por José Nivaldo Cordeiro em 25 de abril de 2008
Resumo: A propaganda mentirosa e a má intenção dos agentes políticos do PT são o pólo positivo; a alma desgraçada pelo descenso civilizacional é o pólo negativo.
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Voegelin, no livro HITLER E OS ALEMÃES, recém editado no Brasil pela éRealizações, foi enfático ao afirmar que o fenômeno político do nacional-socialismo derivou antes de tudo de uma pneumopatologia, uma doença do espírito que se abateu sobre a Alemanha daquela época, muito mais grave do que uma simples psicopatologia, uma doença da alma, como muitos quiseram fazer crer. O descenso civilizacional representado pelo nazismo tem que ser buscado nos indivíduos tomados como pessoas, com nome e endereço. Não há qualquer culpa coletiva, coletivos não podem ser escudos para retirar as responsabilidades individuais. E afirmou mais: “Não há nenhum direito de ser estúpido”, estupidez também não inocenta ninguém.
Lembro disso porque quero continuar o comentário que fiz no artigo anterior (A questão da representação no Brasil). A ascensão de Lula e do PT ao poder poderia ser debitada à engenharia de comunicação social mentirosa posta em marcha pelas forças petistas. Isso é certo, mas não explica o fato. Um homem dentro da sua razão não poderia acreditar nas estultices da propaganda política se não se acumpliciasse com os camaradas do partido. Veja você, meu caro leitor, que não estou aqui meramente cobrando a responsabilidade do povo miúdo, que teria até mesmo a desculpa da fome e do desamparo da pobreza para um voto “útil” no PT, embora mesmo essa gente não possa ser desculpada. Pobreza não é atestado de insuficiência moral e alguém pobre e pouco estudado continua a saber as noções elementares do “certo” e do “errado”, na vida pessoal assim como na vida política, de que participa pelo voto.
A propaganda mentirosa e a má intenção dos agentes políticos do PT são o pólo positivo; a alma desgraçada pelo descenso civilizacional é o pólo negativo. O discurso mentiroso e falsificado tinha ouvidos para ouvir. Havia no ar o pedido do “me engana que eu gosto”. Dessa maneira cumpre-se à risca o ditado de que cada povo tem o governo que merece. Uma ralé governante foi alçada ao poder pela ralé moral integrante de todas as classes sociais.
Quero me referir propriamente aos extratos superiores que constituem a parte mais relevante dessa ralé, para usar a dura e saborosa expressão de Voegelin. Banqueiros, industriais, toda a classe universitária, os controladores da mídia, parte do clero dito “progressista”, os poderosos e ricos em geral. Onde deveria residir o escol da sociedade, a dar exemplo às classes subalternas, vimos aninhados nesse meio enriquecido os aleijados de alma. O mote que utilizam é o cínico “igualitarismo”, que eles por condição sabem ser uma falsificação e uma impossibilidade prática. E todos os “direitos” arbitrários que foram inventados, desconectados do direito natural, cuja execução levou a uma exacerbação jamais vista na carga tributária, são exemplos dessa doença política.
A liberação dos costumes, a defesa dos criminosos e a inculpação das suas vítimas, a regulação da ação humana nos mínimos detalhes, tudo isso aboliu na prática grandes parcelas da liberdade. Então o reino petista é esse misto de terror fiscal e policial, de um lado, e o terror derivado do banditismo anárquico protegido pelas figuras eminentes do Estado, do outro lado. É a negação dos valores tradicionais.
O ponto é que não há inocentes nesse jogo e a comunalha só tomou o poder porque a doença do espírito se espalhou por igual por todo o corpo social. Se alguém quiser buscar os culpados da situação que foi criada basta procurar um espelho e nele mirar-se. A cura terá que ser individual, a começar pela catarse pessoal, cada um assumindo a parte que lhe cabe. Mesmo o pobre dos grotões, ao receber a bolsa-esmola, sabe que está se vendendo moralmente, pois sabe que nada é grátis. Os esquerdistas Zona Sul, esses é que não têm desculpas. Alguns quiseram fazer carreira com a carteirinha do partido. Outros usar de influência. Outros por vaidade, para se sentir parte do grupo. Outro por puro cinismo, para realizar negócios ou qualquer outra coisa inconfessa. Ninguém é inocente.
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