segunda-feira, 20 de abril de 2009

A cúpula do crime na Cúpula

Mídia Sem Máscara

Vou repetir uma citação de Maquiavel que parece adequada à situação política criada pelo embargo e que diz: “O que não vai usar a adaga não deve mostrar a empunhadura”. O embargo, repetirei mil e uma vezes, foi a empunhadura de uma adaga que nunca se usou e que, pelo contrário, deu vigência política internacional ao criminoso psicopata mais sanguinário que este continente conheceu: Fidel Castro.

“Enquanto houver na América uma nação escrava, a liberdade de todas as demais corre perigo”.
José Martí

Segundo recente informação Fidel Castro apóia Obama, mesmo quando acredita que fracassará em sua tentativa de modificar a política americana com respeito a Cuba. Não posso esconder a tristeza que me produz o êxito político e ético dos criminosos que tomaram o poder em Cuba em 1º de janeiro de 1959. O cinismo e a hipocrisia coletiva da chamada civilização ocidental frente à sofrida e sofredora realidade de um povo que se viu submetido ao regime criminoso que a Europa legou à humanidade, é realmente entristecedor.

Em suas palavras Castro diz que é Obama quem tem que dar o primeiro passo, pois foram os Estados Unidos que atacaram primeiro. Creio que é conveniente neste momento reler o que disse Earl T. Smith, embaixador de Cuba nessa época, em sua obra geralmente esquecida “El Cuarto Piso”. Ali Smith diz e explica: “Ninguém fez mais para derrocar Batista e colaborar com a democracia castrista do que o suposto imperialismo”.

Para se ter uma noção real de quem foi que começou o ataque, vale recordar um discurso que hoje parece esquecido: “Vou bem, Camilo?” Fidel chegou à Havana, se bem me lembro, em 7 de janeiro; os Reis Magos nos trouxeram o totalitarismo. Não posso esquecer suas palavras naquela noite e creio ser necessário lembrá-las. Ali ele disse: “Em 1898 quando no Morro deveria ter estado ondeando a bandeira da estrela solitária, flamejava a bandeira americana... Nós não estamos aqui pelo Pentágono senão contra o Pentágono... E vamos retirar a missão do exército americano atualmente em Cuba”.

Não passou muito tempo quando começaram as nacionalizações e as confiscações de todas as empresas privadas e particularmente dos Estados Unidos. Foi quando começou a Reforma Agrária, que significava a expropriação da terra pertencente aos engenhos que em aproximadamente 50% pertenciam a empresas americanas. Em seguida recomeçou a importação de petróleo da Rússia e a confiscação das empresas petroleiras. A primeira foi a Shell, supostamente por haver ajudado Batista a comprar tanques de guerra à Inglaterra, pois os Estados Unidos se negavam a fazê-lo.

Imediatamente se estabeleceu o controle de câmbios e se nacionalizou a Cubana de Aviación. Sair do país converteu-se em um processo interminável. Era necessário pagar as passagens para o exterior em dólares, porém a posse de dólares estava proibida. Pátria ou morte converteu-se no lema da chamada Revolução da Melancia (verde por fora e vermelha por dentro). Assim se instituiu a tapeação da soberania do povo para impor o totalitarismo comunista, e Fidel reconhecia publicamente que sempre havia sido marxista-leninista.

Não vou insistir no fato histórico da traição de Kennedy na Baía dos Porcos e na entrega de Cuba à órbita soviética em razão da crise dos mísseis, que significou o início da subversão marxista na América Latina, hoje praticamente esquecida em nome dos direitos humanos violados pelos governos militares. Porém, foi então que a suposta represália foi o embargo, cuja razão jurídica é decididamente válida, mas que lamentavelmente em termos políticos constituiu o fracasso dialético do imperialismo.

Desde o princípio me opus ao embargo, hoje repetidamente denominado bloqueio, o que é absolutamente falso. Se tivesse havido um bloqueio Fidel Castro não estaria em Cuba. Em algumas ocasiões em minhas aparições na rádio em Miami alguns ouvintes consideravam que eu estava a favor de Fidel Castro. Não estava e não estive nunca, porém considero sim e continuo considerando que o embargo é e tem sido a razão de ser do êxito político de Fidel Castro, pois a pobreza criada pelo sistema político vem sendo justificada como conseqüência do imperialismo.

Toda a retórica referente a Cuba hoje, na reunião da Cúpula das Américas, gira ao redor deste pressuposto falaz. Assim, as últimas decisões de Obama a respeito dos cubanos, aparecem como que finalmente os Estados Unidos hão de abandonar a posição imperialista que caracteriza sua política internacional. Vou repetir uma citação de Maquiavel que parece adequada à situação política criada pelo embargo e que diz: “O que não vai usar a adaga não deve mostrar a empunhadura”. O embargo, repetirei mil e uma vezes, foi a empunhadura de uma adaga que nunca se usou e que, pelo contrário, deu vigência política internacional ao criminoso psicopata mais sanguinário que este continente conheceu: Fidel Castro.

A chegada de Obama à Casa Branca fez o mundo acreditar, ou ao menos se tentou interpretar pelos porta-bandeiras do socialismo, como o fim da hegemonia americana, que é a mais recente denominação dada ao imperialismo. Assim se percebe igualmente o fim do capitalismo, para o qual a última crise financeira americana contribuiu. A América Latina concorrerá à cúpula dos governos democráticos que em grande parte constituem o que Jefferson denominou um despotismo. Até o Papa enviou o Cardeal Bertone para felicitar os Castro “por estar a favor dos pobres e da solidariedade”.

Levantar o embargo não deveria significar um diálogo político com os maiores representantes do crime político organizado. Da mesma maneira, por mais humano que pareça, a liberação das viagens a Cuba dos cubanos que vivem nos Estados Unidos. Isto entra em contradição com a atual política imigratória preferencial. Esta deve-se precisamente a que os cubanos são considerados como exilados de um regime totalitário. Ocorre que esta decisão fará com que os que não vão poder entrar nos Estados Unidos serão os cubanos que consigam escapar. Não posso deixar de manifestar minha profunda tristeza por aquilo que considero uma hipocrisia frente ao crime, que ignora que os que sofrem são os cubanos a quem lhes tocou viver no paraíso comunista do Caribe que é o cárcere das Américas. E para terminar, permitam-me citar novamente Martí: “Ver alguém cometer um crime sem denunciá-lo, é cometê-lo”.

Tradução: Graça Salgueiro

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