sexta-feira, 29 de abril de 2011

Carta aberta a EFE

Mídia Sem Máscara

Indira Ramírez de Peña Esclusa | 28 Abril 2011
Media Watch - Outros

Meu esposo foi vítima das piores canalhices na história jurídica da Venezuela e queria que os senhores manuseassem a informação que assim o demonstra.

Senhores,

Agência EFE

Caracas.

Estimados senhores,

Li com grande interesse a matéria de EFE intitulada "Esposa pede ajuda médica para um opositor venezuelano acusado de ter explosivos".

Escrevo-lhes para lhes fazer chegar algumas precisões às quais estou certa de que serão de seu interesse:

1. Alejandro Peña Esclusa leva mais de dezesseis anos denunciando verbal e judicialmente os nexos de Hugo Chávez com as FARC. Por esse motivo, o governo venezuelano levou a cabo uma feroz campanha de desprestígio contra ele, acusando-o não só de "radical" e de "agente da CIA", como - por incrível que pareça - de organizar atentados contra o Papa João Paulo II, o ex-presidente norte-americano Ronald Reagan, o presidente Evo Morales e o próprio Chávez, porém sem apresentar prova alguma.

A campanha de desprestígio inclui o pagamento de mercenários internautas para divulgar calúnias, falsear portais como Wikipedia, redigir notícias falsas, etc.

2. Em 2 de setembro de 2009, nove meses antes de sua detenção, meu esposo viajou a Washington e denunciou pessoalmente ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a perseguição da qual é objeto.

O documento, identificado pela CIDH com o número P-1089-09, diz textualmente: "O cidadão venezuelano, Alejandro Peña Esclusa, nascido em 3 de julho de 1954, com número de identidade 3.753.933, passaporte venezuelano D0640576, presidente da plataforma de ONGs, UnoAmérica, vem sendo objeto da mais cruenta perseguição judicial na Venezuela".

3. Quando o presumido terrorista salvadorenho foi detido na Venezuela, em 1 de julho de 2010, meu esposo encontrava-se convalescente de uma intervenção cirúrgica (câncer de próstata) e, portanto, estava fisicamente incapacitado para realizar as ações que supostamente Chávez Abarca lhe atribuiu.

Queria ressaltar a palavra "supostamente" porque - incrivelmente - as declarações do salvadorenho não estão consignadas no processo; a única coisa que existe é um informe policial elaborado pelo delegado chavista David Colmenares, sobre o que supostamente Chávez Abarca declarou (ver (http://fuerzasolidaria.org/wp-content/uploads/2011/02/DeclaracionDeDavidColmenares.pdf).

4. Em 10 de julho de 2010, Alejandro gravou um vídeo advertindo sobre uma montagem contra ele para detê-lo (http://www.youtube.com/watch?v=Rwb0BzypRiI). No dia seguinte, o semanário La Razón advertiu de que nas próximas horas nossa casa seria invadida pelo SEBIN.

Na hipótese negada de que meu esposo tivesse explosivos guardados, ele não os teria deixado em nossa casa depois de tais advertências e muito menos na escrivaninha de nossa filha de oito anos.

Vale a pela ressaltar que quem coordenou a invasão à nossa casa (e ordenou a "plantação" dos explosivos), é o mesmo funcionário que elaborou o informe policial acima assinalado: David Colmenares, a quem acusamos de estar por trás da montagem contra meu esposo.

Se desejam saber mais sobre o caso, podem fazê-lo lendo o informe disponível em http://fuerzasolidaria.org/?p=4073.

Para uma resenha sobre quem é e o que fez Alejandro Peña Esclusa, podem fazer click aqui: http://fuerzasolidaria.org/?p=3375.

Estou às ordens para manter uma reunião com os senhores, para aprofundar sobre os temas aqui expostos. Meu esposo foi vítima das piores canalhices na história jurídica da Venezuela e queria que os senhores manuseassem a informação que assim o demonstra.

Sem outro particular a que fazer referência, aproveito para fazer-lhes chegar uma cordial saudação.

Muito atenciosamente,

Indira Ramírez de Peña Esclusa

Colégio Nacional de Jornalistas da Venezuela, número 16.601



Tradução: Graça Salgueiro

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