Mídia Sem Máscara
| 22 Agosto 2009
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
Recorde a posição oficial do governo brasileiro no caso do acampamento das Farc descoberto em território equatoriano. Uribe mandou bomba e matou um chefão do bando. Lula protestou enfaticamente... contra Uribe e a favor das Farc. Amigo que é amigo demonstra solidariedade em qualquer ocasião.
Ao mesmo tempo
Você provavelmente não conhece essa entidade, mas ela funciona há duas décadas e seus integrantes comandam hoje quase todos os países latino-americanos. O Foro de São Paulo foi criado por Fidel Castro e Lula, em 1990, com a meta de recuperar na América Latina o que havia sido perdido com o desmoronamento da União Soviética. Os partidos de esquerda da região tinham agora uma assembléia para traçar estratégias de alcance continental. O sucesso é inegável: Hugo Chávez, Rafael Correa, Daniel Ortega, Evo Morales e o próprio Lula estão aí para confirmar.
Além de partidos legalizados de diversos países, participam do Foro o Exército de Libertação Nacional (ELN) e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional de El Salvador e similares. Grupos envolvidos com seqüestro, tortura e assassinato e sustentados pelo narcotráfico. Grupos terroristas.
Em setembro de 2003, o presidente colombiano Álvaro Uribe enviou uma carta a Lula solicitando ao governo brasileiro que designasse formalmente as FARC como organização terrorista. Lula ficou calado. Para o nosso presidente e seus homens no Itamaraty, cativeiros na selva e atentados a bomba são procedimentos aceitáveis na luta política. Recorde a posição oficial do governo brasileiro no caso do acampamento das Farc descoberto em território equatoriano. Uribe mandou bomba e matou um chefão do bando. Lula protestou enfaticamente... contra Uribe e a favor das Farc. Amigo que é amigo demonstra solidariedade em qualquer ocasião.
Esses são os fatos. No entanto, se um extraterrestre pousasse no Brasil e ouvisse as graves advertências dos nossos intelectuais de esquerda a respeito do acordo firmado entre a Colômbia e os Estados Unidos, ele decerto voltaria ao seu planeta em busca de segurança, porque parece que nosso território está prestes a ser invadido por marines armados até os dentes (supondo que fosse um extraterrestre de poucos recursos bélicos). O discurso de Chávez vem sendo reproduzido fielmente por articulistas, professores universitários, analistas de observatórios, cientistas sociais - em suma, os "especialistas" deste país tão cheio deles. Os mesmos especialistas que passaram duas décadas omitindo e desconversando a existência do Foro de São Paulo e sua influência sobre a política do continente. Sobre isso, nenhum artigo, nenhum editorial, nenhum simpósio, nenhuma pesquisa de opinião, nenhuma consulta aos observatórios... Nada.
É um comportamento curioso. Por que esses sujeitos agem assim? Porque estão do lado da revolução a qualquer custo, da tortura e do extermínio dos desgraçados que atrapalharem a marcha para o socialismo. O longo silêncio deles diante da aliança entre o PT e o narcoterrorismo fala mais alto que qualquer histeria antiamericana.
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Também recomendo a entrevista dada pelo finado Raúl Reyes à Folha, em 2003, em que ele conta, entre outras coisas, quem são os agentes no Brasil:
Folha de S.Paulo - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?
Reyes - As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.
Folha de S.Paulo - O sr. pode nomear as mais importantes?
Reyes - Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...
Folha de S.Paulo - Quais intelectuais?
Reyes - [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros.
Bruno Pontes é jornalista. http://brunopontes.blogspot.com
Artigo publicado no jornal O Estado.
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