sábado, 25 de abril de 2009

Sobre o Foro de São Paulo, Luiz e Luisinho

Movimento Endireitar

Escrito por Wellington Moraes

Sáb, 25 de Abril de 2009 00:00

O experiente e multipremiado jornalista Luis Nassif (doravante denominado simplesmente Luisinho) afirmou em “Obama e o Foro de São Paulo” [1] que é “inacreditável a capacidade de errar continuamente desse pensamento neocon que assolou a imprensa. De repente, até jornalistas experientes entraram nesse papo furadíssimo do Foro São Paulo”. (grifo nosso)

Em resposta a um comentário de um dos seus leitores, disse ainda que não passa de uma “invenção [dos neocons] supor que o Foro [de São Paulo] teria alguma influência na política brasileira para a América Latina”.

Luisinho deveria tomar mais cuidado, se algum militante graúdo do PT não gostar do que ele escreveu, o contrato publicitário do Banco do Brasil com a Agência Dinheiro Vivo pode ir para o espaço.

Como é que um jornalista experiente como o Luisinho escreve uma besteira dessas? Por acaso ele está querendo dizer que o nosso líder, Luiz, o Grande, é um mentiroso?

Luiz, o Grande Guia, em seus discursos tem enfatizado não só a importância do Foro de São Paulo (FSP) para a América Latina, como também já explicou suas origens, objetivos, métodos de ação e coordenação e deu uma infinidade de detalhes sobre as atividades dos seus membros.

Para aqueles leitores que ainda não estão cientes sobre o FSP, deixarei que o Presidente, Führer, Duce, o Grande Líder do Proletariado, o Guia Genial da Revolução e Grande Timoneiro, enfim, o fundador desta “insignificante” organização nos explique o que ela é.

Diz o Grande Líder: “... eu tive o prazer de convocar a primeira reunião da esquerda na América Latina, em 1990. Eu tinha terminado a eleição de 89, nós tínhamos saído muito fortalecidos do processo eleitoral e era preciso, então, fazer um chamamento a todas as organizações de esquerda que militavam na política da América Latina, para que pudéssemos começar a estabelecer uma estratégia de procedimento entre a esquerda da América Latina”.

“... A reunião”, diz o Genial Timoneiro, “foi feita em São Paulo, por isso é que ficou constituído o Foro de São Paulo”. Foi uma reunião “muito difícil porque as pessoas não confiavam em si, ... cada um era mais revolucionário do que o outro, cada um era mais guerrilheiro do que o outro”.

“Eu ... conheci o (Fidel) em um encontro que fizemos em Cuba. ... Conheci o Chávez em um encontro do FSP [em Havana], como conheci também o Daniel Ortega, como conheci tantos companheiros da Argentina, do Chile, do Uruguai, do Paraguai, da Bolívia, do Equador, da Venezuela, da Colômbia [FARC].

Prossegue o Irmão Número Um: “Nós fizemos uma pequena revolução democrática na América do Sul e na América Latina”. “O que aconteceu na América do Sul é um fenômeno político que, possivelmente, os sociólogos levarão um tempo para compreender por que aconteceu tão rápido a mudança que houve, uma mudança extremamente importante”. [2]

“Revolução democrática” é um termo do jargão comunista. No trotskismo, ela é parte de um processo maior denominado “Revolução permanente” que compreende todo o desenvolvimento revolucionário que vai da revolução democrática à transformação socialista da sociedade. Lula sabe o que diz. Os sociólogos e alguns jornalistas experientes é que não entendem nada. A idéia geral da “Revolução permanente” foi formulada em 1850 por Karl Marx e Engels na “Mensagem do Comitê Central à Liga Comunista”. A “Mensagem” é, como disse o próprio Marx numa carta a Engels (13 julho, 1851), "no fundo nada mais que um plano de guerra contra a democracia".

Continua o Guia Genial dos Povos: “Eu ... precisei chegar à Presidência da República para descobrir o quanto foi importante termos criado o FSP”. “E digo isso porque, nesses 30 meses de governo [esse discurso é de 2005], em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio [assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais] tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990. ...”.

Luisinho ainda não acredita que o FSP tenha alguma influência na política brasileira para a América Latina?

Luiz prossegue: “Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no FSP para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. (grifo nosso)

“... É por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o FSP, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso continente...”. [3]

Outros integrantes também já se pronunciaram sobre esse “papo furadíssimo do Foro São Paulo”. Tomemos, por exemplo, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), esse grupo que dedica cada minuto de sua existência à luta pela conquista de “um mundo melhor” (o outro mundo possível).

Lá das montanhas da Colômbia, a Comissão Internacional do Exército do Povo enviou em janeiro de 2007 uma saudação bolivariana ao FSP. [4]

Dizem os amigos do Fernandinho Beira-Mar: “Em 1990 já se via vir abaixo o campo socialista, todas as suas estruturas fraquejavam como castelo de cartas ... A utopia se dissipava, a desesperança se apoderou de muitíssimos dirigentes que haviam dedicado toda sua vida à luta por conquistar um mundo melhor, idealizando-o com o modelo de socialismo desenvolvido da União Soviética.”

“É nesse preciso momento que o PT lança a formidável proposta de criar o Foro de São Paulo, trincheira onde nós pudéssemos encontrar os revolucionários de diferentes tendências, de diferentes manifestações de luta e de partidos no governo, concretamente o caso cubano. Essa iniciativa, que encontrou rápida acolhida, foi uma tábua de salvação e uma esperança de que tudo não estava perdido. Quanta razão havia, transcorreram 16 anos e o panorama político é hoje totalmente diferente.” (grifo nosso)

Os guerrilheiros narco-marxistas confirmam as palavras do Grande Líder Absoluto do Proletariado: “É no marco deste cenário político que se desenvolveu e se segue desenvolvendo o Foro de São Paulo. De um partido no governo que inicialmente fazia parte do Foro, o Partido Comunista Cubano, hoje são oito as forças governantes que, ademais de ser forças no governo, foram fundadoras deste importante movimento. Assim as coisas, qualquer pessoa pensaria que o haver avançado em lutados e esperados objetivos, faria do Foro de São Paulo um impulsionador da integração da América Latina”.

Já que o caro leitor teve paciência para chegar até aqui, permita-me transcrever um documento que mais uma vez prova a total falta de fundamento das idéias de Luisinho.

Em janeiro de 2008 nosso... nosso.. (vou repetir) nosso Guia Genial da Revolução se encontrou com o “único mito vivo da História da Humanidade” na Disney do socialismo, Cuba.

Todos nós apreendemos com a dra. Marxilena Chauí que “quando Lula fala, o mundo se abre, se ilumina, se esclarece”. Fidel, o “soldado das idéias”, após o encontro com essa fonte eterna de inspiração revolucionária, publicou uma série de reflexões no panfleto do governo cubano, o www.granma.cu.

O comandante parece ter uma memória privilegiada, lembra que Luiz “era o homem que conheci na capital sandinista, Manágua, e que tanto se vinculou com nossa Revolução. Não lhe falei nem he teria falado de algo que resultassem em ingerência no processo político do Brasil, mas ele mesmo, entre as primeiras coisas, disse: Você se lembra, idel, quando falamos do Foro de São Paulo, e me disse que era necessária a unidade da esquerda latino-americana para garantir nosso progresso? Pois já estamos avançando nessa direção”. (grifo nosso)

O mito relatou também que: “ ‘Lula comentou que o que hoje se pode ver na América Latina nasceu em 1990, quando decidimos criar o Foro de São Paulo: ‘Tomamos aqui uma decisão, numa conversa que tivemos. Eu tinha perdido as eleições e você foi a minha casa a almoçar, em São Bernardo.’. [5]

Como podemos perceber o FSP é mesmo um papo furadíssimo. Num futuro próximo, logo após a revolução democrática, os povos Latino-Americanos viverão prósperos, felizes e se sentirão seguros ao lerem os cartazes (e os outdoors!) com a frase “O Grande Irmão zela por ti”.

NOTAS:

[1] Conferir: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/04/18/obama-e-o-foro-de-sao-paulo/

[2] Conferir: http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr464-2@.doc

[4] Conferir: http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr812a.doc

[4] Conferir: http://port.pravda.ru/mundo/15168-farcsaudacao-0

[5] Conferir: http://www.granma.cu/portugues/2008/enero/vier25/reflexiones.html

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