quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O fim do liberalismo?

Mídia Sem Máscara


Jornal inglês noticia a quebra da bolsa em Wall Street, 1929. História se repete?


A severa crise financeira que se abateu sobre o mundo capitalista leva o observador a pensar os acontecimentos em perspectiva histórica. Estaríamos vivendo o equivalente ao que aconteceu em 1929? Se a resposta for positiva – e temo que seja verdadeira – é de se esperar todos os desdobramentos já vistos àquele tempo, inclusive no circuito de poder mundial. É bom lembrar que a crise de 1929 é uma das causas mais remotas da II Guerra Mundial. Foi o fim do Império Britânico.

Ou haverá algum paralelo com o fim do comunismo stalinista, com a queda do Muro de Berlim e o fracionamento do império soviético, no começo dos anos 90? Será que o modo de vida do Ocidente está entrando em colapso? Estamos vendo o fim último do liberalismo? Aqui as respostas não podem ser diretas. É claro que o epicentro da crise será nos EUA, secundado pela Europa. Daí concluir pelo fim do liberalismo há um salto espúrio.

Em primeiro lugar, a crise não é das instituições liberais, muito ao contrário. Uma das qualidades superlativas da ordem liberal é a sua capacidade de auto-regulação, seja no plano econômico, com sua mobilidade de preços, de capital e de mão-de-obra, seja no plano político, com a alternância de partidos no poder. Essa forma auto-regulada de existência tem sido o antídoto contra todas as crises e todos os surtos totalitários que ciclicamente assolam o Ocidente.

Em segundo lugar, é bom lembrar que a crise ora vivida tem origem precisamente na fuga da receita liberal. Os críticos mais competentes e isentos do que tem sido a política econômica dos EUA e da União Européia têm mostrado que esses países têm vivido além de suas possibilidades. Fizeram da capacidade de emissão de moeda fiduciária um modo de vida. As instituições bancárias “podres” só puderam persistir em face da abundância de dinheiro barato. É claro que isso levou a desindustrialização, tornando países como China e mesmo o Brasil plataformas de exportação e detentores de enormes superávits comerciais, contrapartida dos déficits gerados pelos países ditos ricos. Esses déficits espelham precisamente que os países passaram a viver além das suas posses. Claro que um desequilíbrio desses um dia cobraria sua conta. É chegada a hora.

Então a crise tem origem na traição do ideal liberal e não na sua prática. Emissão descontrolada de dinheiro, excesso de governo e de impostos, gastos descontrolados, tudo isso é sinônimo de socialismo e não de liberalismo. Há muito que o socialismo tomou conta dos países que agora estão em crise.

Aí que está a ironia da coisa: os inimigos do liberalismo acusam a este último de ser o causador daquilo que ele não poderia causar. Pior, para enfrentar a crise vêm com suas velhas receitas estatizantes e regulatórias, quando um liberal simplesmente daria de ombros e diria: “-Quem quebrou, quebrou”, fórmula que em um ano traria a economia de volta à prosperidade. Mas os inimigos do livre mercado não descansam e jogam nos ombros daqueles que lutam pela liberdade uma responsabilidade que é só deles mesmos.

A solução é uma só: reduzir o Estado, pelo lado da receita, da despesa e da regulação. É fazer retornar a velha ética liberal, que está na Bíblia: que cada um coma o suor de seu próprio rosto e que essa cambada de parasitas que vive dos impostos volte a trabalhar. Que se restaure o princípio da poupança individual para bancar o bem-estar das famílias e a aposentadoria dos velhos. Que cada um arque com as conseqüências de seus erros e incúrias. E de suas falências. O Estado não tem o direito de tomar dinheiro dos que trabalham e têm tirocínio para dar a vagabundos e parasitas. É simples assim.

A ética liberal é imorredoura porque é a única capaz de prover a humanidade de um instrumento racional para o exercício da liberdade. É a condição também da prosperidade. A crise atual é um aviso para que os homens voltem a viver dentro da realidade e não no delírio alucinado que tem por nome socialismo.

Autor: José Nivaldo Cordeiro


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