segunda-feira, 27 de abril de 2009

O 19 de abril e o politicamente correto...

Domingo, 26 de Abril de 2009

Blog do Clausewitz

Hoje li um e-mail enviado há alguns dias pelo amigo Danilo, que apresenta um link, onde é transcrito um discurso do ex-deputado falecido Enéas Carneiro, realizado em 2004... na ocasião, Enéas adverte para os rumos da economia nacional e a pouca destinação de recursos para segurança nacional... Enéas fala da dívida pública e qualquer pessoa que tenha intimidade com orçamentação pública confirma suas palavras...

Logicamente que em 5 anos a realidade nacional mudou e todos sabemos que para pior, apesar de hoje sermos arrogantemente credores do FMI... e não sou eu quem diz isto... são os números da economia, que apontam uma estagnação do crescimento, que na sombra da crise mundial tem descortinado a incompetência administrativa do PT... o discurso de Enéas poderá ser lido aqui e apesar de ser longo, merece ser ambientado aos dias atuais...

A questão é que Enéas, por ser um nacionalista, estava chamando a atenção da câmara dos deputados naquela tarde de 15 de junho de 2004, para a impraticabilidade de sermos um país soberano sem o competente suporte militar... eu relutei a ler a mensagem de Lula por ocasião do dia do exército, até porque vejo que o texto não é da autoria dele - e nem poderia ser - e tudo que estaria lá consignado não apresentaria sinceridade para com a instituição, visto que o que Lula e sua equipe querem é que nossas forças armadas estejam na condição de subalternidade em que hoje se encontram para que não atrapalhem a consolidação do plano continental de esquerdização da realidade política... mas eu precisava ler, até para embasar estas minhas idéias, fazendo um paralelo às verdades ditas por Enéas Carneiro...

Na mensagem, Lula concita a que o exército continue sendo um exército de paz, mesmo que na visão míope dele, um exército de paz não precise estar preparado para a guerra... o tratado de Lula contemplou a segunda guerra mundial como o grande feito heróico deste exército, como se a campanha da tríplice aliança nada tivesse significado, inclusive para o nascimento dos verdadeiros heróis de nossas instituições militares e para o nascimento da visão republicana que conduziu poucos anos depois o marechal Deodoro a proclamá-la...

Lula, continuando sua carta politicamente correta, julga que o exército deve continuar a mobiliar as missões de colonização institucional da ONU e que deve continuar sendo importante baluarte para a garantia do Estado democrático de direito... Lula deveria ter lido o discurso de Enéas, para entender que soberania interna e externa se conquista com atos e fatos e não com palavras...

Não analisarei a auto-estima da instituição, pois ela é movida por seres humanos e é pela ótica de seus muitos homens e mulheres que temos que enxergar o grande vazio de poder que criminosamente foi plantado em nossa brasilidade... falo muitos, pois o dobro de muitos, são muitos... a auto-estima dos seres humanos que perfilam a defesa nacional é realimentada pela possibilidade de crescimento pessoal e por isso em primeira análise, pela capacidade de pagar dívidas, que geralmente são muitas e onerosas... e como estará este crescimento pessoal e essa capacidade auto-sustentável de nossas praças e oficiais?

Como poderemos querer auto-estima em um oficial no início de carreira, que ganha 7 salários mínimos e que 30 anos depois, aquele mesmo homem que agregou a si a condução de mais 5 pessoas - no mínimo - experimente ganhar 15 salários mínimos, ou seja, o dobro - que desta vez será o dobro de quase nada - sendo que esta remuneração de final de carreira daquele homem que teve dedicação exclusiva aos assuntos nacionais, será igual ao que um imberbe concursado na carreira pública, em nível superior, terá como fatura a pagar do cartão de crédito? e o que dizer dos sargentos, que terão pela metade a situação agravada?

Alguém poderá dizer que a vida militar já pressupõe sacrifício e dedicação incondicional... realmente, aos militares já são impostos estes atributos, mas é demais querermos que seus dependentes os ajudem a carregar os pesados grilhões de sacrifício pessoal, diga-se de passagem muito pouco levados em consideração pela sociedade, que está tão ou mais saturada de viver uma vida de concessões e sacrifícios...

O discurso de Enéas é rico na capacidade de chamar a atenção para o descaso com a qualidade de vida de nossos indivíduos - civis e militares - e coletividade, à medida que aponta para o grande problema causador: a má versação do dinheiro público... a brilhante sequência de raciocínios em nada lembra a formal e verborrágica demonstração de apreço, que na verdade não existe, do governo do PT pela classe militar, que em todos os sentidos e direções foi a grande mantenedora de sua permanência no mando nacional...

E Enéas conseguiu descortinar claramente a necessidade pela qual nossa realidade de defesa deveria ser considerada melhor pelos poderes republicanos... ao contrário do que o comandante do exército propõe em sua mensagem à força no dia 19 de abril, nosso entorno estratégico é composto sim por povos amigos, mas controlados por mentes costuradas a vertentes de atraso e dominação coletiva... e o fator dissuasório de uma nação reside em fatos e atos que o situem numa realidade de real dimensão bélica...

Porém, sem integrantes bem remunerados, inseridos numa política de valorização profissional justa e dinâmica, que o preparem para um retorno sadio e qualitativo à vida civil, os projetos elencados pelo general em sua retórica formalística, apenas serão mais nomes a emoldurarem as paredes do museu das boas intenções, como por exemplo a FT/90 (lembram?)... e de nada adiantará um exército de heróis motivados, em renúncia constante e dedicação integral ao serviço da Pátria, que não disponham de ferramentas tecnológicas que possam ser manuseadas por profissionais qua as saibam manusear na hora em que nossa cidadania mais precisar daqueles que juraram morrer em defesa do Brasil...

Clausewitz

Um comentário:

Bruno disse...

O discurso do Professor Enéas é um verdadeiro plano de governo nacionalista que possibilita a liberdade do cidadão e o crescimento e soberania do país.