sábado, 18 de abril de 2009

Onde estão as notícias dos crimes na Venezuela?

Pesquisando com mais atenção sobre o assunto, percebe-se que até os amigos mais fiéis do regime de Hugo Chávez protestam contra o comandante e contam de brutalidades.

É, no mínimo, curiosa a cobertura da mídia televisiva brasileira sobre a violência no mundo. O exemplo mais próximo que comprova esta afirmação é a Venezuela de Hugo Chávez.

Já no ano de 2005, o número de homicídios na Venezuela superou o registrado na Colômbia: 18 mil assassinatos, o que corresponde a 40 por 100 mil habitantes – o dobro do Brasil (http://www.comunidadesegura.org/pt-br/node/24743). Desde 1999, quando Chávez assumiu o poder, os assassinatos aumentaram em mais de 100% na Venezuela, segundo já noticiou o próprio Estadão (http://www.estado.com.br/editorias/2008/01/30/int-1.93.9.20080130.9.1.xml).

Apesar desse aumento estrondoso, os brasileiros ainda não sabem ainda como são os crimes na Venezuela – ou eu pelo menos não sei. As redes de televisão brasileiras e boa parte dos jornais simplesmente preferem noticiar sobre seqüestros na Colômbia, onde a violência se reduziu substancialmente, e ainda insinuar a possibilidade de envolvimento do presidente Uribe com paramilitares.

Para medir o tamanho da gravidade do assunto, basta digitar “violência na Venezuela” no Google. O resultado são dezenas de artigos sobre o assunto, muitas organizações alertam para este perigo, e somente na quarta página se encontra uma notícia específica, que é da CNN – largamente conhecida como parte da esquerda americana.

Pesquisando com mais atenção sobre o assunto, percebe-se que até os amigos mais fiéis do regime de Hugo Chávez protestam contra o comandante e contam de brutalidades. O PSTU denunciou o assassinato de sindicalistas na revolução venezuelana (http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=9507&ida=0).

Ora, estamos falando de um país vizinho. O que acontece do lado de lá influencia diretamente o que acontece aqui (vide Foro de São Paulo). Mas, não. A mídia brasileira prefere noticiar religiosamente tiros que acontecem, sim, com alguma freqüência nos Estados Unidos, ou na Finlândia. Que nada representam em termos estatísticos, porém.

Distorções como essas podem estar produzindo aquele argumento comum quando se fala sobre violência: “Ah, mas isso é um problema mundial”. Sim, pessoas matam as outras em qualquer lugar do mundo. A média anual de assassinatos na Venezuela e nos EUA, é de cerca de 10 mil (http://pt.newspeg.com/Venezuela-Mais-de-cem-mil-homic%C3%ADdios-nos-%C3%BAltimos-10-anos-22237746.html). Mas, considerando a população venezuelana, de 25 milhões de habitantes, e a dos Estados Unidos, de 300 milhões, percebe-se que o número de homicídios no país de Chávez é proporcionalmente 12 vezes maior.

“O que?! Mas isso não está no New York Times...”

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