ao conceito de atual, contemporâneo e, por vezes, mesmo em alusão ao futuro, algo como avançado. Esse sentido falsificado do termo moderno é uma das vitórias do Iluminismo, que persiste até hoje. Lembro que em textos anteriores eu próprio defini a modernidade como um conceito que só é compreensível em oposição ao cristianismo. Nada além. A modernidade nega tudo que é cristão, inclusive a sua filosofia aristotélico-tomista, seu conceito de Direito Natural indutivo, fundado na lei natural e seu senso de hierarquia, que toma o igualitarismo moderno como uma fraude e uma iniqüidade.

O que torna Goethe um gênio de larga envergadura e de insubornável honestidade intelectual é que ele jamais engana seu leitor, ao menos aqueles preparados e dignos de ler o grande poeta alemão. O segredo de sua definição está precisamente em usar o termo Sardanapalo, nome grego para designar o rei assírio Assurbanipal (668-626 a.C). Segundo a nota de Marcus Vinícius Mazzari, relativa ao verso (na edição da Editora 34), antigas lendas contavam que o referido assírio "se comprazia numa vida em meio ao luxo extremo e extravagâncias sexuais". Mazzari informa também que Lord Byron usou o personagem para escrever sua tragédia Sardanapalus, que foi dedicada ao próprio Goethe.

A extraordinária percepção do maior dos poetas alemães é que a tal modernidade de atual e futurista nada tinha, era apena um retorno, uma regressão aos tempos primitivos, pré-cristãos. O novo, o verdadeiramente novo na História, é a Revelação, que tem seu cume em Cristo. O que Rousseau e seus contemporâneos e sucessores chamaram de modernidade não passou (não passa) de um retorno aos tempos do rei assírio pervertido.

Não podemos perder de vista que Eufórion, o filho de Fausto com Helena (esta o duplo feminino de Mefisto), já nasceu como estuprador e suicida e, ao morrer, suas vestes eram como pele expelida pela serpente, ao ser trocada por uma nova. Goethe teve aguda percepção dos tempos. Sua obra continua atual, nós que temos que lidar agora com kit-gay, gayzismo e práticas sexuais rejeitadas pelo cristianismo. O Brasil com Lula e Dilma desembarcou com tudo na modernidade. Sardanapalo!

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