Mídia Sem Máscara
| 09 Abril 2011
Artigos - Educação
O alcance desta experiência pode ser devastador para almas ingênuas e bem-intencionadas, uma vez que o que está por detrás das cortinas deste malévolo show lhes é ocultado.
O amigo Eric M. Rabello é um atento e prestimoso leitor que nos traz uma grave denúncia sobre mais uma descarada doutrinação ideológica escolar, sob a forma de uma melíflua dinâmica interdisciplinar produzida pelo MEC - TV Escola, elaborada com base em um documentário intitulado "A Nova Ordem Mundial", que propõe comparações entre os insetos que vivem em colônias e os seres humanos. Peço ao leitor que assista ao vídeo e leia atentamente o programa de aula, que jaz disponível nesta mesma página, em arquivo PDF, como requisito para entender sobre o que este artigo pretende informar.
Assim ele (Eric) se expõe em um e-mail que me enviou recentemente, que retransmito aqui por sua cristalina lucidez:
"Quando li pela primeira vez um artigo de sua autoria não pude permanecer neutro, enviei um e-mail exaltando a raridade daqueles parágrafos; expunham com clareza que assim como os patifes ganham público com a sedução, em substituição a argumentação, um diploma selado pelo MEC dispensa conhecimentos teóricos ou práticos. Depois tratei de ler seus artigos anteriores, aguardar aos novos e não encaminhar outros e-mails, afinal, a cada leitura a qualidade era igual ou superior. Então por qual motivo escrevo novamente? Calma, Klauber. A razão é merecedora de um novo parágrafo.
Tenho o hábito de pesquisar páginas da web pertencentes a ONGs, partidos políticos e governamentais. Hoje ao acessar o site "TV Escola MEC", encontrei uma sugestão de trabalho escolar intitulada "A nova ordem mundial"; se a denominação honorífica nos deixa surpresos, o conteúdo deixaria Aldous Huxley e seus leitores pasmos. Como não quero e não tenho a capacidade de superar o MEC, transcrevo a sinopse do axioma do comunismo:
'O documentário nos mostra a incrível organização dos insetos sociais. Formigas, abelhas e cupins são exemplos de seres que vivem para o grupo - Cada um faz a sua parte em benefício da comunidade. O documentário é uma boa oportunidade de discutir as comparações que com freqüência são feitas entre os grupos de insetos e humanos. O trabalho interdisciplinar parte dos insetos e discute as formas de organização do trabalho dos homens.''
Se dependermos do MEC, no "admirável mundo novo" nossos filhos deixarão de ter o tratamento de gado, serão as larvas da nossa colônia.'"
Por uma questão de franca humildade, o amigo Eric afirma que não tem a capacidade de superar o MEC. Não vou contradizê-lo com relação ao poder de que desfruta esta mega organização estatal, eis que também eu mesmo sou apenas mais um sabiá com água no bico a tentar apagar o fogo na floresta. Mas, Eric, tanto você quanto eu e as demais pessoas que nos lêem e se indignam com as iniciativas totalitaristas do estado são muito superiores em moral e honestidade. Resta-nos, pois, ter fé em Deus e perseverar. Uma coisa te digo: já foi-se o dia em que era tão fácil mentir. Hoje uma plêiade de bons brasileiros tem andado a desmascarar estes embusteiros e a incomodá-los um bocado.
A verdade mais nua e crua é que os comunistas, esquerdistas e coletivistas em geral invejam as sociedades das abelhas e das formigas, justamente como elas são, e almejam-nas para emular o seu formato na sociedade humana. O fato de que o apresentador do programa lastime a falta de mobilidade social na organização natural destes insetos serve apenas como um despiste retórico para que a aceitação do principal - a organização social planejada desde cima - seja aceita sem maiores resistências por parte das pessoas mais desarmadas - especialmente as crianças, a quem confiamos todos os dias ao encaminhá-las à escola.
Aliás, com um requinte de malícia, habilmente os doutrinadores ideológicos livram-se deste incômodo detalhe, atribuindo-o ao justamente sistema capitalista ("acuse-os do que você faz!"), por meio do estabelecimento de um paralelo entre as comunidades dos insetos e os modelos de engenharia de produção taylorista, fordista e toyotista, com a finalidade de pretender demonstrar desta forma a validade da teoria da alienação marxista. Veja o leitor como isto acontece, segundo este trecho do roteiro:
"O professor de Sociologia pode enfatizar no documentário a cena que mostra o sistema de castas dos cupins", com operários especializados para desenvolver diferentes tarefas, de acordo com as características físicas dos seus dos corpos, em uma perspectiva de comparação com a linha de montagem desenvolvida no fordismo. De fato, no documentário o trabalho aparece como princípio de organização fundamental que caracteriza o comportamento dos insetos, em comparação com as organizações humanas. Inclusive a divisão do trabalho é descrita como "o segredo do sucesso dos insetos sociais". Mas sucesso para qual casta? Para qual classe? A sequência do filme de Chaplin também nos conduz a tal dimensão crítica e reflexiva". (destaques nossos)
O ardil consiste no seguinte: As linhas de produção criadas por Frederick Winslow Taylor e depois aprimoradas por Henry Ford (Ford) e W. Edwards Deming (Toyota) são apenas arrumações técnicas de um modo de produção interno de uma linha de produção. Estas pessoas, conquanto brilhantes por aprimorar o processo de produção, jamais exerceram o lugar de legítimos pensadores liberais quanto ao desenvolvimento de uma teoria capitalista da especialização de funções. Neste caso, o minimamente honesto por parte dos tendenciosos demagogos, isto, é, "pedagogos", que elaboraram este projeto de aula, seria apresentar as teorias das vantagens comparativas absolutas de Adam Smith e David Ricardo, bem como as lúcidas lições dos austríacos como Carl Menger e Ludwig von Mises, os quais demonstram que a especialização de atividades e as trocas mutuamente benéficas - o comércio - proporcionam, incontestavelmente, uma significativa melhoria do bem-estar geral, quando comparadas com o modo autárquico de produção (cada um produzindo por si mesmo as coisas que necessita.)
Porém, isto não é tudo! Este roteiro de doutrinação ideológica travestido de um inocente projeto de aula ainda abusa psicologicamente das crianças, utilizando a chantagem emocional como ferramenta de trabalho. No mesmo roteiro, uma dinâmica promovida pelo professor consiste em uma simulação com as crianças de uma fábrica de sanduíches, com três linhas de produção distintas, cada uma com uma produtividade diferente.
São dois os objetivos desta experiência: a primeira é artificialmente frustrar os jovens, os quais pensam inicialmente que participam de um lanche coletivo, mas que ao fim dos trabalhos, o professor anuncia-lhes que terão de comprá-los; e o segundo é demonstrar que uma maior produtividade não redunda necessariamente em ganhos para os que participaram da linha de produção mais produtiva, eis que apenas lhes sobrou mais cansaço físico.
Ambas as propostas, obviamente, seguem à risca o propósito de tentar validar as teorias marxistas da propriedade privada como um instituto do roubo da mão-de-obra, da mais-valia e da exploração do trabalho. Claro, o alcance desta experiência pode ser devastador para almas ingênuas e bem-intencionadas, uma vez que o que está por detrás das cortinas deste malévolo show lhes é ocultado, a começar pelo fato de que a frustração dos jovens quanto aos sanduíches que não vão desfrutar é resultante da falsa expectativa advinda do fato de que estão sendo induzidos ao erro, ao passo que um operário começa desde o primeiro dia a trabalhar consciente da parte que lhe cabe, graças à celebração do contrato. Além disso, o operário não entra com capital no processo de produção, mas apenas com o seu corpo, e é isto o que ele está, enfim, vendendo; Por outro lado, a produtividade, tem sido, sim, um fator importantíssimo para que os salários tivessem recebido um progressivo incremento no seu poder de compra, e a prova mais cabal disso está no invejável padrão de vida das nações mais capitalistas e industrializadas.
Quanto à teoria da mais valia, oportunamente recomendo ler o excelente texto de Wladimir Kraus, Porque a ideia de que o capitalista explora o trabalhador é inerentemente falsa. Em suma, ele não possui as instalações, nem as ferramentas, nem adquire os materiais, nem projeta e desenvolve o bem, nem o produz inteiramente, nem o vende e distribui, nem faz propaganda, nem espera receber por ele, e enfim, nem divide com o empresário o risco do empreendimento. Ao fim do mês ou da semana, espera receber o seu salário, independentemente de que o seu patrão tenha faturado com as vendas. Aliás, quanto a este aspecto, não há muito tempo atrás, uma notícia amplamente divulgada pelos meios televisivos divulgou que uma fábrica andou pagando os seus funcionários com as próprias mercadorias, a saber, sapatos, fato que os empregados consideraram muito ruim, porque além do trabalho normal, agora eles teriam de vender os sapatos e esperar receber por eles.
Não tenho nada contra os professores apresentarem as teorias marxistas, desde que o façam com verdadeira isenção e honestidade. Até hoje, jamais vi isto acontecer. Basta lembrarmos que o próprio embusteiro alemão já mentia compulsivamente, tendo fraudado os "blue books", os anuários estatísticos do parlamento britânico, como forma de demonstrar que o padrão de vida dos operários ingleses estava definhando, quando na verdade eles estavam prosperando como nunca antes em sua história. É a isto que se resume um trabalho de doutrinação ideológica: em mentiras e ocultações, e este projeto de aula do MEC - TV Escola, é mais um.
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