sábado, 29 de agosto de 2009

Farinha do mesmo saco

Mídia Sem Máscara

Nos encontros do GT (que ocorrem trimestralmente) há um revezamento de partidos e países mas o Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro, que é seu fundador e comandante, sempre esteve à frente desses encontros e é praticamente quem estabelece a pauta.

No ultimo encontro do Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo (FSP), ocorrido na Nicarágua entre os dias 18 e 20 de julho pp., o tema central dos debates e foco principal da pauta para o Encontro Anual a ocorrer entre 20 e 23 de agosto no México foi, como era de se esperar, o "golpe de Estado" em Honduras. O acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos ainda não havia vazado...

Para aqueles que não estão muito familiarizados com o FSP terem uma compreensão melhor de como as coisas se processam, esclareço que o GT é a instância onde se reúnem representantes dos partidos-membros para deliberar sobre os temas que vão ser debatidos nos Encontros anuais; é como se o GT fosse a secretaria geral do partido, quem tem o poder. Nos encontros do GT (que ocorrem trimestralmente) há um revezamento de partidos e países mas o Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro, que é seu fundador e comandante, sempre esteve à frente desses encontros e é praticamente quem estabelece a pauta.

Então, na "Resolução de Manágua" o GT estabelece logo no item 1: "Reafirma a condenação do Foro de São Paulo e de todos os partidos que o integram, ao golpe de Estado contra o governo constitucional de Honduras". Ou seja, tudo o que ficar estabelecido, resolvido e deliberado durante o Encontro do FSP, será respaldado, com a assinatura, por todos os integrantes da criminosa organização. As demais deliberações desse encontro giram praticamente em torno dos mesmos temas já velhos conhecidos como o apoio incondicional a Zelaya e sua restituição ao governo, a condenação às "práticas retrógradas" do capitalismo no continente e a necessidade de se combatê-lo - ferozmente - para implantar o socialismo na região.

Dias depois, o site porta-voz das FARC, "ANNCOL" [1] publica um comunicado do Secretariado do Estado Maior Central das FARC condenando o "golpe de Estado" em Honduras. Vejam o que diz em alguns trechos: "Desde as montanhas rebeldes da Colômbia, nos somamos ao concerto de vozes que rechaçam o golpe militar contra o governo do presidente Zelaya em Honduras". (...) "As FARC (...) chama os povos e governos progressistas da América de Bolívar a cerrar fileiras...". Ora, com que autoridade ou moral esses terroristas assassinos podem condenar quem quer que seja, quando eles mesmos advogam por um golpe de Estado na Colômbia para criar um "governo provisório" estabelecido por eles até a tomada definitiva do poder, constante de seu "Plano Estratégico"? Do mesmo modo se comportaram a OEA, a ONU, a ALBA e finalmente a UNASUL, além de todos os governos comunistas do mundo inteiro - com Lula e Chávez encabeçando a patifaria.

Esperei até hoje pela publicação das "resoluções finais" do XV Encontro do FSP no México, mas ainda não publicaram. Entretanto, dentre alguns sites foi possível conseguir alguma informação sobre o que foi deliberado. Além do massivo repúdio ao novo governo de Honduras, condenou-se também o acordo militar entre os governos da Colômbia e Estados Unidos, ao qual chamam de "bases militares estadunidenses" na Colômbia. O erro não é por desconhecimento, mas proposital, assim como a ingerência nos assuntos internos da Colômbia que, até onde se sabe, ainda é soberana para decidir com quem faz seus acordos, sejam militares, econômicos ou de outra natureza. Não encontrei também nenhum comunicado das FARC, que continuam membros ativos do FSP, talvez para não se exporem mais do que o que estão revelando os computadores de Raúl Reyes mas um dia isto aparece; é só ter paciência.

Embora o falsíssimo Lula da Silva tenha dito ao presidente Uribe que a Colômbia é soberana para fazer aquilo que melhor lhe convier, por trás respalda a ofensiva desatada desde o FSP (lembrem-se que todos os membros assinam as resoluções, portanto, concordam integralmente com o teor das mesmas) que afirma ser "um atentado à soberania colombiana, uma ameaça direta aos países vizinhos e à estabilidade e convivência pacífica de toda a América Latina e Caribe" a presença desses militares norte-americanos na Colômbia.

Ainda como resolução deste mesmo Foro um concerto para delinqüir: na reunião da UNASUL (outra sucursal do FSP) marcada para amanhã em Bariloche, com todos os presidentes deste organismo mais o presidente Uribe, organizações sindicais planejam uma manifestação - que já sabemos como será - em rechaço às "bases militares" dos Estados Unidos na Colômbia. Segundo a Coordenadora das Centrais Sindicais da Argentina, espera-se que essa cúpula "aprove uma condenação muito firme à presença militar estadunidense e com a mesma força e veemência renovamos nossa condenação ao golpe de Estado em Honduras". Quanto à condenação e sabatina a Chávez por seus acordos militares e cessão de bases militares venezuelanas a russos, nem um pio! Tampouco à intromissão de agentes cubanos (mais de 20.000, segundo me informou um amigo venezuelano) não só na vida dos cidadãos como na administração governamental da Venezuela. Chávez pode; ele é camarada!


Então, por questão de espaço não é possível detalhar mais sobre estes dois acontecimentos que vêm movimentando e assombrando os bandos comunistas das FARC, Foro de São Paulo, ALBA, UNASUL, OEA, ONU, Comissão Interamericana de Direitos Humanos - todos farinha do mesmo saco -, que ficam para um próximo artigo onde, quiçá, eu já tenha as resoluções finais do XV Encontro. Entretanto, toda essa ira desatada contra Uribe tem uma razão muito simples que pode ser apreciada neste excelente artigo do Heitor De Paola, intitulado: "Por que o medo das bases americanas na Colômbia?"

Nota:

[1] A ANNCOL - Agencia de Noticias Nueva Colombia - encontra-se fora do ar há vários dias, assim como o site das FARC que estava acessível até a semana passada.

Artigo escrito originalmente para o "Jornal Inconfidência", de Belo Horizonte.

Nenhum comentário: