domingo, 27 de abril de 2008

O general e a democracia.

Sábado, 26 de Abril de 2008

O general e a democracia.

Coturno Noturno



O General Mourão Filho amava a democracia. Ia para a Praça da Sé participar de manifestações políticas para ouvir a voz do povo. Virava a noite anotando em seu diário os direitos que todo governo deveria promover. Foi por amor à democracia - e medo que Jango implantasse uma ditadura de esquerda com um autogolpe de Estado -, que o General Mourão Filho decidiu que impediria a "escravização do Brasil". No começo de 1964, o golpe era um desejo de várias frentes, mas ninguém tomava a iniciativa. O general, então chefe da 4a Região Militar em Minas Gerais, chamou a si a liderança, mesmo porque faltavam poucos dias para a sua aposentadoria. Em 31 de março, então, saiu telefonando para os pares: "Minhas tropas estão na rua!", dando o sinal para o início da revolução. Escreveu no seu diário: "Eu estava de pijama e roupão vermelho. Posso dizer com orgulho de originalidade: creio ter sido o único homem no mundo (pelo menos, no Brasil) que desencadeou uma revolução de pijama". Conta a história que se não fosse a pressa do quase reformado General Mourão, 64 poderia não ter ocorrido. Mas ocorreu, de forma diferente que ele sonhava: a "Operação Popeye" deveria tomar de assalto o Ministério da Guerra, derrubar o presidente (com cachimbo e tudo) e anunciar imediatamente novas eleições. As duas primeiras etapas deram certo. A terceira, que previa eleições diretas, demorou 35 anos para acontecer. O que fez o General Mourão Filho passar o resto da vida reclamando da falta de democracia, a começar pela sua declaração um mês depois do golpe: "Em matéria de política, não entendo nada. Sou uma vaca fardada". O tempo provou que não era.

Postado por Coronel às 23:44:00

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