segunda-feira, 20 de abril de 2009

O ato terrorista dos sem-terra e os olhos que se negam a ver o que vêem

Brasil acima de tudo

20 de abril de 2009

Por Reinaldo Azevedo (*)

O MST finalmente chegou lá. Optou por um ato abertamente terrorista: o uso de escudos humanos, a exemplo do que fazem Hezbollah e Hamas. PIOR: O JORNALISMO VÊ O FATO, FILMA O FATO, EXIBE O FATO, MAS TEM RECEIO DE CHAMAR AS COISAS PELO NOME. BOA PARTE DA IMPRENSA É HOJE PRISIONEIRA MENTAL E MORAL DE JOÃO PEDRO STEDILE. Chegarei a essa questão. Antes, algumas considerações.

Os métodos empregados pelos ditos sem-terra são por todos conhecidos. Os que se aventuram a lutar contra o movimento — OU MELHOR: EM FAVOR DA APLICAÇÃO DA LEI — acabam desistindo, moralmente atingidos por uma espécie de solidão. Logo se conjuram as forças do “progressismo” contra o “reacionário”. Foi o que aconteceu com o promotor de justiça do Rio Grande do Sul Gilberto Thums. Ele responsabilizou criminalmente invasores de terra, impediu invasões anunciadas, manteve os bandoleiros longe de terras produtivas etc. Mas cansou. Sua vida virou um inferno. Teve até conversas ao telefone gravadas clandestinamente. A VEJA desta semana traz uma reportagem a respeito e faz uma síntese dos males que o atingiram:

“Os ataques contra o promotor surgiram de todas as partes e seguiram os mais diversos métodos, da intimidação à ameaça. Em Brasília, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, órgão do governo aparelhado pelo MST, enviou uma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público acusando a instituição de afrontar direitos fundamentais das crianças ao tentar extinguir as escolas do MST. Há duas semanas, ao participar de uma audiência pública, o promotor foi recebido por 200 crianças cantando o hino do movimento e com cópia do Estatuto da Criança e do Adolescente nas mãos. A claque o deixou constrangido. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), braço da Igreja Católica que dá sustentação ao MST, atacou em outra frente. Pela internet, lançou uma campanha mundial que soterrou o correio eletrônico do promotor. Thums, descendente de austríacos, foi comparado a Adolf Hitler, para citar apenas as mensagens menos hostis.”

Pois bem: os sem-terra, que já ocupam uma área da Fazenda Castanhais, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, no Pará, decidiram invadir a sede da propriedade. Houve troca de tiros com os seguranças. Sim, os sem-terra estava armados — agora é bala de verdade. Aí um Zé Mané poderia gritar: “Mas os seguranças também atiraram”. Se eles portavam armas legais, não cometeram nenhuma ilegalidade, embora se deva evitar esse tipo de confronto. Que abra a própria casa a invasores quem discordar. O direito de propriedade não foi abolido no país, ainda que muita gente possa achar isso estranho e considere propriedade — sempre a alheia —um papo reacionário...

Os escudos humanos do nosso Hamas, do nosso Hezbollah, eram jornalistas que cobriam o confronto. Foram feitos reféns pelo MST e postos na linha de tiro. Os líderes dos sem-terra buscavam o que sempre buscam: cadáveres para fertilizar o solo de suas mistificações. É a morte que alimenta a mística de que existe um problema agrário no Brasil. De fato, o setor, há muito, é só uma solução. Responde por boa parte das reservas que dão ao Brasil razoável segurança para enfrentar a crise. Os sem-terra não existem. São uma invenção política de João Pedro Stedile. Pode existir gente sem emprego, mas não sem-terra. Pode existir gente sem eira nem beira, mas não sem-terra. Pode até existir gente sem vergonha. Mas não sem-terra.

Olhos que vêem sem ver
Assisti ontem no Fantástico às cenas do confronto, filmadas por uma emissora afiliada da Rede Globo. O mais espantoso de tudo é que o repórter que cobria o conflito afirmou no ar algo como: “Os seguranças acusam os sem-terra de tentar invadir a sede da fazenda...”.

NÃO! DE JEITO NENHUM! NÃO SE TRATAVA DE UMA ACUSAÇÃO DOS SEGURANÇAS. AS IMAGENS MOSTRAVAM CLARAMENTE A TENTATIVA DE INVASÃO. NÃO CABIA, POIS, DIANTE DO QUE ERA EXIBIDO, ATRIBUIR A INFORMAÇÃO AOS SEGURANÇAS, COMO SE ALI ESTIVESSE UMA MATÉRIA CONTRAVERSA, SUJEITA A UMA OUTRA VISÃO. AQUILO ERA UMA INVASÃO, CONTIDA PELOS SEGURANÇAS, QUE CUMPRIAM SEU DEVER. O QUE SE TINHA ALI ERA UM FATO: OS SEM-TERRA, ARMADOS, TENTARAM INVADIR A SEDE DA FAZENDA.

Os olhos vêem, as câmeras filmam, mas o juízo se nega a fazer a devida ponderação (veja em post abaixo detalhes da violência). Os filmes do chamado “massacre de Eldorado dos Carajás” desapareceram do YouTube. Entendo. É preciso ficar a mística. É claro que os policiais se excederam naquele caso. É claro que deveriam ter dado a sua contribuição para evitar a tragédia. Mas o fato inequívoco é que os ditos sem-terra avançaram para cima dos soldados com paus e foices. É fato. Está no filme, agora banido da Internet. Ouvem-se os primeiros tiros, e eles não recuam. Ao contrário: avançam. Aí aconteceu o que já se sabe. Perderam, claro, as vítimas e suas famílias. Perdeu o estado do Pará, que assistiu ao horror. Perderam os policiais, tratados como bandidos. Mas o MST ganhou. No YouTube restam apenas filmetes de prosélitos e demagogos. Exibidas as imagens originais, não haveria tribunal no mundo que não considerasse que os policiais reagiram a um ataque — reação violenta, sim, mas reação. Basta ver.

Mas acontece que NÃO SE QUER VER. Uma nova tragédia poderia ter acontecido no mesmo Pará, na mesma região de Eldorado dos Carajás. Oito pessoas ficaram feridas, duas com gravidade — um segurança e um invasor. E, mais uma vez, o fato cede espaço à mistificação politicamente correta. Faço uma aposta: é bem possível que Tarso Genro, o ministro da Justiça, fale nesta segunda sobre o episódio. Deve pedir uma severa investigação para saber por que os seguranças da fazenda, uma propriedade privada e produtiva, estavam armados.

E tenho de lembrar, não? O MST é financiado com dinheiro público. A baderna havida no Pará neste fim de semana, com o uso de escudos humanos, é, pois, patrocinada pelo governo federal. Seus principais artífices são o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra.

Os sem-terra continuam no local e fazem novas ameaças. Dizem dispensar até mesmo a ajuda federal. Querem resolver tudo à sua maneira.

Quase me esqueço: a fazenda pertence a Daniel Dantas. Daniel Dantas, que é um legítimo Daniel Dantas, como se vê, serve para tudo. Serve para esconder outros Daniéis Dantas, talvez mais Dantas do que ele próprio, e como pretexto para ações terroristas.






(*) Fonte: http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2009/04/o-ato-terrorista-dos-sem-terra-e-os.html

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